brunossgodinho 31/07/2020Quem sabe num filme?Nunca tinha lido nada de Ana Paula Maia, mas não cheguei à leitura desavisado. Já tinha tido impressões sobre sua literatura por parte do Yuri, do canal
Livrada!, e da minha namorada. Fiz essa leitura para preencher a categoria de livro do vestibular de uma universidade local, do Desafio Livrada desse ano.
Acho que, de início, fica claro que o estilo da autora é bem definido. Ela não está tateando para se encontrar como escritora, já se encontrou faz tempo - a orelha do livro deixa claro que ela é bem experiente. Por isso, há menos remorso e mais facilidade em dizer que não me agradou. Sabendo que a autora é roteirista fica fácil entender a impressão que tive justamente de estar lendo o roteiro de um filme e não propriamente um livro. Minha namorada havia comentado que o estilo de escrita dela parecia muito "americano", uma prosa meio rápida e insípida. Não é que não funcione em português, mas, suponho, não é do meu gosto.
A história em si achei redonda - tem começo, meio e fim, como a maioria das narrativas - e razoável. Não senti o senso de urgência que já senti lendo outros livros de suspense ou ação, ao menos, com passagens desses temas. Pareceu-me que o estilo de escrita tentava imprimir essa sensação sem que a história, por si mesma, proporcionasse isso. Colocado em outras palavras, parecia que a autora criou uma história simples, banal, e tentou agilizá-la e dinamizá-la através da forma. Para mim, ao menos, não funcionou.
Ao fim das contas, para mim foi um livro passável. Ainda me pergunto, honestamente, o que os prêmios literários encontraram de tão bom. Certamente discordo da autora da orelha do livro, Marcia Tiburi, ao comparar a narrativa com a de Kafka e considero que é diminuir muito o mestre tcheco. Para mim, foi dessas leituras que poderiam ter sido feitas em algumas viagens de transporte público para entreter durante as longas horas de idas e vindas, com um certo desprendimento e esperança de surpresa. A frustração talvez tivesse sido menor.