Luiza Helena (@balaiodebabados) 25/10/2018Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/Comportamento Altamente Ilógico foi o livro escolhido para o mês de outubro na leitura conjunta com os migos. Para ser sincera, não é um livro que eu escolheria de boa vontade, então foi bom terem escolhido por mim. O livro foi legal, mas sinto que faltou algo para mim.
Apesar da sinopse já mostrar as verdadeiras intenções de Lisa ao se aproximar de Solomon, no livro ela realmente se preocupa com ele e sua doença, querendo realmente ajudá-lo a se curar. Os meios não foram dos melhores, mas pelo menos a personagem já tem esse senso de que o cara não é maluco. Apesar de um tanto egoísta em certos momentos, Lisa é bem divertida e se torna uma ótima amiga para Solomon.
Solomon é agorafóbico e não saiu de casa nos últimos três anos depois de um surto que teve na escola. Apesar disso, ele tem uma rotina como de um adolescente qualquer: joga videogame, assiste filmes e séries, faz os deveres da escola (escola online, mas está valendo). Ele e sua família se acostumaram com seu problema e já tem uma rotina toda estabelecida. Quando Lisa se oferece para ser amiga de Sol, de início bate aquele pânico (literalmente), mas aos poucos ele vai se acostumando com a presença dela na sua família. Junto com Lisa, descobrimos que Sol é um garoto introvertido, mas muito bem humorado.
Os personagens secundários tem bastante espaço na história. Clark (namorado de Lisa), em certo momento, também entra na vida de Sol e eles descobrem muito em comum, como o amor por Star Trek Next Generation. Clark é um adolescente beirando à perfeição: um ótimo filho, um ótimo amigo, sendo leal e generoso com as pessoas ao seu redor. De repente parece que vai rolar um triângulo amoroso bem estranho entre os três. Apesar de não curtir essa tática, essa questão do triângulo influencia bastante não só na vida de Sol, mas na dinâmica de sua amizade com Clark e Lisa.
Os pais e a avó de Sol são uns amorezinhos! Apesar de ficarem tristes em alguns momentos por conta da condição de Sol, eles são compreensivos e o apoiam em suas decisões. As interações entre eles eram maravilhosas, principalmente Sol e sua avó bem pra frente.
No fim das contas, eu tive uma relação estranha com esse livro. Gostei da história e do ritmo; ele é narrado em terceira pessoa, com capítulos alternados o foco em Lisa e Solomon. Os capítulos são curtos, o que ajudou muito na leitura (terminei ele em um dia praticamente) e a escrita do John é bem direta e fácil de acompanhar.
Entretanto, eu não consegui me conectar tanto com a história. Tudo acontecia em um ritmo um tanto rápido e os diálogos me soava meio robóticos em certos momentos. Alguns assuntos que poderiam ter sido mais aprofundados ficaram um tanto jogados na história, como a família disfuncional de Lisa e seu grande desejo de sair da cidade, ou então o motivo por Clark não querer transar com Lisa. Sim, gente… pior que esse é um detalhe que tanto Clark quanto Lisa batem muito na tecla: ela quer e ele não; mas o motivo por ele não querer nunca saberemos já que ficou tudo por isso mesmo e acabou...
Fora isso, gostei como o autor tratou a questão da agorafobia. Creio que o único livro que tenha lido e havia referência à doença foi Without Merit e nem era o foco da história. Solomon teve uma grande evolução durante a história, mas ele não terminou curado porque agorafobia não é algo que se cura. Apesar da narração em terceira pessoa, o autor consegue passar todas as emoções, medos e inseguranças de Sol e é bem emocionante ver o personagem tentar dar um passo pra fora.
Comportamento Altamente Ilógico é um livro que trata de forma sensível uma doença que não é tão conhecida pela sociedade. Apesar do assunto e de algumas falhas, é um bom livro e você o lê em uma sentada.
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