@literatotti 22/07/2019“esse é o insinamento qui o ipê traiz pra gente"Se você tiver uns 30 anos, como eu, os primeiros livros que você leu foram os gibis da Turma da Mônica. Se você não tem, provavelmente você também começou pelos gibis de Mauricio de Souza. Esses gibis fazem parte de nossa história e de quem nós somos. .
De todos os personagens de Mauricio de Souza, o que eu mais gostava era o Horácio, o dinossauro. Nem sei explicar o porquê. Em contrapartida, nunca fui um grande fã de Chico Bento. Mas, me lembro de um gibi em que o Chico vai visitar o primo na cidade grande. O primo fica mostrando como a cidade é muito melhor que o campo. Eles entram em um elevador e, mesmo impressionado, Chico fala ao primo que o campo não tem essas coisas porque nada disso é preciso lá. .
Foi aos 30 anos, ao ler o livro ARVORADA, que eu entendi a importância desse personagem. O livro faz parte do projeto de Graphic Novel, em que artistas revisitam esses personagens criando novas histórias. “Laços”, filme que estreia este ano, é uma adaptação cinematográfica de uma Graphic Novel. Reencontrar a Turma da Mônica depois de tanto tempo, é algo que mexe com nossas memórias afetivas. .
Numa geração que acha que o leite vem da caixinha, Chico Bento nunca foi tão necessário. Orlandeli, o autor da obra, construiu uma verdadeira obra prima, tanto que “Arvorada” foi finalista do Prêmio Jabuti de 2018 na categoria “HQ”. .
“Arvorada” é a história de Chico Bento e um ipê-amarelo. Também é sobre aprender a apreciar os momentos e as pessoas, pois, como o ipê-amarelo só floresce uma vez por ano, nada é eterno. Também é sobre seguir adiante. Arvorada não é apenas sobre despedidas, mas também é sobre o nascer de um novo dia. .
O livro toca profundamente em nós, porque brinca com nossas memórias e nos deixa com nostalgia de tempos em que a vida era simples e não tínhamos responsabilidades. Um tempo em que podíamos parar tudo e ler gibis sem se preocupar com grandes compromissos. É uma elegia a infância e a momentos que não voltam, a não ser quando revisitamos na nossa memória.
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