Eclipsenamadrugada 06/08/2016minha estanteAlan o conto das garotas---- Dois garotos:
Ambos cursávamos uma escola para rapazes no sul de Londres. Embora fosse mentira dizer que não tínhamos nenhuma experiência com garotas
? Vic parecia ter tido muitas namoradas, e eu beijara três amigas da minha irmã -, acho que seria a mais pura verdade dizer que ambos quase só falávamos e interagíamos com outros
rapazes ? para nós, as meninas eram quase incompreensíveis. Bem, comigo era assim, pelo menos. É difícil falar por outra pessoa, e não vejo Vic há trinta anos. Não tenho certeza de que saberia o que dizer a ele se o encontrasse agora.
Quando ainda estudantes, queriam conhecer garotas:
? Vai ser como todas as outras vezes ? protestei. ? Depois de uma hora, você vai sumir pra dar uns amassos na garota mais bonita da festa, e eu vou ficar na cozinha ouvindo a mãe de alguém falar sobre política, poesia ou qualquer outra coisa. ? Você só precisa conversar com elas ? argumentou Vic. ? Acho que é aquela rua ali no final. ? Ele apontou alegremente, balançando a sacola com a garrafa. ? Entraram em uma festa que só tinha garotas: e... Você é um poema? ? repeti. Ela mordeu o lábio inferior:
? Se você quiser. Sou um poema, ou um padrão, ou uma raça cujo mundo foi tragado pelo mar.
? Não é difícil ser três coisas ao mesmo tempo?
? Qual o seu nome? -Enn.
? Então você é Enn ? ela disse. ? E você é do sexo masculino. E é um bípede. É difícil ser três coisas ao mesmo tempo? ? Mas não são coisas diferentes. Quero dizer, não são contraditórias. ? Era uma palavra que eu havia lido muitas vezes, mas nunca dito em voz alta antes daquela noite, e acentuei a sílaba errada. Contradítorias.
No entanto, eu estava conversando com aquela garota, ainda que só falando coisas sem pé nem cabeça, ainda que o nome dela não fosse mesmo Triolé (minha geração não tinha nomes hippies: todas as Luanas, Mels, Sois e Ceumares tinham apenas 6, 7 ou 8 anos, na época). Ela disse:
Eu me aproximei até sentir minha perna encostando na dela. Ela pareceu gostar: delicadamente, pôs a mão no meu braço, e um sorriso se abriu no meu rosto. Talvez eu a tenha beijado de verdade. Não me lembro. Só sei que eu queria. E aí Vic me chacoalhou com violência.
? Vamos! ? ele gritava. ? Depressa. Vamos! Na minha cabeça, comecei a voltar de mil quilômetros de distância.
? Idiota. Vamos! Anda logo! ? esbravejou ele, me xingando. Havia fúria em sua voz.
? Desculpa, amor ? interveio Vic, mas não estava mais sorrindo. ? Haverá outra ocasião. ? Ele agarrou meu cotovelo com força, me obrigando a sair da sala. Não tentei resistir. Eu sabia, por experiência, que Vic podia me encher de porrada se quisesse. Não fazia isso a não ser que estivesse alterado ou furioso, e estava furioso ali. Sentimos dor. Eu me apoiei no muro, e Vic vomitou muito, por muito tempo, na sarjeta. Ele limpou a boca. ? Ela não era uma... ? Ele parou Balançou a cabeça. E então ele continuou:
? Sabe... acho que tem uma coisa. Sabe quando você vai até onde ousa ir? E, se você fosse mais longe, não seria mais você? Você seria a pessoa que fez aquilo? Lugares aonde não se pode ir... Acho que isso aconteceu comigo hoje. Achei que sabia o que ele queria dizer: ? Transar com ela, é isso?
As garotas eram sei la de outro mundo... vê se da pra você lembrar com essas partes da história que coloquei ....