Tatiane Buendía Mantovani 19/03/2017
Já faz um tempo que a Sofia, de oito anos, me enche o saco com esse jogo. Virou uma febre para ela, ela fica assistindo a vídeos no youtube com teorias, histórias e explicações sobre as entrelinhas deste jogo, que - diz ela - foi desenvolvido baseado em um fato real: em 2014, houve um assassinato em uma pizzaria nos EUA, chamada Chucky Cheese, onde morreu meio mundo, que ficou assombrando o local. Sobre o jogo, eu não joguei, mas meu marido jogou pra conhecer e ele disse que é bobinho, daqueles onde o jogador tem de ficar se escondendo e a todo momento aparecem coisas da escuridão (junto com a um adequado efeito sonoro) para dar um susto daqueles. Mas o jogador não é "ativo", não mata ninguém, por exemplo.
Saiu o livro e eu achei uma boa dar uma lida antes dela, afinal, é terror, e acho que ela vai querer ler...
Sobre a história: um grupo de adolescentes volta à cidadezinha natal dez anos após acontecimentos trágicos. Esta volta é cheia de flashbacks (terrivelmente lentos) onde a história passada é revelada bem L-E-N-T-A-M-E-N-T-E. Quando se juntam, resolvem visitar o cenário do acontecimento traumático anterior, uma pizzaria chamada Freddy's Fazbear onde, dez anos antes, desapareceram diversas crianças. A pizzaria era propriedade do pai de uma destas adolescentes, Charlie, então para ela é bem mais difícil ir até lá do que para os outros. O pai dela construía bonecos robôs para animá-la e distraí-la da ausência do irmão. A infância de Charlie foi cercada de animais robóticos, Freddy o Urso, Bonnie, o Coelho, Chica, a Galinha, Foxy, a raposa pirata... e na pizzaria, o pai de Charlie utilizava estes animais para animar também as crianças, público alvo do local. Animais animatrônicos que cantavam e dançavam e alegravam.
Ao chegarem lá,no presente, há um repeteco dos acontecimentos passados, tocando o terror na vida deles - a começar pelo fato de que os animatrônicos continuavam por lá, empoeirados e desmatelados, porém, ainda "vivos"... e mostrando que o mal nunca morre.
Buenos, a história é interessante. É um terror juvenil. Não é muito explícito ou angustiante, mas acho que é sob medida para a garotadinha que curte o jogo. A história lida com questões complexas, como luto, medo, a violência e amizade, o final lembra um pouco um episódio de Scooby Doo. Mas a narrativa não é muito envolvente. Extremamente descritiva, descreve o mesmo local milhões de vezes, fica meio cansativo. E a escolha dos autores de revelar o passado por meio de flashbacks, não caiu muito bem (pra mim). A personagem principal passa metade do livro como se tivesse amnésia (isso em um livro de suspense é uma bosta), o autor não demonstra respeito com o leitor fornecendo elementos para que a gente fique um pé a frente dela, então tem hora que a gente se sente meio lento também - rs
Enfim, é um livro legal, mas as falhas na narrativa demonstram bem o seu público alvo.
E livros juvenis continuam não sendo minha praia.