Malu_roses 27/10/2023
Esse é um livro sobre amor e revolta
No quarto livro da série Duna, a história se passa quase 4 mil anos depois do terceiro volume. Mostra a visão do Leto na sua tarefa de conciliar sua imagem de imperador e de Deus de Arrakis. Traz reflexões sobre governar e as tendências humanas ao caos. Apresenta também, em contrapartida, a versão de alguns dos súditos e rebeldes do império.
As cenas em que Siona Atreides aparece, a descendente de Leto II que chefia a rebelião, são as mais empolgantes da história, quando há bastante ação e violência. Traz uma visão diferente sobre a energia e a raiva da juventude. Apesar de me compadecer de Leto, gostei que Siona nunca abandonou seu juramento depois de perder 9 de seu amigos numa única noite.
Nesse livro, Duncan Idaho sofre muito (novamente), pois tem sido "revivido" diversas vezes ao longo do tempo, apenas porque Leto gosta de sua companhia. Com uma defasagem de milhares de anos em relação às suas lembranças, ele se sente perdido com a nova estrutura local e se vê dividido na tarefa de lealdade aos Atreides, pois não reconhece mais as virtudes que admirava em Leto. Ao mesmo tempo, ele se fecha para adaptações, o que torna a convivência com ele bastante difícil. Encontrei nesse relato uma semelhança bastante forte com as pessoas que estão sofrendo, se fechando para os outros e tornando tudo maçante.
O que mais persiste na história, porém, é o amor de Leto. Ele fica muito evidente na solidão das escolhas que tomou em prol da humanidade, desistindo de sua própria. Apesar de seu corpo transformado e a constante lembrança de que era muito diferente de todos que o cercam, ignorando todas as suscetibilidades que o faziam querer desistir e seguir seu próprio caminho alheio aos outros, Leto II sempre persistiu fiel ao seu Caminho Dourado. Achei incrível a forma como ele, na maioria das vezes, sempre guiava a raiva de seus súditos por um caminho de aprendizado. Nas entrelinhas do seu discurso, havia mais humanidade do qualquer um enxergasse nele. Outra preocupação do Imperador Deus, foi deixar diários para a posteridade, e todo início de capítulo continha um trecho dele que me fazia pensar.
Algumas coisas no final não ficaram muito claras para mim, mas acredito que serão devidamente esclarecidas no próximo volume, como aconteceu com todos os outros anteriores. As trutas da areia que se soltaram dele trarão o deserto e a especiaria de volta? O verme de areia que ele se transformou fará isso ou morreu na caverna?
No começo, eu não gostei da ideia de ter de me adaptar a um novo cenário e novos personagens, assim como Duncan, mas o tempo fez seu trabalho e passei a reconhecer o novo como realidade do universo de Duna. Dito isso, fico cada vez mais admirada com o escritor, Frank Herbert, e sua inteligente notável em cada palavra! Recomendo muito a série.
E vamos para o quinto volume!