edufernds 04/07/2020
Apolo, responsabilidades e uma quase sátira do Riordan ao seu próprio universo.
Eu torci o nariz quando anunciaram mais uma série de mitologia grega do Rick Riordan, apesar de ser meu autor favorito e queria que ele desse mais atenção as outras sagas como "Magnus Chase" ou" As Crônicas dos Kane", eu ficava com pena dos próprios personagens que pareciam que não tinham um minuto de paz, sempre envolvidos em histórias de proporções apocalípticas.... bem... acho que o próprio Riordan também sentia isso.
"A Profecia das Sombras" é interessante por esse fator de autocrítica, é legal ver Apolo na posição que todos os semideuses passaram por todos esses anos de Riordanverso, percebendo como a vida deles é hostil e sem qualquer descanso, como tudo é injusto a relação das divindades com eles e como isso os afeta, ele surta, chora, se desespera mas os semideuses e heróis ao seu redor não podem parar, devem seguir em frente e tenho a impressão que o Rick ta nos dando um final feliz continuo pra todos os personagens mais antigos que estão ao redor do Apolo enquanto é ele que deve se aventurar dessa vez; no livro passado era o Percy seguindo em frente com a família e estudos etc.. agora é a vez de Leo Valdez e Calipso.
Leo continua muito engraçado e sua relação com Calipso é curiosa, as brigas e problemas devido ao cansaço de nunca ter parado de lutar desde "O Herói Perdido" e finalmente isso ter consequência aos ânimos dos personagens é legal, é bom ver Leo achando seu lugar e criando planos pro futuro, é tão bom ver ele seguido em frente. Mas Calipso, eu acho que a personalidade mudou desde "A Batalha do Labirinto" e eu pessoalmente não gosto dela agora.
Apolo o protagonista talvez o personagem melhor trabalhado do autor, com toda sua impotência e dependência na história e como ele precisa assumir e resolver todos os problemas que ele causou gera momentos de auto reflexão e uma busca por empatia e altruísmo muito genuínos, e ele continua muito engraçado. Meg é incrível ainda, muito curioso pra saber mais dela, não da pra falar dela sem dizer muitos spoilers. As histórias estão cada vez mais sombrias e as vezes com uma violência gráfica bem inesperada.
A representatividade nesse livro é evidente e tão natural e soa ainda mais importante depois uma autora inglesa ai ter falado tanta besteira.
Por fim eu ainda acho que os vilões não representam um nível de ameaça muito alto, não são como Cronos ou Gaia e eles não possuem muito carisma, e as histórias de uma saga de 5 livros parecem muito despretensiosas, talvez se cada livro fosse sem continuidade e separada seria melhor, sem grandes vilões apocalípticos dessa vez. Mas por enquanto é uma série de livros sobre assumir as responsabilidades e seguir em frente, uma talvez despedida dos personagens do Rick Riordan? Talvez, é bom descansar as vezes.