Edson Camara 04/11/2019
Se você acreditava que o brasileiro é um povo pacato, pacífico e livre de preconceitos e racismo, errou feio.
Se você acreditava que o brasileiro é um povo pacato, pacífico e livre de preconceitos e racismo, você precisa ler este livro do Leandro Karnal.Esta é a minha primeira leitura do autor e confesso que gostei muito do estilo e do jeito franco e direto de abordar os assuntos.
Karnal passa a limpo a história brasileira desde o descobrimento, também dá uma alinhavada na história universal para dar sustentação a alguns argumentos.
Para mim não foi surpresa as conclusões que o livro mostra. Basta andar nas ruas de qualquer cidade brasileira para sentir a violência no ar, e não me refiro aqui a assaltantes e criminosos de rua, me refiro as pessoas normais, aos cidadãos de bem.
O que se vê, por exemplo, nas redes sociais é um exemplo claro da intolerância brasileira com qualquer coisa que fuja a opinião e a crença de um ou de outro.
pobre daquele que se aventurar a expor suas opiniões nas redes sociais, será trucidado vivo.
Todo brasileiro deveria ler este livro, e se envergonhar do comportamento da maioria.
Leandro Karnal nos presenteia com um “relatório” sociológico da sociedade brasileira de ontem, de hoje e infelizmente do futuro.
Veja abaixo alguns exemplos do que lhe espera ao ler este livro:
“A escravidão custou mais de seiscentos mil mortos para ser abolida nos EUA. Aqui? Uma penada de ouro de uma princesa gentil num belo domingo de maio de 1888.”
“É recente no Brasil a presença de um ministro negro no Supremo Tribunal Federal. São Paulo teve dois prefeitos negros na sua história. Nós tivemos um presidente, Nilo Peçanha, que não era exatamente negro, nem exatamente branco. E pode-se lembrar ainda que foi presidente porque o titular faleceu. Machado de Assis, nosso mais genial prosador, não gostava de ser chamado de mulato. No enterro do escritor, ao fazer um elogio fúnebre a ele, afirmando que Machado era negro na aparência e grego na alma, o orador foi criticado pelos amigos, porque era uma coisa que Machado não gostaria que citasse. Nem sequer no enterro.
“um cristão não é cristão por amar a família. É cristão por ter superado qualquer ódio e por conseguir amar seu inimigo. Se alguém o obriga a andar cem passos, ele anda duzentos. Se pede a túnica, ele dá o manto. Se alguém lhe bate a face direita, ele oferece a esquerda, e vice-versa. O cristão é aquele que superou completamente o ódio e, quanto mais você me insulta, se eu for cristão, devo amá-lo. Por essa razão Nietzsche afirma que o último cristão morreu na cruz. Ou seja, Jesus foi o primeiro e último cristão.
Boa sorte e boa leitura