É isto um homem?

É isto um homem? Primo Levi




Resenhas - É Isto um Homem?


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pierrealmeidaba 14/10/2022

Uma reflexão sobre a condição humana em situação limítrofe
"Uma parte da nossa existência está nas almas de quem se aproxima de nós; por isso, não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa ante os olhos de outro homem".

"É isto um homem?" é um relato pessoal e social do cotidiano vivido dentro dos campos de concentração na Segunda Guerra Mundial. Primo Levi apresenta com a sua escrita contundente, a perda da dignidade humana em decorrência das situações a que foram submetidos, a perda da capacidade de se indignar, de contestar, de reagir. A desumanização do homem pelo próprio homem.

De fato, uma leitura extremamente necessária e eu diria mais: obrigatória!
Andre234 14/10/2022minha estante
Adorei! Irei ler com certeza!




Diego Rodrigues 23/10/2021

"Não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa ante os olhos de outro homem."
Nascido em 1919, na comuna italiana de Turim, Primo Levi foi um químico e escritor de origem judaica. Deportado para o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em 1944, foi um dos raros sobreviventes do Holocausto. Após retornar à Itália, em 1945, retomou sua carreira de químico, mas, tentando expurgar suas feridas, se é que isso era possível, começou a escrever lembranças de Auschwitz. Desses escritos nasceram livros de ficção, relatos, ensaios e poesias. Publicado pela primeira vez em 1947, "É isto um homem?" é tido como um dos mais importantes testemunhos dos horrores protagonizados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Aqui Levi relata toda sua trajetória, desde sua prisão, em 1943, quando fazia parte de um grupo de resistência na Itália, até sua libertação, após a chegada dos russos, em 1945.

Se visto em grande escala o Holocausto já foi doloroso, quando visto mais de perto, da perspectiva de um ser humano que vivenciou tudo aquilo, os números se tornam nomes, os mortos ganham rostos, e a coisa fica ainda mais doída. É fato que antes de exterminar os judeus, os alemães faziam de tudo para desumaniza-los (de alguma forma e em algum grau, parece que isso tornava a nefasta tarefa mais fácil), então, mais do que sobreviver, Levi e seus companheiros tiveram que travar uma batalha diária para simplesmente permanecerem humanos. Não bastasse a fome, a sede, o frio, o trabalho exaustivo e as doenças a que estavam expostos, os prisioneiros ainda tinham que lidar com o sadismo dos guardas, com a humilhação constante e com a concorrência entre os próprios judeus, seja ela por cama, comida ou para escapar das temidas "seleções". Um estado contínuo de medo e de aflição que não os abandonou nem mesmo com a proximidade dos soviéticos, afinal, quem poderia garantir que o exército vermelho faria distinção entre nazistas e prisioneiros? E quem poderia garantir que os alemães ao fugir não mandariam o campo para os ares na tentativa de apagar os vestígios das atrocidades cometidas ali? Fardo pesado demais para carregar e por isso muitos vieram a sucumbir antes mesmo de ir para as câmaras de gás.

Importante ressaltar que este é um livro focado nos dramas de um sobrevivente e não um relato histórico. Você não vai encontrar aqui, por exemplo, fotografias, mapas, dados estatísticos e coisas do tipo (se quer uma leitura mais abrangente e menos pessoal sobre o assunto, sugiro ir atrás de outros títulos). Apesar de dar alguns detalhes do funcionamento do campo, Levi dá mais ênfase ao lado humano e psicológico em seus relatos. Alguns capítulos são inteiramente dedicados a lembranças de companheiros que estiveram ao seu lado no campo e que ele nunca mais viu. A leitura é pesada, mas não desprovida de sensibilidade. Ao longo da narrativa vamos perceber que muitas vezes os prisioneiros se apegavam ao que há de mais trivial numa tentativa desesperada de preservar sua identidade e sua humanidade: a lembrança de uma canção, os versos de um poema, a conservação de um simples ato como, por exemplo, tentar manter a higiene, qualquer coisa que viesse à mente e que servisse para lembra-los de que eles ainda eram gente.

Por mais que sejam conhecidos, os horrores do Holocausto nunca deixam de chocar. Sempre que um sobrevivente conta a sua história devemos parar pra ouvir/ler com atenção. A lembrança desse sombrio episódio da história da humanidade deve ser preservada, e constantemente revisitada, para que cenas como essas não venham a se repetir. Relatos como o de Levi são mais do que necessários, eles humanizam a catástrofe, transformam as estatísticas em gente e nos fazem pensar que poderia ser você e eu ali, bastava ter nascido no lugar e tempo "errados", ou deixar que se tornem errados o tempo e o lugar em que estamos hoje.

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 23/10/2021minha estante
Maravilhosa essa resenha. Adorei! Parabéns ?




Bell_016 12/08/2010

"Considerate la vostra semenza:
Fatti non foste a viver come bruti,
ma per seguir virtude e conoscenza"

"Relembrai a vossa origem, vossa essência;
vós não fostes criados para bichos,
e sim para o valor e a experiência."
lininha_k 18/12/2012minha estante
Quase chorei quando li essa parte.




emanoelle.santos1 14/02/2024

É isto um homem?
Um livro transparente quanto a vida em um campo de extermínio.
Onde homens deixam de ser Homens para virarem um número que tem que trabalhar sob condições desprezíveis.

"Não a vontade de viver, nem uma resignação consciente: dela poucos homens são capazes, e nós éramos apenas exemplares comuns da espécie humana."

" Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante mas que não tem água potável, esperando algo certamente terrível, e nada acontece, e continua não acontecendo nada."
Ellen Seokjin 14/02/2024minha estante
Me senti muito mal lendo esse, muito sofrimento.




Katiih 27/12/2022

Falar sobre holocausto; nazismo...já se trata de um tema triste e desconfortante. Que dirá ler um relato autobiográfico de quem viveu os dias desse inferno na terra? Primo Levi, relata de forma clara e concisa sobre os 11 meses que passou no campo, sendo um dos 20 sobreviventes dos 650 judeus que entraram com ele. Se coloca como observador diante daquilo que, de início, não deixa de retratar como “um grande experimento social”.

Compartilha a história de modo a nos fazer participantes do que vivenciou ali. O texto prende o leitor e não cansa (pelo menos p mim), embora em alguns momentos a angústia tome conta, sendo difícil não se sensibilizar e questionar o porquê de tanta crueldade. O relato é forte, frio e direto. Sem discurso de ódio (o que me chamou mto atenção), apenas o dia a dia daqueles que diante das circunstâncias perderam sua humanidade, sejam esses os prisioneiros ou seus algozes.

O autor, quase, não faz distinção entre os grupos, relata todo o contexto que permeia seus dias, com momentos de reflexões, angústias, esperança e até mesmo sorte, sendo a sorte, um dos fatores que tbm permeava, a cerca, dos processos de morte no local. É uma obra que nos faz questionar até que ponto pode chegar a nossa falta/perda de humanidade.

Super recomendo o livro.
Felipe 12/01/2023minha estante
Adorei a resenha, fui ler o livro e fiquei impactado com a narrativa. Apesar do contexto, é uma leitura que flui e de fato nos prende.




Greice 15/04/2020

A resiliência humana em meio a tragédia.
É isto um homem? de Primo Levi.
A trégua, de Primo Levi.

📖"'É isto um homem?" é um libelo contra a morte moral do indivíduo. No livro, o escritor e químico italiano Primo Levi relembra seu sofrimento num campo de extermínio, sem, contudo, invocar qualquer resquício de autopiedade ou vingança. Deportado para Auschwitz em 1944, entre outros 650 judeus italianos, Levi foi um dos poucos que sobreviveram, retornando à Itália em 1945. (Resumo da Editora)
📖 "A trégua" narra a longa e incrível viagem de volta para casa depois da libertação de Auschwitz e do fim da guerra. Numa Europa semidestruída, o autor e vários companheiros de estrada viajam sem destino pelo Leste até a URSS, premidos entre as ruínas da maior de todas as guerras e o absurdo da burocracia dos vencedores. (Resumo da Editora)

💔 Esta é uma resenha conjunta de dois livros da trilogia de Auschwitz, escrita por Primo Levi . “Os afogados e os sobreviventes”, que ainda não li, completa a trilogia. Li “É isto um homem?” há alguns anos e me marcou profundamente. Então, este ano, fiz uma releitura e li pela primeira vez “A trégua”. Essas duas obras biográficas recontam a trajetória de Primo Levi, desde seu envio para o campo de concentração de Auschwitz até seu retorno para casa. Por se tratar de um período um tanto sombrio da história da humanidade, alguns podem pensar que há muito ressentimento e tristeza em suas páginas, mas, na verdade, Primo Levi escreve de uma maneira direta, sem arroubos sentimentais ou busca de sentido. “O que aconteceu e como aconteceu?” Essa é a pergunta a que Primo Levi responde, sem, no entanto, deixar de evidenciar a busca em manter a própria humanidade, tarefa que vai se tornando cada vez mais difícil. Essa é uma história de perseverança, resiliência, adaptabilidade e engenhosidade humana e de como a sorte definiu a vida e a morte de milhões de pessoas. Por que alguns sobreviveram e outros não? Espero que todos possam conhecer esses livros. Leitura fundamental.

🏆 Favorito!

site: instagram.com/greiciellenrm
Juliete Marçal 15/04/2020minha estante
Ahhh :) Esse livro está entre os meus favoritos da vida, junto com 'A Tregia'. Também não li 'Os Afogados e Os Sobreviventes', ainda. ?




Alan kleber 13/05/2022

A má nova do que, em Auschwitz, o homem fez do homem.
As últimas páginas descrevendo os últimos dias no Campo são uma das coisas mais poderosas e comoventes já escritas.
Livro definitivo pra entender o que foi o nazismo. E como foi viver prisioneiro nos Campos de exterminio.
Nada do que o homem possa fazer, chegará nunca a reparar o sofrimento que aquelas pessoas sentiram. Por isso é necessário que a civilização esteja sempre vigilante. Para que esse horror não aconteça novamente.

"Nós somos os escravos dos escravos, que todos podem comandar, e o nosso nome é o numero que levamos, tatuado no braço e costurado no peito. O sonho demente de grandeza dos nossos patrões, seu desprezo de Deus e dos homens, de nós homens.
Jazíamos num mundo de mortos e de fantasmas. O último vestígio de civilização desaparecera ao redor e dentro de nós.
Não é humana a experiência de quem viveu dias nos quais o homem foi apenas uma coisa aos olhos de outro homem."
Eliza.Beth 14/05/2022minha estante
Devastador!
Sempre vigilantes ?




Erika 31/05/2020

Dias frios.
Primo Levi relata os seus dias passados no campo de concentração em Auschwitz, após ser capturado durante a Segunda Guerra Mundial.

É um livro duro? Sim. Bem complicado saber que enquanto eu estou no meu sofá, debaixo da cobertinha e reclamando do frio, milhares de pessoas trabalharam em uma temperatura abaixo dos 20 graus negativos, com roupas leves e sapatos de madeira que provocavam feridas horríveis nos pés.

Que depois de eu ter comido até passar mal, os judeus capturados por nazistas e facistas sobreviviam diariamente com um pedaço de pão no café da manhã e um prato de sopa rala no almoço e outro no jantar.

Que enquanto eu me aborreço com coisas fúteis, eles eram severamente castigados por simplesmente tropeçar por estarem fracos demais para suportar os trabalhos pesados que eram obrigados a fazer.

Que enquanto eu reclamo de dor de cabeça, os considerados ?sem serventia? para o trabalho eram selecionados para a câmara de gás.

Em nenhum momento do livro o autor faz discurso de ódio, rancor ou apontamentos parecidos com esses que eu acabei de fazer. Ele simplesmente relata os fatos através de seu ponto de vista, se questionando se os judeus capturados ainda poderiam ser considerados homens, ser considerados humanos. Após tanto sofrimento o orgulho que cada um poderia sentir desaparece, transformando seus corpos em robôs. Robôs que adoecem, sentem fome, sentem frio.

Esse tipo de história incomoda mesmo, mas acredito ser importante sairmos da nossa caixinha, não apenas para valorizar o que somos e temos hoje, mas principalmente para conhecermos o passado, para que atrocidades desse tipo nunca mais venham a se repetir. Vivemos tempos escuros, onde a bandeira do racismo é levantada sem temor, onde ideologias são criadas sem fundamentos, onde o ódio é um sentimento comum. E sinceramente não acho impossível que isso torne a acontecer.

Leiam este livro. Ele perturba sim, mas também mostra um feixe de luz.
Alê | @alexandrejjr 06/10/2020minha estante
Belíssimo texto, parabéns!




magdolas â° 09/01/2023

gostei bastante no início, mas fui perdendo o interesse ao longo do livro... embora seja um bom retrato da 2a guerra mundial e do dia a dia nos campos de concentração.
Rilarysilvat 08/06/2023minha estante
Verdade Magda




Andrei.Mazzola 08/05/2021

De gente a coisa, de coisa a gente
Uma obra em caráter de urgência, de quem escreve em gritos após a imposição da mudez, após a tentativa de lhe retirarem a humanidade. São estes sentimentos que percebemos ao entrarmos em contato com a obra de Primo Levi: É isto um Homem?

Obra de um Químico italiano e judeu que busca firmar relatos, memórias como um homem que sentiu sua humanidade ser arrancada de si, que viveu as mais degradantes humilhações no Campo de Concentração de Auschwitz na Polônia, um dos maiores símbolos de referência do extermínio humano no século XX e que marcou a história humana, assim como, sua capacidade de dobrar um homem a ponto de se tornar coisificado, algo que ao fim se descarta como pó ao vento. Os judeus no campo eram para Levi ?bonecos de ossos?, moldados nas piores condições existentes para uma pessoa.

Separados de suas famílias desde a viagem ao campo, ao chegar eram escolhidos entre os aptos, ou seja, úteis ao trabalho e rentáveis aos negócios alemães (normalmente homens jovens e saudáveis) ou os que iriam direto as câmaras de gás e de lá para os fornos crematórios (velhos, deficientes, crianças, mulheres).

Publicado em 1958, a obra de Levi busca traçar sua trajetória desde sua captura na Itália em 1943 com 24 anos, até sua libertação pelos soviéticos em 1945. Ao ler este livro podemos ter em mãos e em mente toda a trajetória realizada pelo personagem e autor do livro que narra a sua viagem nos trens de carga sem iluminação, sem assentos, feitos justamente para se colocar coisas lá dentro, não pessoas.

Uma viagem longa e que levam estes judeus a cada vez mais longe de sua humanidade, pois no caminho lhes faltam as necessidades mais básicas e elementares como água para beber. Percebe-se a sede sendo evidenciada, não havia água potável na viagem e nem mesmo no campo, a água que conseguiam tomar era aquela do caldo da sopa, aguada e sem muitos nutrientes que aliada de um mísero pão em formato quadrado faziam a parca refeição destes seres condenados e escravizados.
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Situação possível a partir da construção do nazismo pela sociedade alemã e sua institucionalização no III Reich nazista estabelecido no poder que sob o comando de Hitler assombrava o mundo desde meados dos anos 1933.
Silva 08/05/2021minha estante
Parabéns! Ótimos comentários




Pedro 02/08/2021

Em "é isto um homem?", Primo Levi nos relata a sua experiência no Campo de Concentração (KZ) de Auschwitz-Birkenau.

Desde a sua chegada, Levi - um jovem químico da Itália - aprende paulatinamente as normas escritas e não-escritas do Campo: sempre se deve tirar o chapéu para saudar um oficial da SS, os sábado eram reservados para a raspagem obrigatória do cabelo e barbearia, perder a sua própria camisa era considedarada uma transgressão, ninguém deveria pegar mais do que a porção diária de 1 L de sopa, etc ...
Essa sensação de alerta constante complementava (e aprofundava) a rotina estenuante de trabalho braçal, que se extendia além da capacidade que julgamos ser humanamente possível.

E é aqui que mora a chave da obra: o Campo constitui uma ferramenta que extirpa seus prisioneiros (Häftlinge) de toda e qualquer autonomia. Quando bem-sucedido, não se sentem mais importante do que o carvão que se carrega ou da estúpida lama que se deve enxovar.

Em meio a meticulosidade das normais alemães, os prisioneiros eram constantemente surrados, punidos e, por vezes, enforcados publicamente se não seguissem à risca o impiedoso estilo de vida imposto, renegado à repetição do trabalho forçado, adoecimento, fome e frio.

Como resultado, as normas e morais convencionalmente aceitas são abandonadas: entre os próprios prisioneiros, roubo, tráfico de itens, violência e mesquinhez tomam conta da população, que se agarra a qualquer meio para sobreviver. A todo momento, inclusive durante o sono, era preciso estar atento aos seus itens pessoais e procurando possíveis vantagens que lhe permitissem sobreviver. Observamos o florescimento de um mercado negro perto de um dos Blocos, nos quais as cotações entre artigos simples varia dia a dia, sendo muitas vezes pago em rações de pão.

Em meio a isso, Levi levanta uma questão interessante: Será que podemos realmente julgar com nossos padrões as atitudes de pessoas forçadas a condições tão degradantes?

Para mim, entretanto, a verdade é muito mais complexa: pelas palavras do autor podemos vislumbrar como o Campo impõe suas próprias normas de Mem ou Mau, sua própria linguagem e seu próprio entendimento de vida, que, por sua vez, não se preocupa mais com o amanhã.
Isso porque o frio, a dor, a fome, o cansaço, a aniquilição final já estão aqui - no presente - e não sabemos se iremos durar até o próximo dia.

Com o fim próximo da guerra, as condições de Levi e os demais prisioneiros melhoram gradualmente, mas ainda em um período cheio de dificuldades, ainda que menos pior. É aqui que observamos a retomada da dimensão humano do autor. Até então, vivendo no limiar das condições que o corpo é capaz de aguentar, agora se podia finalmente voltar a sonhar, sentir (dor ou alegria) e raciocinar. A condição de máquina a qual se havia acostumado enfim estava lentamente sendo abandonado.

Com a chegada dos russos e a libertação, Levi retoma a vida pós-Campo, começando a escrever essa obra ainda em 45.

Assim, respondendo à pergunta do título "é isto um homem?", para mim a resposta é clara:

O Campo consegue reduzir a condição humana até seu aspecto mais básico e deplorável. Posteriormente, vemos um início na trajetória que leva à desmaquinificação do homem. Mesmo nesse caminho final, entretanto, muitos não sobrevivem, acrescendo às estatísticas mais um número, daquele ser que há muito já não se sabia mais o que era.

por Pedro Henrique Portugal
Livia 02/08/2021minha estante
Adorei a resenha ?????? o livro parece ser excelente




Gustavo Araujo 24/06/2013

É Isto um Livro?
Dizem que o italiano Primo Levi (Turim, 31 de julho de 1919 — Turim, 11 de abril de 1987)começou a escrever “É Isto Um Homem?” de trás para frente, ou melhor, que iniciou seu relato sobre os onze meses que passou em Auschwitz abordando os últimos dez dias no campo.

Dá para imaginar o motivo. Levi fora deixado na enfermaria juntamente com cerca de 800 outros prisioneiros, considerados fracos demais para a marcha de evacuação rumo a outros campos por causa da aproximação dos russos em janeiro de 1945, um destino que acabaria ceifando a vida de praticamente todos aqueles obrigados a enfrentá-la.

Esses dez dias no campo abandonado resultaram na mais completa degradação moral, física e humana e, exatamente por isso, representam o que há de mais pungente no relato. Refletem a redução do homem às condições mais básicas de sobrevivência, quase instintiva, e sem concessões à qualquer tipo de esperança.

No entanto, era necessário falar também do que ocorreu antes. Para tanto, Levi toma o leitor como cúmplice, conduzindo-nos aos dias que levaram à sua detenção no campo provisório instalado pelos nazistas próximo a Modena, no norte italiano. Lá, mostra-nos a angústia das famílias detidas que, àquela época, já sabiam perfeitamente o que lhes aguardava, mas mesmo assim continuavam comemorando aniversários e deixando a roupa das crianças secando nas cercas de arame farpado duplo.

Levi nos joga com violência na atmosfera sufocante dos trens com destino à Polônia e divide conosco a angústia entre ser selecionado para algum trabalho ou marchar diretamente para as câmaras de gás em Birkenau. Com uma pontada de alívio – nunca esperança, reforce-se – acompanhamos a maneira como Levi aprende a sobreviver no campo de trabalho de Monowitz, para onde foi destacado.

Com habilidade, confidencia-nos o martírio da vida entre reses descartáveis, para quem a morte era o destino evidente em pouco tempo. Com ele aprendemos as regras, sussurradas entre o frio e as péssimas condições de trabalho.

Tirar o chapéu, responder “jawohl” sempre que perguntado, enganar os outros prisioneiros, conseguir uma colher. Comer seu próprio pão e batatas e, se possível, roubar o do companheiro ao lado. Entender a hierarquia dos presos, aprender as regras do comércio envolvendo pães, panelas, cigarros. Respeitar os políticos, os assassinos, os proeminentes, os kapos e os chefes de barracão. Compreender, o mais cedo possível, que jamais que haverá uma saída, que não há espaço para condescendência, para respeito por si próprio ou pelos outros. Acostumar-se com o frio, com a lama, com os calçados de madeira. Perder a própria identidade e chamar-se por um número.

Qual o segredo para sobreviver? Levi nunca aborda o assunto por tal perspectiva. Vive um dia depois do outro, apenas. Nem mesmo quando é destinado à enfermaria, o ka-be, ou para trabalhar como químico no laboratório ele se permite pensar na existência de um mundo exterior, ou na ideia de que um dia fora um homem livre. Tem noção de sua aparência degradante, de sua cabeça raspada, o rosto encovado, os olhos fundos, suas costelas aparentes.

Ensina, porém, que assim como não existe a felicidade completa, também a infelicidade completa é irrealizável. Essa ideia o conduz à aceitação de seu destino de maneira estoica – e também heroica, por que não? – sem os questionamentos de ordem filosófica de Remarque, mas ainda assim nos fazendo pensar: se a morte é o limite para cada alegria, também o é para a mais profunda tristeza.

Muito mais do que um livro, "É Isto Um Homem?" traduz-se em um monumento à dignidade - ainda que de forma indireta - a constatação de que mesmo em meio ao horror, ou talvez por causa dele, é possível descobrir o que nos torna humanos.
Gabriela.Forjaz 30/09/2016minha estante
Foi dos melhores resumos do livro que li até agora. Um bem haja




Erudito Principiante 10/10/2019

Impactante!
Esse livro, com um relato perturbadoramente real, me assombrou mais do Drácula e os contos de Poe, me fez prender a respiração mais vezes do que Stephen King. Ou seja, o horror da realidade é pior do que o da ficção. No entanto obras como essa devem ser lidas por todos, à exaustão, para que não caia no esquecimento toda crueldade do que o ser humano é capaz para com seu semelhante.
Sheila Lima 10/10/2019minha estante
Li algumas resenhas sobre esse livro, me interessou muito. Em contrapartida, venho me debatendo com a maldade das pessoas e não sei até que ponto eu conseguiria ler. O fato é que o homem espiritual cada vez mais dá lugar ao homem animal. Lamentável!




tami 25/02/2022

Uma leitura importante e que nos faz pensar o que nos torna homens
Desde o começo de seus relatos até os as ultimas páginas do livro, Primo Levi implica numa questão obrigatória; o apagamento do homem, de seus valores, suas crenças e da esperança.

Sempre que pode, ele deixa claro a humanidade interior que era escassa nos campos de concentração, tanto no soldado alemão quanto nas pessoas que foram retiradas de suas vidas e aprisionadas, passando a ideia de qualquer rotina fora daquele inferno ser um sonho distante.

Eles não tinham nome ou algum atributo que apontasse sua individualidade, sobreviviam com a sensação de frio e fome que o leitor jamais compreenderá.

A pergunta que roda em torno do livro me é clara, não eram homens, nenhum deles. Suas perspectivas diárias, dificilmente passavam de não ser, não ter, não possuir ou querer, sua existência foi reduzida a nada, as atrocidades humanas eliminou milhões de seus, acabaram com vida de pessoas e deixou marcado em nossas memorias que o limite da perversidade humana a cada pagina é atravessado e de fato não existe alguma fronteira que a pare.
clafrodit 25/02/2022minha estante
vou copiar e colar no word obrigada pelo meu 10




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