O leitor

O leitor Bernhard Schlink




Resenhas - O Leitor


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Alice 29/08/2018

O autor me incomodou com sua escrita cheia de "nuances" e uma pseudo profundidade que me sou bem superficial. Mas gostei da história em si, o filme me fez querer ler e devo dizer que foi perfeitamente adaptada.
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Paulo Sousa 22/05/2018

O leitor, de Bernhard Schlink
Lista #1001livrosparalerantesdemorrer
Livro lido 6°/Mai//28°/2018
Título: O leitor
Título original: Der Vorleser
Autor: Bernhard Schlink (Alemanha)
Tradução: Pedro Süssekind
Editora: @grupoeditorialrecord
Ano de lançamento: 1995
Ano desta edição: 2014
Páginas: 240
Classificação: ??????
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"Não é preciso contar, porque a verdade do que se conta está no modo como se é" (Posição no Kindle 1727/79%).
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Michel Berg tem 15 anos. É estudante na Alemanha na primeira metade dos anos 40 e, num dia em que percebe que está bastante doente, sua vida muda para sempre...
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Ajudado por uma desconhecida, uma mulher mais velha, que mais tarde vem a saber seu nome, Hana Schimitz, Michel se apaixonada perdidamente por ela, com quem mantém um tórrido romance que durou uma estação. A relação é marcada, sobretudo, por pequenos gestos e rituais: a leitura de clássicos de Tolstói, Goethe e Tchekov precede os encontros. Isso até o súbito desaparecimento de Hanna, para desespero do imberbe rapaz.
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Para quem se aventurar nas páginas de O leitor, do jurista e escritor alemão Bernhard Schlink (bem como ao filme baseado no livro, que igualmente gostei muito!) não pense que vai encontrar um romance apenas, com começo, meio e fim. Mas um história embargada de lirismo, onde são entremeados metáforas, analogias e aforismos. Os capítulos são curtos, a história é fluida, apesar de em vários momentos seja necessário ao leitor parar para uma reflexão mais demorada..
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Muito mais que um mero romance entre um jovem estudante e uma mulher madura, o livro mostra o dilema de um homem que briga consigo mesmo entre a ideia que tem da mulher que ama (aquilo que viveu), com aquilo que a mesma mulher tem de explicar e pelo qual está sendo acusada. E, apesar de passados os anos, a dureza do hiato - simbólico e real - que os separaram, Michel percebe que se perdeu, que sua vida se estagnou desde o verão quando Hanna sem explicação alguma o abandona, e ali é criada toda uma saga sem explicação e sem fim para entender até que ponto foi devastado pela simples ideia da existência de Hanna em sua vida. Daí voltar sempre ao passado, trazer à baila aquela figura, revista com seus cheiros, manias e incompletudes.
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O livro ainda tem um alto nível de engajamento político, tocando numa ferida perigora: abarca o julgamento de algumas mulheres que trabalharam ativamente para a SS nazista. E este ponto, um dos altos do romance, é uma bela aula de jurisprudência contra as atrocidades que todos sabemos o Reich praticou, num dos mais horrendos episódios contra a vida humana, no talvez mais obscuro capítulo da história humana: o campo de concentração nazista.
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Sem dúvida, Bernhard Schlink nos lega um romance completo em tudo, seja na dose de emoção e perda vividos por Berg e Schmitz, seja na culpa e lassidão legados por essa experiência, principalmente para Michel, seja na habilidade do autor em tratar de um tema tão nevrálgico, ainda hoje.
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Lari 21/03/2018

Breve Resumo
Se resume em três partes direta
1 o envolvimento amoroso entre os dois,
2 ao julgamento do crime e revelação (ele descobre) o segredo dela
3 o final, o futuro e a importância da leitura.

Gostei do livro, mas achei ele muito curto, fiquei a procura de uma continuação. Leia (disponível no wattpad) e assista o filme (disponível no YouTube)
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DaniM 04/01/2018

livro no qual se baseou o incrível filme homônimo com Kate Winslet e Ralph Fiennes. Uma leitura fluida de um drama complexo. Na Alemanha pós-guerra, a narrativa de um romance entre um adolescente e uma mulher mais velha acaba por nos levar a um profundo mergulho na natureza humana e na humanidade daqueles que tomaram parte no holocausto como algozes.

“Mas despertar de um pesadelo nem sempre significa alívio. Pode mesmo acontecer que, ao despertarmos, nos apercebamos de quão terrível era o que se sonhou, de que o sonho nos revelou uma pavorosa verdade.”


site: https://www.instagram.com/danimansur/
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Pitch Literário 24/08/2017

De uma história para a outra
Escrito por Bernhard Schlink em 1995, “O Leitor” traz uma leitura simples e intrigante do começo ao fim. O livro conta através do olhar de Michel, um romance cheio de significados que havia vivido em sua adolescência, onde na sua maturidade se encontra sem caminho quando vê sua amada envolvida com um dos eventos, senão o mais macabro da humanidade: A Segunda Guerra Mundial.
Saiba mais no blog!

site: http://www.bloglequiche.com/2017/08/resenha-o-leitor-bernhard-schlink.html
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Louie 20/08/2017

Lido #23/2017
Lindo! Já entrou pros meus favoritos! *-*

Quem nos conta a história é Michael Berg. Ele vive na Alemanha logo após a Segunda Guerra Mundial. Quando tem 15 anos, Michael conhece uma mulher quando passa mal na rua e é ajudado por ela. Eles começam então um relacionamento amoroso, com seus altos e baixos marcados pelo temperamento estranho de Hanna e sua personalidade misteriosa, um pouco fria, distante. Eles seguem um ritual, todas as tardes depois da escola: na casa dela, Michael lê em voz alta para ela, ela dá-lhe um banho, eles se amam e depois ficam deitados juntos. Isso se repete diariamente, até o dia em que Hanna vai embora sem avisar, sem nem se despedir, o que deixa uma ferida muito grande no garoto.
Anos mais tarde, na faculdade de direito, Michael é levado por um professor à acompanhar um julgamento e uma das acusadas de crimes de guerra é Hanna. O rapaz descobre então seu segredo e se vê dividido entre salvar Hanna de uma condenação injusta e expor um segredo que ela prefere esconder à preço de sua própria liberdade.

Eu gostei muito do livro, achei muito sensível. Eu já havia visto o filme uns dias antes, o que me ajudou a imaginar os cenários e pessoas (sou ruim com isso). rs
Ele é dividido em três partes, que acabei associando com três coisas que me encantam: a primeira foca no romance dos dois, e é a parte mais poética e singela do livro; a segunda fala da guerra e dos dilemas que a geração seguinte à ela enfrenta, no que diz respeito ao seu dever moral e ético para com as atrocidades cometidas pela geração anterior; e a terceira parte mostra a importância dos livros e da leitura na vida das pessoas.
Uma história triste, no geral, e comovente.

Louise Lau

site: facebook.com/vaiumlivro
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Bruno Freitas 27/03/2017

O Leitor – Bernhard Schilink
Antes de começar a resenha desse livro, já vou recomendar a obra logo de cara, porque ela traz em suas páginas uma história sensível e tocante e aborda um problema ainda muito comum nos dias de hoje, mas que pode ser um tanto constrangedor para quem o enfrenta. Vou ocultar o que é, para não estragar o prazer da leitura e porque isso também é mantido em segredo pelo autor do livro, sendo revelado apenas nos últimos capítulos.

O Leitor foi escrito por Bernhard Schlink em 1995 e é um dos best-sellers da literatura alemã. A obra conta a história de Michael Berg, um garoto de apenas 15 anos que conhece e acaba se envolvendo amorosamente com Hanna, 21 anos mais velha que ele. A delicada relação dos dois é mantida em segredo por Michael, que descobre o sexo e a literatura. Isso porque, durante os encontros às escondidas no apartamento de Hanna, ela pede que o jovem leia em voz alta clássicos da literatura mundial como Tolstói, Dickens e Goethe, antes que os dois tenham relações sexuais.

Ao longo do verão, o casal repete esses rituais, mas Michael sempre sabe muito pouco da misteriosa amante – e tão pouco sobre ela também é revelado ao leitor. O livro é dividido em três partes e, no final da primeira, Hanna desaparece de forma súbita, deixando Michael desolado, acreditando que nunca mais irá vê-la. Contudo, anos mais tarde (na segunda parte do livro), ele, então estudante de direito, acompanha um julgamento contra criminosos do regime nazista e, para sua surpresa, descobre que uma das acusadas do banco dos réus é sua antiga amante, Hanna.

Até aí o livro pode até parecer tratar de um amor proibido entre um jovem e uma mulher mais velha, mas na sala do júri Michael descobre, junto com o leitor, o passado de Hanna e outros detalhes que são essenciais para a construção da história. Hanna esconde um segredo, que para ela é mais grave que a própria acusação de diversos homicídios.

O livro é cheio de nomes de cidadãos e cidades alemãs, o que pode até ser difícil de guardar na cabeça, mas isso não interfere na trama principal. A publicação tem como pano de fundo a Alemanha após o fim da Segunda Guerra Mundial e apresenta ao leitor alguns detalhes desse confronto que marcou de forma trágica a história da humanidade. Porém, o enredo vai muito além disso e nos leva à reflexão sobre o problema enfrentado por Hanna.

Até a terceira parte da obra achei a leitura um pouco densa, mas acabei sendo surpreendido pelas revelações que justificam o drama pessoal da Hanna e classificando, assim, O Leitor como uma das minhas leituras favoritas. Na parte final, a obra apresenta Michael na fase adulta e descreve a maneira que ele encontrou para ajudar Hanna e o modo como ela mesma contorna o problema.

site: http://alemdacapa.com.br/index.php/2017/03/22/o-leitor-bernhard-schilink/
Debbie 10/07/2017minha estante
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Alinne.Spagnollo 11/08/2019minha estante
Agora aguçou minha curiosidade com essa revelação nos últimos capítulos! Ahhhhah




Tiago 24/03/2017

O LEITOR
A obra “O leitor”, do escritor alemão Bernhard Schlink, meche um pouco com uma questão, que a meu ver é bastante significativa, que é a superestimação do julgamento moral. A convenção humana mais falsamente aceita pela maioria esmagadora da população é a de que nossa sociedade funciona a partir de conceitos morais.
A obra é mundialmente conhecida e apreciada. Trata-se da historia de um adolescente chamado Michael Berg, de 16 anos, que se envolve casualmente em uma relação amorosa com Hanna Schmitz, uma mulher misteriosa de 36 anos. A relação dos dois segue uma rotina: todos os dias Michael sai mais cedo da escola e se dirige para a casa de Hanna. Lá os dois primeiramente tomam banho juntos, em seguida Michael lê um livro para Hanna e em seguida os dois fazem sexo.
Hanna é uma mulher bruta, sensual, forte, pouco carismática, mas ainda sim sedutora. Ela trabalha como cobradora de bondes mora sozinha em um pequeno apartamento na cidade de Neustadt, localizada na Alemanha ocidental. A historia se inicia no ano de 1958.
Um belo dia Hanna desaparece. Michael a reencontra anos mais tarde - ele como estudante de direito e ela como ré em um julgamento de crimes de guerra. Hanna havia servido durante a guerra em um campo de concentração. Ela havia sido integrante da SS – a força de elite nazista responsável pela guarda dos campos. Durante uma evacuação cerca de trezentas prisioneiras foram queimadas vivas dentro de uma igreja durante um bombardeio. As guardas optaram por deixar as prisioneiras trancadas dentro da igreja em chamas para evitarem que escapassem. Entre essas guardas estava Hanna.
Este texto não é um resumo do enredo de “O leitor”. Trata-se de uma avaliação critica que surgiu após o termino da leitura. Hanna possui um segredo que explica a natureza de seu comportamento. Obviamente que não direi qual é esse segredo. Não retirarei do leitor a emoção de descobri-lo sozinho.
A conscientização da importância da ética como ferramenta social obviamente representou um progresso no sentido em que deu aos indivíduos uma espécie de pluralidade de perspectiva social. Por outro lado essa incorporação de valores éticos naturalmente parece ter legitimado uma forma mais estúpida, e eu diria mais recorrente, de invocar valores morais no sentido de expor as falhas do outro.
Na excelente adaptação cinematográfica da obra, lançada em 2008 – com a vencedora do Oscar, Kate Winslet no papel de Hanna Schmitz, existe uma cena - que não existe no livro - onde a personagem de Hanna faz um comentário negativo sobre uma passagem da obra “O amante de Lady Chaterley”. O interessante é que ela vê a descrição bruta que o autor faz do ato sexual como algo repulsivo e vergonhoso, como se aquilo não fizesse parte da sua realidade. A própria personagem alimenta a hipocrisia social de condenar no outro aquilo que faz na sua intimidade. É como se a moral funciona-se como um escudo onde não apenas se espelha a “imoralidade” alheia, mas também se oculta à própria “imoralidade”.
A primeira questão polemica do texto é o relacionamento de Hanna com um garoto adolescente. Para a maioria dos leitores esse relacionamento desencadeia um processo de desconstrução do caráter de Hanna justamente porque explora, num primeiro momento, o julgamento moral de cada um. A imagem de uma pervertida sexual é logo invocada sem que se preocupe com uma avaliação mais criteriosa. Basicamente é aquela velha história de “a primeira impressão é a que fica”. Essa pré elaboração de uma opinião a partir de um único fato é tão forte que quando a personagem começa a ser julgada por crimes de guerra ela praticamente já foi condenada moralmente pela maioria dos leitores.
O julgamento que o leitor submete Hanna se encontra atrelado a uma avaliação moral do comportamento. A pratica precede a norma jurídica. O fato de se contar atualmente com leis que restringem o comportamento entre adultos e adolescentes para alem dos limites sexuais significa que esse tipo de relacionamento já existia no passado. A responsável por empurrar esse tipo de relação para a esfera do reprovável é a aceitação da ética.
Hanna Schmitz é a imagem daquilo que toda sociedade busca: um culpado. Sempre se buscam exemplos daquilo que se reprova como se o que é considerado certo só fosse plenamente compreendido se fosse confrontado com seu conceito antagônico. Ambivalência é a palavra que define hoje a construção de um conceito que não é considerado isoladamente, mas sempre em relação ao seu contrario. Um conceito é sempre aceito como uma unidade, mas sempre se expressa de forma dialética.
A idéia de distinção é muito forte num grupo social. Distinção por critérios econômicos, ideológicos, de raça, por ocupação ou de crença são costumes perenes. É natural, portanto, que nesse contexto surgi-se alguma forma de distinção pelo comportamento, que no caso do romance “O leitor” seria o envolvimento amoroso de uma mulher, já na casa dos trinta, com um adolescente.
Eu diria que o fato de Michael ter apenas 15 anos não é algo tão determinante para que se faça a condenação moral da personagem. O grau de repúdio seria o mesmo se ele tivesse 18 e ela 38 anos. A questão aqui é a diferença de idade e não a questão legal da relação. Esse incômodo social com relação à diferença de idade entre duas pessoas que se relacionam é nada mais que um exemplo claro de que coletivamente o que importa é uma avaliação quantitativa e não qualitativa do comportamento.
As pessoas estão tão acostumadas a atribuir valores a tudo que elas se esquecem que num relacionamento o que importa é a qualidade dessa relação e não fatores numéricos. Talvez seja por isso que existam tantos casamentos indo por água abaixo e tantos casais infelizes em sua união “moralmente adequada”. Talvez se nos permitíssemos abandonar o peso do julgamento moral isso de alguma forma nos liberta-se de pelo menos uma das inúmeras falhas que nós como seres humanos cometemos.
A figura de Hanna é tão predominante que em nenhum momento se questiona sobre o papel do próprio Michael naquele tipo de relação. É importante avaliar não apenas a relação em si, mas também o papel de cada uma das partes envolvidas. Em primeiro lugar trata-se de uma interação consensual, portanto, não se configura abuso. Em segundo não se pode caracterizar nenhum dos envolvidos como “criança”, portanto são pessoas perfeitamente conscientes do que fazem.
Se pensarmos, portanto, que numa sociedade de direito onde o julgamento moral e mais adotado que aquele estritamente legal, então o próprio Michael é tão culpado quanto Hanna, pois trata-se de um adolescente que embora não possa ser responsabilizado por suas atitudes ainda assim compreende as implicações das mesmas. Logo se age conscientemente contra a moral disseminada em seu meio é tão amoral quanto Hanna.
Talvez fosse muito mais valido questionar, por exemplo, que na maioria dos casos uma relação entre pessoas com uma diferença de idade muito grande acabe caminhando numa forma de interação muito superficial e basicamente resumida a satisfação sexual. A meu ver isto sim configura um aspecto negativo desse tipo de relação, claro que não do ponto de vista legal, mas porque se resume a uma troca que satisfaz mais que não beneficia nenhuma das partes.
Eu diria que as pessoas ainda não compreendem bem a diferença entre satisfação e beneficio. Uma relação não pode ser resumida a pura satisfação; algum grau de beneficio deve surgir. O beneficio a que me refiro não é material e sim abstrato, seja na forma de algum aprendizado como, por exemplo, aprender a aceitar as diferenças do outro ou perceber, mesmo que de forma dolorosa, que não somos capazes de satisfazer plenamente uma pessoa em todos os aspectos. Em algum ponto nos falhamos, por isso os relacionamentos são tão difíceis porque é através deles que enxergamos nossos limites.
A questão da culpa alemã é outro aspecto polemico trazido à tona pelo autor. O julgamento de crimes de guerra, que ocorre mais ou menos no meio do texto, coloca essa questão em debate. Surge o tema da importância de se punir os culpados. É claro que ninguém é favorável a impunidade. Quem sabe alguns nomes ligados a política o sejam, mas a grande maioria da população não é.
O regime nazista cometeu inúmeras atrocidades, não há duvidas quanto a isso. Ver um nazista no banco dos réus é quase como se a sentença já houvesse sido promulgada. O julgamento em si aparece como mera formalidade. Não hesitaríamos em nenhum momento em condenar um ex carrasco de Auschwitz. É por que não hesitaríamos? Porque nosso julgamento moral nos impede de olhar a questão de forma mais ampla.
O habito de julgar o comportamento do outro por meio de valores e crenças pessoais nos leva a extrapolar e generalizar os dados que um único fato pode fornecer. Trata-se de uma sistematização da suspeita: pega-se um fato e o julga de forma isolada, uma espécie de análise morfológica do comportamento. Algumas palavras são substantivos se observadas isoladamente, mas dentro de uma frase podem se tornar verbos, assim como um comportamento pode tanto significar um ato de extrema covardia como um ato inconsciente.
A maioria de nós se esconde atrás do escudo da moralidade sem que se permita enxergar que ela não é um recurso, mas o refugio para nossas fraquezas. O que é ser ético atualmente? É corresponder a expectativa social! É onde encontro espaço para minha espontaneidade diante disto? Devo seguir um caminho só porque ele carrega as marcas das pegadas dos outros? Sinto muito se esses grifos de percurso não me servem como guia. De que me serve seguir os mesmos caminhos sempre? Eles não possuem o prazer da descoberta, eles apenas levam ao mesmo destino de tantos outros.
O paradigma da moral é o que nos leva a cometer falhas quando ousamos julgar um tempo que não foi o nosso. O tempo passa e arrasta com ele as oportunidades de corrigir seus erros. Julgar o passado é impossível! Os mortos não querem justiça, eles querem paz. Justiça é algo que se busca em vida... depois de morto ela não significa mais nada.
Quando passamos a enxergar o predomínio da postura critica durante a leitura e posteriormente avaliamos nossa postura em retrospecto a imagem que temos é a de um julgamento constante, contra tudo e contra todos, e isso de alguma forma nos mostra que a história real, e não aquela fabricada por ideologias é aquela onde a culpa se dissemina por todas as camadas sociais, sem respeitar diferenças de idade, diferenças culturais ou de raça. No fim, de alguma forma, somos todos culpados.
Pessoalmente o comportamento privado das pessoas não me interessa. Confesso que talvez ele me intrigue, mas não me interessa assim como não acho que um comportamento sexual diferenciado possa servir como rotulo social ou como uma espécie de termômetro moral.
Erotismo é algo que não pode e nunca ira se alinhar com a moral coletiva. Isto porque o erotismo está fortemente relacionado à transgressão, a inversão radical do comportamento social. A nudez é algo quase fundamental no erotismo, mas não se pode simplesmente sair às ruas e ir ao trabalho sem roupas. A própria linguagem do ser social precisa ser polida, contida, clara. Já no erotismo a linguagem é obscena, bruta, vulgar. Não se pode avaliar socialmente o individuo a partir do que ele faz na sua privacidade.
O que torna o comportamento de Hanna incompreensível, não apenas em relação aos crimes, mas também quanto ao estilo de vida que ela abraçou e que obviamente cria muitos problemas para ela própria, é que sempre que analisamos um fato qualquer nós, por antecipação, aceitamos a idéia de que toda ação se fundamenta em um motivo. Basicamente é a analise que se constrói por meio da relação de causa e conseqüência. Analisar o nazismo por estes termos é algo comum, ainda que de pouca validade, pois não existem motivos para justificar a brutalidade do nazismo. Essa postura analítica praticamente define o comportamento de Hanna como inexplicável. Isso ocorre porque estabelecer uma conexão valida entre o motivo da ação e a ação propriamente dita não é uma tarefa simples. Primeiro porque ainda que cheguemos a uma conclusão ela será sempre passível de questionamentos; e segundo e que o conceito de motivo como fundamento da ação é falho.
A sociedade contemporânea possui inúmeros exemplos de que a ação é na maioria das vezes uma etapa para um objetivo, particular, que transcende aquilo que a ação afirma ter como meta. É comum vermos analfabetos políticos, por exemplo, no meio de manifestações políticas. Neste caso sua presença ali não ocorre por simpatia com as propostas de reivindicação, mas por algum motivo particular que foge da esfera da política.
Quanto à personagem Hanna o autor não fornece muitas informações sobre o seu passado, o que impede uma busca efetiva pelo real motivo de suas ações. Esse é um aspecto muito interessante do texto porque à medida que o autor se exime da responsabilidade de construir em detalhes o passado de seus personagens ele abre precedentes para uma serie de interpretações e conjecturas e isso promove um resgate constante do texto como elemento de debate nos grupos de leitura. Hanna parece ter sofrido algum tipo de violência sexual durante a guerra pois sua relação com Michael é de subordinação, quase que uma determinação em retratar o amor como algo tosco e descartável.
A obra possui um substrato tão amplo que é possível colocar em relevo até mesmo a questão da antinomia das leis, ou seja, da contradição das leis. A lei seria aplicável a todos com igual rigor. Na pratica não é bem assim. Essa falha da pretensão jurídica em julgar a todos com a mesma cartilha, a revelia das considerações individuais de cada caso, acaba promovendo uma injustiça justamente por aqueles encarregados de serem justos.
Uma serie de perguntas interessantes surgem após a leitura: Somos suficientemente instruídos acerca de um individuo a ponto de sermos capazes de julgar suas atitudes? O passado pode ser corretamente interpretado pelo presente? É possível corrigir o passado? É correto combater a crueldade com a injustiça?
Quando o segredo de Hanna finalmente é revelado alguns podem até questionar a relevância desse fato quanto aos crimes da acusada. Fica de fato muito difícil vislumbrar o impacto desse segredo no comportamento de Hanna se você não for capaz de considerar os inúmeros desdobramentos que esse segredo teria na vida de qualquer pessoa.
Guerras são eventos que promovem a escassez nas opções de sobrevivência. Caso você se encontre na mesma situação que a própria Hanna essas opções se tornam ainda menores. O caráter de uma pessoa pode ser determinado por seu grau de instrução? Em muitos casos sim! Isso não significa que uma pessoa que não tenha doutorado ou uma formação acadêmica não possa ter um bom caráter. Existem indivíduos sem nenhum conhecimento acadêmico que são exemplos de humanidade. Mas é inegável o papel da instrução na formação de uma pessoa. Como diria Isaac Azimov “se o conhecimento nos cria problemas não é com a ignorância que vamos resolve-los”.
Acho que a grande proposta do autor é reavaliar nossa postura critica diante de nossos semelhantes. Como em muitos casos julgamos erradamente um tempo que não era e nunca será o nosso.
A vida em sociedade fez do homem um animal ávido por critérios de distinção. A separação entre grupos opostos, em termos morais, amplia as possibilidades de eliminação de um destes grupos por meio do incremento constante da hostilidade entre eles. Uma vez eliminado o grupo “vencedor” abre espaço para a introdução de adicionais valorativos em seu núcleo. Novas distinções são criadas, novos grupos são definidos e novamente a violência se encarrega de definir quem fica e quem sai. É assim que a espécie se “purifica” e se adapta. O que diria hoje Charles Darwin se ele pudesse ver sua teoria sendo demonstrada em termos tão irracionais? Seria ele, de alguma forma, convencido de que não apenas o homem e o macaco possuem um ancestral comum, mas que o ultimo representa uma forma infinitamente mais evoluída que o primeiro?
Ao se envolver com Hanna, Michael começa a tomar consciência tanto do valor da relação de envolvimento com outra pessoa como também de suas regras. Esse é um processo natural em adolescentes. Ao se identificar com um grupo especifico o adolescente tende a valorizar mais os valores do grupo que os de si próprio. A lealdade, nesse contexto, surge como uma das mais importantes características do grupo.
É impossível olhar a vida de forma racional. Olhar racional é determinista e a vida é contingente. Os eventos podem se desenvolver de inúmeras formas aleatórias. Se a vida não pode ser objeto da razão, dada a inobservância de uma relação de causa e conseqüência bem definida e pelo predomínio do relativismo, ou seja tudo depende do ponto de vista, como e possível definir o que é certo e o que é errado? Como é possível estabelecer os limites de um comportamento que quando extrapolado se torna loucura? Posso ser louco pelo olhar de alguém e gênio pelo olhar de outro. Como saber qual imagem é a correta?
A palavra “moral” vem do latim “moris” que significa “maneira de se comportar regulada pelo uso”. Ética e moral não são sinônimos. Ética pode ser definida como uma espécie de filosofia da moral enquanto a moral seria o desdobramento teórico e pratico de como a ética é assimilada coletivamente. Por isso a moral e tão pouco diversificada, ela não e construída individualmente, mas de forma coletiva. O comportamento ético é fundamental para a atividade humana. Como seria se cada um agisse apenas por suas próprias vontades? Mas o fato é que existem limites quanto à invocação dos valores morais. Não se pode adotar um valor coletivo para julgar uma ação individual porque o comportamento individual não e orientado pela moral constituída, mas pela realidade do momento.
São inúmeras as variáveis que orientam o comportamento humano – tempo, meio, momento histórico – a moral é apenas uma constante nessa equação. O paradigma nos mostra que a moral possui prazo de validade. Ela muda como conjunto de valores a medida em que mudam-se as necessidades do meio social que ela se insere. Vista por estes termos fica difícil enxergá-la como uma evolução nas relações humanas. Trata-se apenas de uma ferramenta que limita a liberdade de ação individual. Uma prisão no qual aprisionamos a nos mesmos de livre e espontânea vontade.
Por que a moral pode ser considerada como uma chaga social? Porque ela não possui uma consciência moral como amparo. Não é critica, pelo contrario, é aceita sem questionamento. Pessoas conscientes de seus próprios pecados são mais humildes. São pessoas com uma expressão moral neutra. O caráter permissivo de cada um não lhes parece um motivo valido para que apontem o seu dedo e decretem sua sentença.
Os puritanos e moralistas invocam a moral cristã para legitimar sua própria hipocrisia. Parecem ignorar que o próprio Jesus se cercou daqueles ditos imorais: ladrões e prostitutas.
Porque existe a necessidades de julgar o próximo? O que torna esse comportamento tão irresistível? A vaidade. A autopromoção, o elogio fabricado por si mesmo, a auto-avaliação feita diante do espelho, a pura e simples vaidade. Sentimos o desejo incontrolável de sublinhar nossos pontos positivos, nossas supostas virtudes. A beleza se torna mais clara diante do repulsivo, o virtuoso se torna mais grandioso diante do imoral. De novo a velha formula de conceito que se constrói por sua expressão contraria. A vaidade fez do homem um juiz eterno que aplica a tudo e a todos o crivo torpe de sua auto avaliação.
O obra “O Leitor” é um texto fácil de ser lido e difícil de ser digerido. Foi uma das mais expressivas experiências literárias que já tive. Uma obra magnífica, cativante e profunda. Hanna Schmitz tornou-se para mim uma das personagens mais impressionantes da literatura. Ela não foi apenas uma entre centenas de carrascos do Holocausto, foi também uma vitima do nazismo! Ela representa aquilo que faz dos humanos seres primitivos: Carentes por atenção, reféns de seus desejos, brutos em seus modos e sempre mais conscientes de seus limites do que de seus atos.



AUTOR
TIAGO RODRIGUES CARVALHO




site: http://cafe-musain.blogspot.com.br/2016/11/ela-devia-estar-completamente-esgotada.html
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Fabiana 17/03/2017

Interessante
Capítulos curtos, alguns mais envolventes e objetivos, outros mais mornos...
Um livro que mostra o custo de uma geração e do narrador, para conviver com o passado da Alemanha nazista.
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Silveira 09/03/2017

Já havia assistido o filme e mesmo assim me surpreendi com o livro.Recomendo!
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Manuh 28/02/2017

O Miúdo

Não é a primeira vez que assisto primeiro o filme para depois ler o livro. Fiquei apaixonada pela obra cinematográfica que me fez desejar ler o livro, e para minha alegria o filme foi maravilhosamente bem adaptado.

Leitura de fácil entendimento, objetiva e direta.

Esse é o tipo de livro que a gente guarda a história na memória.
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JJ 03/02/2017

Uma história singela, parece feita sob medida para sua adaptação para o cinema. Acerta ao focar no relacionamento entre Hanna e Michael, uma vez que o leque de obras sobre campos de concentração na II Guerra Mundial é amplo e poderia fazer com que O Leitor fosse mais descartável do que ele de fato é. Mesmo assim, é superficial em alguns momentos e não arrebata tanto quanto o esperado.
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Edi 03/02/2017

? O leitor | Publicação @galerarecord ? #ResenhasDaEdi

Alemanha, segunda guerra mundial.

Michael, um adolescente de 15 anos conhece Hanna, uma mulher 21 anos mais velha que ele e juntos passam a manter um caso, uma relação regada a livros e sexo.
Nos seus encontros Michael e Hanna vivem uma rotina, ele chega, a pedido de Hanna lê para ela, depois ela o dar banho e eles fazem amor.
Um dia ao chegar na casa de sua amante, não a encontra. Sem nem uma palavra Hanna foi embora. Anos mais tarde Michael como estudante de Direito reencontra Hanna, ré no tribunal, sendo julgada por crimes de guerra.

É isso. O leitor é um livro excepcional com uma premissa simples. Dividido em três partes a historia passeia por diversos sentimentos: amor, luxúria, medo, culpa e vergonha.

Na primeira parte Michael é apenas um garoto que confude sexo com amor e após seu interesse diminuir e sua amante ir embora se sente culpado.
Hanna por outro lado é uma personagem que em nenhuma das partes do livro é facil de se decifrar, é o mistério, a personalidade intrigante.

Na segunda parte do livro tem o julgamento e todas as descrições e aprofundamento referentes aos campos de concentração, temos também a percepçao do segredo de Hanna, um segredo que ela estar disposta a levar pro túmulo.
Temos mais culpa, por parte de Michael, e um desejo de entender a mulher que um dia amou.

Escrito por Bernhard Schlink, O leitor é uma história sensivel à sua maneira e requer atenção. Um livro onde a beleza se encontra nas entrelinhas e a Guerra é vista mais como "pano de fundo". Achei os protagonistas, tanto Michael como Hannah, de uma insensibilidade enorme que na minha visão é mais uma estratégia de sobrevivência.
Apesar de não gerar empatia, a narrativa feita por Michael nos faz ver por outro ângulo o período pós guerra.

O filme que vi primeiro, estrelado pela a maravilhosa Kate Winslet é um dos meus filmes favoritos da vida e por ele quis ler o livro, me surpreendeu o quanto o filme é fiel a obra original.

Super recomendado!

Nota: 5/5?+?
?
"Mas pergunto-me se as coisas deviam ser assim: uns poucos, condenados e castigados, e nós, a geração seguinte, emudecida de espanto, de vergonha e de culpa."
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Jamille 06/01/2017

Amei filme e livro!
Assistir primeiramente o filme e entrou no ranking de melhores filmes que já assisti. Fui então ao livro afim de ter mais detalhes. O livro se assemelha muito ao filme, o que não é muito costumeiro quando se diz respeito as adaptações cinematográficas. Mas se equivalem e são demais!!!
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Mauricio.Barutti 27/12/2016

Excelente livro
Excelente livro. Embora o grande segredo da história torne-se óbvio muito rapidamente, a narrativa e a forma como o autor coloca seus pensamentos em relação à protagonista e aos acontecimentos é extremamente interessante. Vi também o filme, que também é muito bom e muito fiel ao livro.(**)
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