Wallace17 14/01/2021
"A educação destrói mitos"
Pedagogia do Oprimido é um ensaio divido em quatro capítulos. No primeiro capítulo, Paulo Freire justifica a pedagogia do oprimido, realizando análises das relações entre os opressores e os oprimidos. Ele lança uma série de argumentos estruturantes que explicam a nocividade do domínio opressor sobre o oprimido. Se o sonho do oprimido é ser o opressor, logo estaríamos fadados ao fracasso, pois continuaríamos mantendo o status quo do opressor. Neste sentindo, o autor propõe a educação libertadora como ferramenta de transformação social. Problematizando o mundo, os educadores-educandos encontram meios de vencer a "realidade" do opressor. Portanto, somente por meio de uma práxis de ação/diálogo permanente seria capaz de promover uma educação de seres pensantes e donos de sua própria palavra. No segundo capítulo, Freire explica o que seria a concepção "bancária" da educação. Chorei, porque lembrei do tipo de educação que tive na escola pública. Professores e funcionários autoritários, que despejavam um monte de conteúdos e regras. Naquela a lógica era copiar lição da lousa e ponto final. Uma educação baseados em depósitos de informações desconexas. No capítulo 3, Freire questiona esse modelo e diz que só possível uma educação libertadora, quando educador-educando alternam os papéis no ensino-aprendizagem por meio do diálogo. Dialogicidade comprometida com a superação dos sistemas opressores. Outro ponto importante é quando Freire cita os temas geradores. Estes seriam uma investigação do universo semântico dos educandos. Me recordo novamente da escola. Numa aula de português nos fora pedido para que lêssemos Clarisse Lispector. Uma autora importante da nossa literatura, porém com pouco alcance dos meus colegas e eu. Lembro que só 4 pessoas conseguiram fazer o resumo do (não tinha google naquela época 😢). Isso bem na época que Diário de um Detento, dos Racionais era a música do momento nas quebradas. A letra nos era acessível, mas nunca tocamos no assunto. Qual seria a aderência dos estudantes, caso fosse o Diário de um Detento a lição de casa. Por fim, no quarto capítulo, Freire apresenta a teoria da ação antidialógica e dialógica. "Para dominar, o dominador não tem outro caminho senão negar às massas populares a práxis verdadeira. Negar-lhes o direito de dizer sua palavra, de pensar certo". Para isso os opressores usam mecanismos de dominação. A conquista, a divisão, a manipulação e a invasão cultural para perpetuarem o que Freire chama de fecundação necrófila, ou seja a morte em vida dos oprimidos. Sem falar na repressão violenta que sempre marcou a história autoritária do Brasil. Em contrapartida, a teoria dialógica é o antídoto/tratamento para combater a antidialógica. Freire nos explica que nesta perspectiva, a co-laboração, a união, a organização e a síntese cultural seriam determinantes no processo emancipatório de uma pedagogia pensada, feita com e para os povos. Um livro incrível, já entrou na seleção de livros da minha vida. Recomendo que Leiam Paulo Freire sem moderação!