Alle_Marques 15/09/2021
“Nunca siga um líder sem fazer suas próprias perguntas.”
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[...] Mas Murbella falava. — Ela (Odrade era muitas vezes “ela”) fica me pedindo para avaliar meu amor por você.
Lembrando disso, Idaho deixou que se repetisse.
— Tentou o mesmo comigo.
— O que está dizendo?
— “Odi et amo. Excrucior!”
Apoiou-se no cotovelo e olhou para ele. — Que língua é essa?
— Uma língua muito antiga que Leto me fez aprender uma vez.
— Traduza. — Peremptória. Seu antigo ego de Honrada Madre.
— Eu a odeio e a amo. E estou torturado. [...]
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Sobre o sexto e ultimo livro:
Assim como aconteceu com o anterior, nesse também foi um sacrifico passar de um capitulo por dia, até a história começar a prender, coisa que só acontece no final, demora bastante, é necessária muita paciência e mais um a vez tive a impressão que o autor estava escrevendo apenas para ele, sem se importar com o bom entendimento dos leitores, a leitura é cansativa e maçante, a trama é confusa e no geral decepciona, sobre os personagens, dessa vez quase não tivemos novos, quase todos eles já tinham sido apresentados nos livros anteriores e seus desenvolvimentos nesse foram poucos, Duncan e Sheeana continuam iguais, Teg é uma grande promessa que não foi cumprida, Odrade e Murbella se tornam ainda mais interessantes ao longo do livro, deixam um pouco a desejar, mas Murbella tem um final bom, bem feito e bem conduzido, os personagens secundários e coadjuvantes, a grande maiorias pelo menos, são facilmente esquecíveis, mais um dos problemas do autor que só piora livros após livro, os cenários são irrelevantes e as cenas de ações poucas, os diálogos continuam sendo a melhor coisa do livro, embora muitos sejam confusos. O final, tanto do livro em si, quanto da saga como um todo, é agridoce, nem bom, nem ruim.
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[...] — Minhas Irmãs foram ensinadas a não divulgar os segredos do coração. Aí está o perigo que percebem no amor. Intimidades perigosas. As sensibilidades mais profundas embotadas. Não dê a alguém um bastão com o qual possa lhe bater.
Pensava que suas palavras fossem tranquilizantes para ele, mas ele ouvia a discussão interior. “Seja livre! Corte os laços que a peiam.” [...]
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Sobre a saga como um todo:
A primeira trilogia tem o começo no primeiro livro (Duna), o meio no segundo (O Messias de Duna) e o fim no terceiro (Os Filhos de Duna). É uma trilogia fantástica e completa. Tem problemas, claro, como a quantidade absurda de pontas soltas e personagens e tramas secundarias esquecidas pelo autor, mas o enredo principal os compensa, são muitas cenas inesquecíveis e muitas reflexões memoráveis, muitos personagens bem feitos, bem escritos e, a grande maioria, bem desenvolvidos como Paul, Lady Jessica, Duque Leto, Duncan Idaho, Gurney Halleck, Thufir Hawat, Dr. Yueh, Alia, Princesa Irulan, Leto II, Ghanima, Farad'n, os vilões Harkonnen como o Barão Vladimir, Feyd-Rautha e Rabban, os Fremen Chani, Liet Kynes, Stilgar e O Pregador, alguns caricatos e problemáticos, mas com um pouco de paciência dá pra relevar, os cenários como o próprio planeta Arrakis, suas dunas e os Sietch são incríveis, as cenas de ação e os diálogos muito bem feitos e notáveis. São três livros que valem muito a pena serem lidos e relidos.
Já a segunda trilogia começa a decair no quarto livro (O Imperador-Deus de Duna) que, apesar de não ser totalmente ruim, agrava muito dos problemas presentes nos seus antecessores e não os compensas com uma trama tão envolvente, daí pra frente é só ladeira abaixo, os dois últimos (Os Hereges de Duna e As Herdeiras de Duna) são extremamente monótonos e cansativos, com muitas conclusões que só parecem funcionar na cabeça do Frank Herbert e um enredo confuso e com muitas coisas desnecessárias. Enquanto lia, fui desenvolvendo um ódio da segunda trilogia, com foco principal no Duncan, tanto que não foi exagero nenhum quando disse que terminei na força do ódio e que só por um milagre leria os três últimos de novo, mas foi só terminar e refletir por alguns dias que esse ódio evaporou, percebi que os últimos livros, principalmente o quinto e o sexto, não são tão ruins quanto aparentam ser, o que dá essa impressão errônea é a escrita quase totalmente monótona, confusa, cansativa e com muitas coisas desnecessárias do autor, no geral os personagens, com exceção talvez de Leto II como Imperador, Moneo, Taraza, Odrade e Teg, as cenas de ação e os cenários são inferiores a tudo feito nos três primeiros e os diálogos deixam a desejar e são difíceis de compreender. Não foi uma experiencia muito boa e com certeza não foi fácil, mas acredito que vale sim a pena reler daqui a alguns anos, quando a vontade bater e a paciência estiver sobrando, quem sabe assim possa ter uma compreensão melhor da história e quem sabe possa ser uma experiencia mais bem aproveitada e prazerosa.
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“A guerra deve ser conduzida para trazer à tona o melhor naqueles que sobreviveram. Quanto mais distante o soldado estivesse da carnificina, mais difícil se tornava fazê-lo. Essa era a razão por que Teg sempre tentava remover-se para a cena de combate e examiná-la pessoalmente. Se você não visse a dor, poderia facilmente causar uma dor ainda pior, sem refletir.”
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Desafio Skoob 2021