O Protegido

O Protegido Peter V. Brett




Resenhas - O Homem Pintado


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Café & Espadas 04/08/2015

Resenha Ciclo das Trevas - O Protegido
Ao iniciar a sua carreira, o autor Peter V Brett escolheu um caminho tortuoso que muitos outros não ousaram nem sequer passar perto: a dark fantasy. Esse gênero, que sofreu um forte processo de influência oriundo da literatura gótica, tem uma lista vasta de autores novos e outros já conhecidos de longas datas – como Mark Lawrence, Glenn Cook e Stephen King – que conseguiram compor obras fascinantes e ovacionadas pelo público e pela crítica. Mas ilude-se quem pensa que é simplesmente misturar espadas e sombras em um caldeirão distópico.

A complicação em escrever dentro dessa temática surge no momento de mesclar elementos fantásticos com suspense, sem gerar ambientes piegas e situações previsíveis – e são nesses pontos que esse primeiro volume da saga Ciclo das Trevas irá fisgar tanto o leitor novato quanto o que já é viajante experiente nesses caminhos sombrios.

A obra foi lançamento de março da editora Darkside Books, que comprou a ideia com vontade produzindo um trabalho editorial magnífico, muito detalhista e caprichada, que complementam a viagem pelo mundo criado pelo autor. Um mundo dominado por demônios que rugem e caçam na noite.

Arlen, Leesha e Rojer cresceram tendo que conviver com uma realidade: o mundo não é mais propriedade só dos homens. O dia e a sua luz é uma dádiva diária, e a noite se tornou o maior dos tormentos, pois é nela que surgem os terraítas, demônios vindos do centro da terra que assumem formas grotescas de pedra, fogo, madeira, neve e vento. No passado, eles eram poucos, mas mesmo assim assolavam a humanidade com crueldade.

Mas os homens descobriram o poder da escrita, e essa capacidade básica começou a ser usada como a principal arma contra os demônios. Runas mágicas de proteção e de ataque foram utilizadas por guerreiros que a duras penas conseguiram derrubar o poderio demoníaco e manda-los de volta para as profundezas. Mas isso não era o fim.

Logo os humanos se acomodaram em sua paz ilusória. Sem demônios para atormentá-los, a arte da escrita foi sendo deixada de lado ao mesmo tempo que as cidades voltavam a se desenvolver e prosperar. Porém, os demônios ressurgiram, pegando todos os humanos desprovidos dos conhecimentos adquiridos e de guarda baixa. Todo o progresso conquistado foi perdido e, se não fosse os registros antigos que continha ainda o conhecimento sobre as runas, a raça humana estaria perdida.

E assim, chegamos de volta ao ponto de partida, com os humanos se escondendo das bestas, tendo que voltar a um quase primitivismo, quando era mais caça do que caçador.

É neste ponto que somos apresentados ao trio de personagens supracitados. Cada um com a sua história, suas tristes experiências e seu contato com o que há de pior nas profundezas e no coração dos homens. Essas experiências irão transformá-los de forma profunda, e irão mostrar que o principal inimigo a ser combatido é o medo. Seja ele qual for. O erguido pelos monstros, pela própria sociedade, pelos estereótipos ou religião.

A obra de Peter V Brett ganha o seu brilho quando sua narrativa não se limita a falar somente de um mundo assolado e de uma luta pela sobrevivência. O Protegido aborda temas totalmente inerentes a nossa atualidade: hierarquias sociais e suas desigualdades maquiadas de benevolência, o problema da acomodação coletiva, os perigos da fé cega e as imposições sociais e religiosas que – na visão de Brett – limitam o potencial das pessoas.

Tudo está espalhado pela narrativa ágil do autor e pelo o seu mundo monocromático, mas muito rico e diverso. Talvez o único pecado seja a demora para a história engrenar definitivamente, mas nada que se sobreponha a qualidade da história criada por ele. Quando isso acontece, a leitura simplesmente entra em frenesi.

A ambientação do mundo que sobrou da guerra entre homens e terraítas é descrita com riqueza de detalhes, tornando a experiência de contato com a fantasia sombria ainda mais proveitosa. Brett não deve em nada aos outros autores citados nesta resenha, tecendo a sua narrativa com originalidade e impecavelmente instigante.

Sem dúvidas, um dos grandes lançamentos do ano, e uma saga muito promissora. A leitura de O Protegido pode ser uma ótima porta de entrada para os que ainda não conhecem a dark fantasy. Uma prova de que ainda hoje, em meio a tanta leitura genérica, temos obras que se salvam pela capacidade de criação de seus criadores.

site: http://www.skoob.com.br/estante/livros/todos/1288019
Glendinha 05/08/2015minha estante
Resenha perfeita




Rusbis 02/06/2015

Confira a resenha de "Ciclo das Trevas" no canal Ler Vicia:


site: https://www.youtube.com/watch?v=7lJhQc5mAUE
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Gabriela 28/04/2015

INCRÍVEL!
Não sou fã de Senhor dos Anéis, nem mesmo gosto, mas assisti aos filmes e, pelo que dizem, o autor é um mestre... pois me atrevo a dizer: Peter V. Brett chega tão perto que os dois estão separados por um fio de navalha! Que escrita leve, com descrições precisas e que nos fazem imaginar claramente o cenário. Quando li o comentário do mestre Paul Anderson(Resident Evil), fiquei pensando que ele poderia estar exagerando. Afinal, nunca se sabe, né? Mas me impressionei verdadeiramente.
Normalmente tenho certo preconceito com capítulos grandes. Tenho TOC e não consigo parar no meio, mesmo se for uma pausa. Os capítulos de O Protegido podem ser bem longos, mas uma surpresa: você nem vê as páginas passarem. Outro ponto que gosto muito, mas não afeta necessariamente a história: divisão em partes. Acho que já contei isso antes, só que não custa nada repetir.
Ah, nem preciso mencionar a capa dura!
O.k, vou acalmar meus ânimos e comentar sobre a história...

Arlen, Leesha, Rojer. Três jovens com nada e tudo em comum, ao mesmo tempo. Num mundo onde os habitantes parecem não ver outra alternativa senão permanecer dentro das proteções, à salvo dos terraítas, os três provarão o contrário.
Arlen vislumbrou a covardia do pai, que resultou em um final terrível. Leesha teve a vida arruinada por uma vã mentira, que destruiu sua honra. E Rojer recebeu um golpe irreparável, que virou seu mundo de cabeça para baixo.
Leesha é acolhida por Bruna, a ervanária de sua vila - a única que confia nela -, e a torna sua aprendiz. Arlen aventura-se sozinho pelas escuras florestas até encontrar um dos homens que mais admira: o mensageiro Ragen. Já Rojer, que em sua tragédia tinha apenas 3 anos, ganha como pai o menestrel Cantadoce.
Após anos, os três não são mais crianças indefesas. Rojer toca a rabeca com maestria, Leesha é uma das melhores ervanárias depois de Bruna, e Arlen está a poucos passos de se tornar um mensageiro. Só que nem tudo são rosas. Cada um deles enfrenta um desafio, que os separa de seus entes queridos, fazendo-os vagar sozinhos e encarar o perigo - lê-se terraítas - de frente.
Apesar das adversidades, em meio à solidão e ao medo, eles descobrirão que os monstros podem ser derrotados, mas também tomarão consciência de que o único perigo não são somente os terraítas, mas também os próprios humanos...
Com certeza um dos melhores livros que já li e vou ler em 2015. Sim, virei mãe-diná.
Entrou para os meus queridinhos. Ah, caso estejam se perguntando, é uma série composta por cinco livros. Ou seja: baby, ainda tem muita coisa boa por vir!
É um mundo, mundo, vasto mundo, que não se chama Raimundo, mas que, ao contrário do poema, tem solução. E é o que anseio ler... sabe Deus quando.
As lutas são incríveis, principalmente uma que ocorre em Krasia e que, infelizmente, eu não posso comentar aqui porque será spoiler :D Minha personagem favorita é a Bruna, com certeza. É uma velha sarcástica e sem noção, que bota todo mundo para correr, mas que, apesar do exterior cascudo, é mole, mole por dentro.

Vale muito a pena!

site: http://pratelivros.blogspot.com/2015/04/resenha-o-protegido-colecao-o-ciclo-das.html
Jessé 29/12/2017minha estante
Esse livro não chega nem perto da genialidade de o Senhor dos Anéis. Muito menos seus escritor, tem o mesmo talento que Tolkien




viviaalencar 21/04/2015

Bem escrito, mas mais do mesmo
Gostei muito do ritmo do desenvolvimento da história, a sina inicial dos personagens principais interessante, mas a partir da parte dois o livro ficou estremanente previsível e assim meio entediante.
A melhor parte com certeza são os demônios, que realmente me deixaram assustada em alguns momentos.
A edição da Darkside está muito muito bonita, mas com alguns erros de revisão e o fatídico parágrafo faltando, nada que atrapalhasse a leitura, mas foi o livro com mais erros que li nos últimos anos.

Raquel Moritz 18/05/2015minha estante
Olá, tudo bem? Se vc enviar uma mensagem na fanpage da DarkSide com a nota de compra e endereço completo, eles fazem a troca do seu exemplar que tem um parágrafo faltando. Foi uma falha em um lote de impressão. ;)




Vagner46 18/04/2015

Desbravando O Protegido
Lançamento de março da editora DarkSide, O Protegido é uma das grandes apostas para 2015 no Brasil em termos de fantasia. O autor Peter V. Brett é aclamado lá fora como um dos grandes nomes da literatura fantástica e esperamos que aqui no Brasil também seja!

Desde o início dos tempos, na Era da Ignorância, os demônios sobem à superfície quando a noite chega e tem um único objetivo: destruir os humanos que estão em seu caminho. Os terraítas, como são chamados os demônios, podem ser de vários tipos, como água, chama, rocha, areia, etc. Apesar de estarem em menor número, seus ataques geralmente deixavam dezenas de mortes, até que um dia os humanos descobriram o poder da escrita. Com proteções defensivas, perceberam que era possível evitar o ataque dos terraítas às cidades e vilarejos e assim sobreviverem. Mas o que realmente mudou o rumo da guerra foram as proteções de combate, permitindo assim que a humanidade atacasse e mandasse os demônios de volta para as Profundas.

Com o avanço do conhecimento sobre as proteções de defesa e combate, os humanos conseguiram dizimar os terraítas no que ficou conhecida como a Primeira Guerra Demoníaca, a Era do Salvador.

Como não era mais necessário combatê-los, a humanidade estagnou. As proteções já não eram mais necessárias e foram se perdendo, ao mesmo tempo que, lá nas Profundas, os terraítas esperavam pelo seu retorno à superfície. E quando o fizeram, o baque foi tremendo. Cidades foram dizimadas, milhares de humanos morreram e os demônios tomaram conta da noite novamente.

O tempo passou e as coisas continuam iguais, sendo que agora as proteções de combate estão esquecidas desde a Primeira Guerra. Vivendo durante o dia e sobrevivendo à noite, a humanidade espera pelo retorno d'o Salvador, aquele que irá expulsar os terraítas novamente e trará paz ao mundo, segundo a religião do Criador. É neste contexto que entram os personagens principais desse primeiro livro: os jovens Arlen, Renna, Leesha e Rojer.

Arlen tem 11 anos e vive no Riacho de Tibbet, um vilarejo muito pequeno e tranquilo. Ajudando seus pais nas tarefas comuns, Arlen tem um talento natural no que se refere às proteções mágicas. Sabe desenhá-las como ninguém e entende a importância de uma proteção bem feita. Sonhando em ser mensageiro, Arlen parte para o desconhecido em busca do sonho, deixando para trás algumas pessoas que ama e outra muito próxima que o decepcionou profundamente. Desejando conhecer todos os locais do mundo (Thesa) e viver novas experiências, tudo que Arlen quer é espalhar o seu conhecimento sobre as proteções e procurar as magias antigas, aquelas capazes de matar um demônio e fazer as pessoas voltarem-se novamente contra eles.

"Tem um mundo inteiro lá fora para aqueles que desejarem desbravar a escuridão."

Renna também vive em Riacho de Tibbet e está prometida a Arlen, mas a moça não possui tanto destaque assim nesse primeiro livro. Vou deixar para falar mais na resenha do 2º, quando sair.

Leesha vive em Clareira do Lenhador e ajuda o pai no negócio da família, ao mesmo tempo que sofre com os maus tratos da mãe. Sendo uma das gurias mais populares de lá e prometida a Gared, tudo muda quando falsos boatos a seu respeito começam a se espalhar. Abalada pelos fatos, Leesha encontra refúgio com Bruna, a antiga Ervanária da cidade. Lá, aprende a arte medicinal e começa a curar os habitantes, mostrando que não são só as proteções que salvam pessoas.

Rojer Faltadedo sofreu muito com um ataque de terraítas à sua aldeia quando pequeno, ainda mais quando as proteções da sua casa não aguentaram e o pior aconteceu. Salvo por um menestrel, Rojer acabou se tornando aprendiz do mesmo e descobre ter muita facilidade em tocar rabeca, o que acaba tornando uma vantagem futuramente, quando percebe que sua mão mutilada não se permite usar todos os truques de menestrel.

Dá pra perceber tranquilamente durante a leitura o cuidado que Peter V. Brett tem com os detalhes da sua obra. Imagino que nada tenha ficado de fora. O jeito mais fácil de perceber isso é o prazer em ler sobre as proteções de defesa e combate. A importância delas é tremenda que até mesmo a chuva e a lama podem atrapalhar os seus efeitos, qualquer traço errado pode comprometer tudo.

Certos conflitos políticos também são percebidos, e imagino eu que do segundo livro em diante eles serão mais abordados. Achei interessante o modo de vida de Krasia, o único local no mundo onde eles realmente combatem os terraítas e tem um modo próprio de fazer isso, o qual deixarei para o leitor descobrir. Sem contar que quero saber mais sobre Jardir, o líder deles. Esse cara...

E os demônios? Muitíssimo bem feitos e inseridos na trama! Devido à variedade de tipos, os próprios terraítas possuem inimigos entre si e características totalmente diversas. Alguns caçam em grupo, outros estão sempre sozinhos e passam por cima de todos que aparecem, assim como outros só aparecem em determinados locais. É bastante material a ser apresentado nos próximos livros.

A narrativa melhora bastante depois dos 60%, quando a ação realmente começa e boatos sobre o Protegido começam a aparecer. Segundo as histórias, o Protegido é um homem que caminha na noite caçando demônios, possui o corpo coberto por proteções dos pés à cabeça, aventurando-se por toda Thesa no lombo de seu cavalo igualmente protegido. Ninguém sabe seu nome verdadeiro, nem se ele é uma pessoa comum, pois muitos dizem que ele é metade humano e metade terraíta.

Ao se depararem com ele, os personagens principais percebem que o medo pode ser escanteado e finalmente erradicado da humanidade. Não é necessário temer os terraítas e sua chegada à noite, assim como a certeza de que eles podem ser destruídos novamente muda a sua personalidade. Parece que tudo está destinado a mudar a partir de agora...

"Arlen sabia que a maior arma dos terraítas era o medo. O que não entendia era que o medo assumia muitas formas. Em todas as suas tentaivas de provar o contrário, Arlen ficara aterrorizado com a solidão. Queria alguém, qualquer um, que acreditasse naquilo que estava fazendo. Alguém para lutar com e por ele."

No começo eu pensava que essa obra não era tão adulta, mas após certo capítulo minha opinião mudou consideravelmente. Boa parte do livro cobre a juventude dos protagonistas, seus medos, suas atividades do dia-a-dia e quem pretendem ser no futuro. Mas é a partir da parte 3 que tudo muda, deixando tudo MUITO mais interessante e intrigante.

O Protegido é uma história sobre pessoas comuns, com vontades simples e cheias de sonhos, todas em busca daquele que finalmente irá acabar com o seu medo dos terraítas. Com uma narrativa fluida e fácil de se entender, recomendo bastante esse volume inicial da série Ciclo das Trevas para aqueles que gostam de fantasia e querem investir em algo com potencial.

Além disso, a edição da DarkSide é linda, capa dura, toda cheia de símbolos e muito bem feita.

Apenas leiam, o retorno é garantido!

site: http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2015/04/resenha-o-protegido-peter-v-brett.html
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Jefte.Senna 18/04/2015

ciclo das trevas- o protegido
Ao cair da noite, eles aparecem por todos os lados,demônios conhecidos como terraítas famintos por carne humana. Depois de seculos, a humanidade definhou e se tornou refén da escuridão. Porem Arlem, Leesha e Rojer, jovens sobreviventes, atrevem-se a lutar e encarar as trevas.
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Henrique 27/09/2014

Entra em um mundo onde a noite pertence aos demônios [SEM spoiler]
[Sobre carroças atoladas e barris de vinho]

Peter V. Brett nos transmite a sensação de que escrever é um trabalho tão árduo quanto tentar desatolar uma carroça carregada com meia dúzia de barris cheios de vinho usando apenas a força dos braços. Ou você encontra uma maneira de tirar a carroça da lama (algo como tirar uma história de toda bagunça de ideias) ou você lamentará sua vida inteira pelo vinho deixado exposto ao sol ou à chuva, pelo prazer não compartilhado.

Penso que assim se sentem esses grandes escritores, como João Ubaldo Ribeiro (O Sorriso do Lagarto) , Stephen King (A Dança da Morte), George Martin (As Crônicas de Gelo e Fogo), Tolkien (O Hobbit), Marion Zimmer Bradley (As Brumas de Avalon), Lauren Beukes (Iluminadas), Julio Verne (Vinte Mil Léguas Submarinas), entre tantos outros. Sentem-se como se, enfim, houvessem removido a carroça da lama e depositado o vinho em seu devido lugar. Eu, de minha parte tenho minhas safras inebriantes de Tolkien, Rowling, Shakespeare, e outros ainda por experimentar.

Essa sensação de estar carregando nas mãos um trabalho esmerado de uma vida inteira de dedicação (ainda que não o seja de toda uma vida, apenas pareça), contribui para enriquecer a experiência da leitura que, por si só, já é de grande valia. Ler uma história bem contada nos garante emoções tão profundas e marcantes quanto as emoções vividas por aqueles que ouviram do próprio Beethoven suas sinfonias, em primeira mão. E não é apenas pelo prazer das emoções, mas pelo poder que a leitura (especialmente de fantasia) tem de tocar as coisas antigas, ancestrais que existem em algum ponto obscuro (e maravilhoso) de nossas mentes.

E já que o Peter conseguiu desatolar a carroça, bebamos com fartura desse vinho e nos embriaguemos dessa boa safra!

[Entra em um mundo onde a noite pertence aos demônios]

Arlen, Leesha, Rojer. Através dos olhos desses três grandes personagens e seguindo-os pela infância até a vida adulta, Peter V. Brett nos lança em uma realidade onde o dia é venerado pelos homens e onde a noite é o pior de seus temores. Um mundo que (nas palavras do Stephen King) seguiu adiante. Uma imersão sobre o desejo, o medo, a coragem e os desígnios da vida. Sobre pessoas insignificantes assumindo todo o significado, pequenos tornando-se grandes. O Homem Pintado é uma história de fantasia que transborda de realidade, mas uma realidade de uma forma que os nossos olhos nunca viram até então.

No primeiro livro do Ciclo dos Demônios (que antecede A Lança do Deserto, A Guerra Diurna e O Trono de Ossos - este último a ser lançado em março de 2015) somos introduzidos no vasto e assombroso universo criado pelo autor, um mundo que é atormentado por demônios (conhecidos como corelings\nuclitas, aqueles que habitam o Núcleo) que se erguem na noite para caçar, especialmente humanos. Os demônios são bestas elementares, dividindo-se em espécies e sub-espécies, como areia, rocha, água, ar, etc., cada um com diferentes capacidades e proporções de força. A única forma de se proteger contra os demônios é por meio das "guardas", complexas runas mágicas que podem ser escritas, pintadas ou esculpidas em pedra, madeira, metal, areia etc. Uma falha mínima nas guardas pode significar a morte. Devido aos constantes ataques demoníacos, a humanidade foi reduzida de um avançado estado de tecnologia para a idade das 'trevas'.

[Entretenimento que fala de coisas grandes e subindo]

A abordagem de temas atuais, como a posição da mulher numa sociedade que supervaloriza o homem, a influência da religião para o bem ou para o mal, o estado de ignorância e suas consequências, as divergências entre as culturas, as injustiças advindas das hierarquias sociais, os horrores cometidos em nome da fé cega e questões existenciais equilibram-se em meio à aventura, drama e ação, além de servirem como uma espécie de simulação para os eventos cotidianos, alterando significativamente o modo como enxergamos as pessoas e como compreendemos a nós e aos que nos cercam. A imparcialidade com a qual Brett aborda temas controversos por meio de seus personagens cheios de humanidade é um convite à reflexões inevitáveis por parte do leitor, que encontrará extrema dificuldade em posicionar-se contra ou a favor desse ou daquele personagem.

[Leitores assassinos: nossa vontade insana de matar]

Pode parecer inocente, mas essa vontade incontrolável que muitos leitores experimentam em relação a determinados personagens que saem por aí lançando sal nas feridas alheias; estuprando, matando e destruindo vidas, não é nem um pouco inocente: é puramente assassina (e, não adianta negar, deliciosa). Acredito que isso se deve a sensação de estar fazendo o que é certo, matando aquele personagem e poupando outros de suas ações (é como dar uma de Jeová vingador e destruir os bebês de Sodoma, futuros "pecadores").

Brett constrói seus personagens com um norte e com um sul. Em outras palavras, humanos, sem maniqueísmo, bons e maus ao mesmo tempo, realistas, (ainda que falhe nesse aspecto em alguns momentos). O ódio ou a raiva que você dedica à um personagem, podem se converter nos sentimentos contrários. Sob um ponto de vista, aquele personagem pode parecer detestável e abjeto, sob outro, alguém a quem você dedicaria seu apoio se pudesse. Portanto, tire seu dragão da chuva caso esteja predisposto a sair apontando adagas aos pescoços dos 'vilões' de Brett, eles podem arrancar-lhes doces beijos no capítulo seguinte.

[Acima de tudo, um livro sobre o medo]

O autor, ao escrever sua história, tinha em mente escrever algo que retratasse a forma como o sentimento 'medo' é divisor de águas na vida do ser humano. Lidar com o medo, seja qual for a sua natureza, é o tema central da história O Home Pintado. O medo está presente o tempo inteiro em um mundo dominado por demônios (e podemos sim usar a liberdade artística e fazer uma alusão com o nosso mundo, onde a 'cultura do medo' se infiltra em cada canto do globo).

Quando pequeno, um dos personagens centrais, Arlen, ouviu falar de um povo que vivia no deserto escaldante e que lutava contra os demônios quando estes se erguiam na noite e os matavam com lanças guardadas\cobertas com runas, ao invés de esconderem-se com medo na segurança de suas casas revestidas de guardas (runas mágicas que impedem a passagem dos demônios). Ouvir essa história só serviu para fomentar cada vez mais a raiva que Arlen sentia dos demônios, a respeito dos quais ele cresceu sendo doutrinado a temer, algo natural, imutável. Mas as histórias fazem isso dentro das pessoas, destrancam portas há muito emperradas. Nos revelam muito ou pouco (mas sempre o suficiente) sobre nós, sobre os outros, sobre o mundo, sobre a vida. Nos encoraja a seguir adiante.

[De modo geral]

Acho desnecessário dizer que O Homem Pintado foi uma das minhas melhores leituras do ano em fantasia e agora configura-se como um livro 'favoritado' no skoob. E, como me disseram, o segundo (que já li) é três vezes melhor. O autor vai aperfeiçoando a história e criando novas possibilidades que só enriquecem o seu universo e a trama.

E nesse tom inacabado, finalizo dizendo que está mais que recomendado!

Por Henrique Magalhães

site: http://pilulasliterarias.blogspot.com.br/
Ricardo 25/02/2015minha estante
Esse O PROTEGIDO é o mesmo livro lançado pela 1001 mundo O HOMEM PINTADO?


Henrique 26/02/2015minha estante
Sim, Ricardo, o mesmo. O que muda é a edição e a tradução, que em O Protegido será pt-br. ;-)


Beth 12/05/2015minha estante
Maravilhosa resenha, Henrique!


Harabel 19/07/2015minha estante
Ando cada vez mais apaixonada pelos livros e pelo capricho da Dark Side! Não sei como não vi o lançamento desse mas agora, depois de ver o folheto dele dentro do Demonologista, fiquei curiosa em saber mais do livro. E a sua resenha só me deixou ainda mais com água na boca e ansiosa para comprar! rs Mais que desejado agora! =)


Jones antonny 01/12/2021minha estante
A noite e uma criança




Marcus Reis 31/12/2013

"Por vezes, há boas razões para recear a escuridão..."
Imagine um mundo onde a noite é dominada por demônios; que se levantam da terra e destroem povoados, queimam plantações, e matam pessoas que forem tolas o suficiente para não verificarem suas guardas antes de dormir.Um mundo onde, os que tem sorte, vivem em fortes cercados por muralhas guardadas, e, os menos afortunados, em aldeias ou vilarejos.Um mundo onde a raça humana sofre risco de extinção devido a incessante "guerra". Guerra na qual apenas um dos lados lutam, enquanto o outro se esconde; rezando para que suas guardas durem mais uma noite.
È nesse cenário que conhecemos os 3 personagens principais dessa trama fascinante.
Arlen: Um menino de dez anos que vive em um pequeno vilarejo chamado Ribeiro do Tibbet. Um lugar de gente costumeira, onde todos zelam uns pelos outros; um lugar onde todos aprendem a lhe dar com as perdas causadas pela noite desde cedo.
Lersha: Uma moça de treze anos que nunca saiu Coto do Lenhador. Conformada em cumprir o destino traçado pela sua mãe, o qual acha ser o único possível:casar-se com o seu prometido, gerar filhos e cuidar da casa, assim como todas as outras mulheres.
Rojer: Um garoto de apenas três anos que vive com seus pais em Ponte Flúvia, um local de disputa entre dois Duques.

È nesse cenário que se desenrola a trama.Uma trama fascinante, com leitura bem simples e capaz de prender o leitor do inicio ao fim. Onde acompanhamos a evolução dos personagens ao decorrer dos anos, e vamos conhecendo cada vez mais da história por traz desse mundo decadente que aguarda em vão a chegada de seu salvador.
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Luan 22/03/2014minha estante
Aonde você comprou o livro?




pato 16/10/2012

Saga dos Demónios
Este foi um livro que me surpreendeu imenso pela positiva!
É para continuar a ler a saga...uma vez que tb já tenho o próximo volume.
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