Resenhas -

Victor, the Reader 01/06/2020

Sinceridade de coração
Não conheço nenhuma das obras de Haruki Murakami. Adquiri essa obra apenas pela curiosidade sobre a vida de um escritor romancista. O que pude perceber é que Murakami se expressa com ternura e sinceridade, um autor que abre seu coração e diz o que está sentindo para o leitor, e de forma profunda. Talvez essa seja a razão do número crescente em sua base de leitores fiéis - crescimento que ele comenta pelo ao fim da obra.

Apesar de ser uma obra curta, focar na na sua ascensão como escritor e prestar algumas queixas contra seu detratores japoneses, a obra possui alguns insights valiosos que são facilmente capturadas pelo leitor atento.

Outra questão que me chamou atenção é o fato de Murakami ser bem realista quanto a carreira de escritor, principalmente no que tange à disciplina diária em escrever e à labuta com os críticos insaciáveis.

Franco 01/06/2020

Meio autobiografia, meio ensaio literário
O livro é isso: Murakami contando de sua vida (pelo viés do seu 'eu-escritor') enquanto disserta sobre alguns elementos da escrita ficcional.

Mas, considerando que muitos devem chegar a esse livro pelo que ele pode oferecer em termos de técnica de escrita, vale avisar: você não vai encontrar dicas, macetes ou instruções sobre como escrever. É evidente que aqui e ali Murakami lança alguns conceitos e dicas, porém não é nada sistematizado - portanto, não é um livro recomendável para aqueles que estão a procura de um texto mais direto sobre como escrever.

Por outro lado, o livro é rico pela experiência que ele traduz. Murakami compartilha diversos detalhes de sua carreira e que nos fazem entender um pouco os dilemas da tal 'vocação' de romancista - bem como os possíveis desafios para quem pretensamente quer ter ou alega ter essa vocação. Apesar de serem detalhes bem situados na experiência e tempo do autor (um cenário literário de décadas atrás), ainda assim são interessantes.

O que incomoda um pouco no livro, contudo, é o tom assumido em alguns trechos. Por mais que Murakami se esforce em se fazer de modesto, não dá para escapar da sensação de que ele promove com certa frequência a imagem de si mesmo. Entretanto, contudo e todavia, um escritor do calibre dele, num livro que é meio que autobiográfico, meio que tem o direito, né?

Enfim, é um livro de nicho, do tipo que agrada só quem sente inclinação à escrita ou curiosidade por, mas que não é propriamente um manual. Por isso, talvez seja mais recomendável a quem já conhece Murakami, o admira, e quer saber um pouco mais sobre ele, o que tornará as dicas de escrita espalhadas aqui e ali menos escassas.

Lucas1429 28/04/2020

Uma caminhada com Murakami
O livro retrata um passeio ao lado do autor, Haruki Murakami, onde ele se contextualiza como escritor num Japão específico, conta sobre a vida que levava e as situações que o direcionaram a se tornar um romancista. Sua escrita é muito agradável e a fluidez do leitura é muito boa.
O autor nos leva a refletir diversas questões dos processos criativos, do meio literário, premiações e até mesmo do autocuidado dos artistas enquanto provedor de produção. É um livro bastante interessante para aqueles que se interessam pelo processo de escrever, assim como pelo próprio autor.

regifreitas 28/01/2020

ROMANCISTA COMO VOCAÇÃO (Hokugyo toshite no shosetsuka, 2015), de Haruki Murakami; tradução Eunice Suenaga.

Conhecer o processo de criação dos escritores sempre despertou minha curiosidade. Por conta disso, já li algumas obras interessantes a esse respeito, de entrevistas com nomes consagrados, a textos como este, nos quais os próprios criadores discorrem sobre o seu processo de trabalho.

Em uma linguagem bem simples e direta, o autor não perde tempo com teorias sobre a escrita ou em dar conselhos e orientações para os novos escritores, apenas relata o caminho encontrado por ele para dar vida a suas obras. Ao longo do texto também somos presenteados com pinceladas da vida pessoal de Murakami, fato raro, já que ele é conhecido por sua aversão a entrevistas e por manter sua privacidade, conservando-se longe dos holofotes.

Minha primeira experiência de leitura de Murakami, com o romance O INCOLOR TSUKURU TAZAKI E SEUS ANOS DE PEREGRINAÇÃO, há uns dois anos, não foi muito bem-sucedida. Adoraria ter gostado do livro, mas achei-o bem mediano. Na época ficou um gostinho de frustração, visto ser ele o autor japonês mais conhecido e celebrado da atualidade, chegando, inclusive, a figurar quase todos os anos no burburinho dos possíveis indicados ao Nobel de Literatura. No entanto, ROMANCISTA COMO VOCAÇÃO me deu um novo alento de retornar ao autor, numa nova tentativa com sua ficção.

Primeira leitura para o Desafio Livros & Sabores.

SLMM 16/10/2019

Para entender Murakami
No começo, até o capítulo 3 mais ou menos, estava achando o livro bem chato, e olha que adoro Murakami. Mas depois começou a ficar interessante, porque passou a apresentar o pensamento dele como escritor em vários aspectos e consequentemente revelando detalhes da sua obra, ajudando a entender as estórias do autor, como ele escreve, constrói suas tramas e personagens. Serve como um "behind the scenes" dos Livros dele. No final gostei bastante. E, vale lembrar, me parece um excelente guia para quem quer se tornar escritor.

'San 28/09/2019

Parece fácil escrever
Ele mostra que pra ser escritor deve ter disciplina. Até o corpo deve ser são.
Recomendo pra todo principiante a escritor

Ana Luiza 12/09/2019

Rápido e interessante
O AUTOR E A OBRA
O japonês Haruki Murakami só começou a escrever com 29 anos. Seu primeiro romance, Ouça a Canção do Vento, foi concebido em 1979, mas só em 1987, com Norwegian Wood, que ele se tornou conhecido em seu país de origem. Daí para frente, Murakami se tornou um bestseller no Japão, e suas obras foram exportadas para a Europa e os Estados Unidos, lhe dando fama internacional e vários prêmios importantes. O fato dele ser recluso, quase sempre recusar entrevistas e encontros com fãs, ajudou a criar uma aura de mistério ao seu redor que, em parte, ele tenta desconstruir nesse livro.

Escritor de contos, ensaios e reportagens também, Murakami é mais conhecido por seus romances de linguagem clara e fluida. No próprio Romancista Por Vocação ele conta que foi muito elogiado e até considerado revolucionários por uns, mas igualmente criticado por outros, que contestavam a qualidade de suas obras. Romancista Por Vocação foi publicado em 2015, quando Murakami já estava com 66 anos, sendo escritor por mais de 30. Considerando sua enorme bagagem no assunto, o autor reflete sobre sua profissão nessa obra curta, de apenas 168 páginas.

Ao longo de 11 capítulos, Murakami conta alguns pedaços de sua história pessoal e profissional, trazendo também suas reflexões sobre originalidade, o que é ser um romancista , sobre como começar e o quê escrever, como criar personagens e para quem escrever. Ele também aborda como a educação e viver no exterior influenciou seu trabalho, a importância do exercício físico para um escritor profissional, e até mesmo qual o impacto de ter sido indicado a e ganhado prêmios literários, e qual o papel dos mesmos para a sociedade e a literatura.

VALE A PENA A LEITURA?
Acho que como a maioria das pessoas que gosta de literatura e de escrever, tenho uma sede insaciável por saber sobre o processo de escrita de outras pessoas, especialmente autores famosos. E justamente por isso fiquei curiosa para ler Romancista Como Vocação. Eu já tinha escutado falar bastante sobre Haruki Murakami e imaginei que seria uma boa maneira conhecê-lo não por suas obras mais famosas, mas sim pelo livro em que ele reflete sobre sua profissão.

E eu não me arrependi. Se você busca um manual de escrita, Romancista Como Vocação não é a melhor escolha. O autor dá algumas dicas e relata bastante sobre como ele escreve, mas não de uma forma didática, deixando claro sua opinião de que é a maneira como ele faz não é necessariamente o jeito correto de se fazer. Além disso, Murakami não se aprofunda em técnicas ou métodos, afinal, como ele mesmo conta, ele nunca estudou formalmente sobre o assunto e sim foi descobrindo como ser um romancista conforme escrevia seus livros.

Para quem busca uma reflexão ampla, mas fácil de ler, sobre o mundo contemporâneo da literatura e da escrita, Romancista Como Vocação vale muito a pena, assim como para quem quer conhecer melhor a vida e história pessoal de Murakami. O autor é bastante honesto nesse livro, tanto que muitas vezes se desculpa por sua opinião, pois sabe que ela pode ser controversa ou não necessariamente correta. Contudo, eu me vi concordando com muito do que o autor dizia, por exemplo, como os prêmios literários não necessariamente são sinônimo da qualidade de um autor; como a educação atual, focada em números e resultados, não incentiva a criatividade das crianças; ou como só o tempo dirá se uma obra realmente é boa, se é revolucionária ou não.

Rápido e afiado, Romancista Como Vocação é uma leitura muito interessante. Confesso que demorei a me acostumar um pouco com o estilo de escrita do autor e o achei repetitivo em alguns pontos. Contudo, Murakami realmente escreve de forma clara, com uma simplicidade que passa a impressão de que ele está falando diretamente com quem está lendo, em uma mesa de bar, em vez de através de um livro. Assim, é fácil mergulhar na leitura e se conectar com o autor. Eu gostei bastante de Romancista Como Vocação, o livro é uma grande inspiração para quem gosta de escrever, e agora estou ansiosa para ler as obras de ficção de Murakami.

LEIA A RESENHA COMPLETA NO BLOG:

site: https://www.mademoisellelovesbooks.com/2019/09/resenha-romancista-como-vocacao-haruki-murakami.html

Coruja 21/08/2019

Ano passado li meu primeiro livro do Murakami, o 'Do que eu falo quando eu falo de corrida' e gostei bastante. Como ando numa época de ler mais não-ficção que ficção, não cheguei a ir atrás dos romances do autor, mas fiquei bem interessada nesse Romancista como vocação. Calhou de uma amiga tê-lo e aí, pedi emprestado.

Vou dizer que nem olhei a sinopse antes de começar a ler. Só o que prestei atenção foi ao título e, por isso, fiquei com a certeza de que se tratava de mais um volume de crítica literária para meu repertório (tô ficando meio vidrada nisso…) ou talvez um ‘manual do escritor’. E aí, vamos combinar, quem presume acaba muitas vezes desapontado. Não direi que desgostei do livro, mas minhas expectativas certamente foram frustradas.

Romancista como vocação tem muito mais de autobiografia que qualquer coisa parecida com um manual. É um livro interessante, num tom bastante intimista, e minha imagem do Murakami - que tinha se formado da leitura anterior - se consolidou como um mestre zen. Contudo, é um volume que indico mais para quem tenha curiosidade sobre a pessoa do autor do que suas técnicas ou reflexões mais gerais sobre literatura.


site: https://owlsroof.blogspot.com/2019/08/o-resumo-da-opera-pilhas-de-livros-para.html

Rafa 26/03/2019

Bem autêntico.
Parece uma conversa com Murakami na casa dele. Quem aprecia as obras do autor e se interessa pela forma como ele pensa, pode se atirar nessa leitura.

Sísifo Contemporânea 29/01/2019

Não é muito dificil me colocar na corda bamba sobre a opinião de algum livro, geralmente eu tenho essas sensações de "há muitos pontos positivos, mas não me satisfez por completo", "Romancista como Vocação" é um exemplo disso, longe de mim criticar a escrita de Haruki, que se mostra espetacular (na verdade é a primeira vez que eu tenho o acesso a algum trabalho do mesmo), o modo como ele se conecta com o leitor é algo muito inspirador e gostoso de se ler, mas ao mesmo tempo sinto que me faltou algo, acho que minha expectativa foi muito puxada para os níveis técnicos de como se tornar uma romancista e bem, o autor vai num caminho totalmente contrário do que foi esperado.
Haruki traça seu próprio caminho até chegar aonde chegou, trazendo a ideia do romancista como algo que deve ser feito por prazer, e não encarado como algo tecnico e objetivo, o intuito dele nunca foi ensinar você a ser um romancista - que, mais uma vez, me senti frustrada, pois era o que eu estava esperando - mas sim de mostrar que muito mais que técnicas, segredos e "manhas", é necessário querer ser um romancista, se conhecer e entender seu próprio estilo e personalidade e que isso leva um tempo - por vezes passando uma vida inteira se reinventando pois nunca paramos de evoluir na vida.
Então meu conselho: se forem ler esperando uma receita pronta de como se tornar um escritor de sucesso, pare agora, abandone a leitura, procure artigos técnicos, pois com certeza você vai se frustrar e muito; mas, se por outro lado, você querer ver e entender o que está por tras de uma criação, e como é viver como um romancista e todos os altos e baixos, leia e leia com gosto; ou então se você for como eu que mesmo frustrada se envolveu com a paixão de Haruki, pode continuar a ler, pois apesar dos pesares, a leitura me foi libertadora e me engrandeceu muito enquanto pessoa, mas ainda continuo a esperar quais os passos exatos para eu começar a escrever e me tornar uma romancista.

Ladyce 13/11/2018

Não se trata de ficção. Este é um livro de ensaios sobre escrita, literatura, escolhas e preferências do autor e ainda outros temas surgidos nas entrevistas que Haruki Murakami deu. Não se trata tampouco de um guia para o escritor neófito, nem uma cartilha de como se tornar um escritor de sucesso. Invés disso temos um belo preenchimento do retrato de Murakami como pessoa, intelectual e pensador.

Mesmo assim é um livro que encanta, principalmente àqueles como eu, que apreciam os livros do autor. Saímos dessa leitura com a sensação de quem é Murakami, um cara sóbrio, que tem dúvidas, muitas delas sobre suas criações. Conhecemos o início de sua carreira como escritor e suas ideias sobre a educação nas escolas japonesas. É um livro leve, de fácil leitura, repleto de vinhetas ou histórias ilustrando suas ideias. Nesta obra passeamos pelas memórias do autor, e vislumbramos os processos de sua escrita.

Tudo me pareceu de interesse: seu desprezo pelos prêmios literários; o hábito de sair do Japão para um lugar onde não é conhecido (por exemplo, Paris) e viver lá pelos 6, 8, 10 meses necessários para escrever o romance que tem na cabeça e que surgiu no Japão (ele gosta deste distanciamento físico); o descaso que críticos japoneses têm por sua obra, por acreditarem que é repleta de perspectivas estrangeiras (americanas na maioria); o cuidado detalhado, minucioso, vagaroso necessário para completar uma obra e sobretudo a seriedade com que trata de sua vocação.

Leitura encantadora. Difere de todos os outros Murakamis que li. Com ele começamos a perceber o homem que cria o mundo paralelo em que nos deliciamos. Vale a pena! Muito bom.

Mauricio.Alcides 07/09/2018

A tal da simplicidade
Gostaria de entender em que momento as qualidades da simplicidade caíram em desuso, em que momento paramos de valorizar as coisas simples para valorizarmos as ditas “criticas sociais e politicas” 

Muitos dizem que Murakami não tem um Nobel por ser muito “simples” por não apresentar reflexões profundas ou coisas do tipo … mas desde quando isso é prerrogativa para o desenvolvimento da magia literária ? 

Eu não sei … se tal pensamento fosse absoluto minha poeta favorita nunca teria sido laureada pelo Nobel (…)

 Wisława Szymborska é a simplicidade em forma de versos, é a capacidade de emocionar nos pequenos detalhes, é justamente o que Haruki Murakami é para o mundo dos romances.

O livro “Romancista como vocação” Murakami demonstra justamente isso, como sua simplicidade e sua humildade o moldaram como um dos maiores escritores em atividade na atualidade.

Paulo Silas 13/02/2018

Um pouco de metaliteratura com autobiografia do autor: disso é feito "Romancista como Vocação". Haruki Murakami compartilha com os leitores a sua jornada como escritor - ou como romancista, como prefere o autor. Num livro repleto de memórias, em que pese curto, o leitor fica sabendo das particularidades de um profícuo autor de obras que ganharam o mundo: seu estilo, suas manias, sua forma de ver as coisas, um pouco de sua história, enfim, um Murakami literato e mais intimista.

O livro transita entre relatos da vida do autor e notas sobre o processo de escrita. Consequentemente, além das curiosidades expostas na obra, dicas e sugestões são facilmente encontradas por aqueles que exercem a escrita - ou assim pretendem.
Haruki Murakami fala inicialmente sobre o que entende pela figura do romancista ("O romancista é generoso?"), relatando suas características de modo geral - uma vez que cada qual possui suas particularidades. Segue relatando sua história enquanto escritor ("Início da carreira de romancista") e expondo sua visão crítica sobre as premiações existentes no universo literário ("Sobre prêmios literários"). Quanto ao ato de escrever em si, o autor elenca importantes lições que são passadas ao leitor de maneira humilde e despretenciosa ("Sobre originalidade", "E agora, o que devo escrever?", "Ter o tempo como aliado ao escrever romances" e "Um ato infinitamente individual e físico"), abarcando tanto questões específicas da escrita literária, como fatores envoltos ao processo criativo (por exemplo, Murakami evidencia a importância de um bom condicionamento físico, saudável, a ser seguido pelo escritor - o autor nutre uma paixão pela corrida, tratando-se do exercício físico que pratica para se manter em forma). Murakami ainda critica o sistema educacional japonês ("Sobre escolas") antes de retomar suas abordagens sobre a escrita até o término do livro ("Que tipo de personagens vou criar?", "Para quem escrever?" e "Ira para o exterior. Novas fronteiras").

O leitor não deve esperar aqui por uma guia de escrita do tipo que ensine os regramentos formais de um romance. Antes, o livro é um relato sincero do seu autor, de modo que Murakami narra da forma mais aberta possível um pouco de sua vida como romancista e alguns poucos conselhos sobre a arte da escrita.
Um ato declarado de amor pela escrita, "Romancista como Vocação" agrada e envolve o leitor com suas linhas que fluem e convencem. Exitoso em sua pretensão, é um livro que merece ser lido!

hanny.saraiva 06/12/2017

Um ponto de observação
É um livro para aqueles sem expectativas, sem desespero. Se espera receitas de bolo de como escrever, não comece a leitura. Murakami fala sobre si e dali podemos vislumbrar algo de seu ofício, mas nada do it yourself. O livro é apenas um ponto de observação.

Citações preferidas:
- Um texto sem vigor não atrai as pessoas - nem o próprio autor.
- Imaginação é, de fato, uma combinação de memórias fragmentadas e fora de contexto.