Tamirez | @resenhandosonhos 01/08/2018MEIA GUERRA - Joe AbercrombieMeia Guerra fecha essa trilogia de Joe Abercrombie e a história que começou com Yarvi, passou por Thorn e se encerra com Skara. E, de longe, ela foi a narradora de quem menos gostei, no livro que me pareceu mais bem escrito. Faz sentido?
Há personagens escorregadios, que escondem coisas, que tem muitas facetas e há Skara. Ela, à princípio parece inofensiva, apenas uma bela princesinha. Ai do nada ela é super sagaz, volta a ser ingênua, tem uma sacada muito esperta, comente um erro banal. Sua personalidade é uma gangorra e como ela surge completamente do nada e precisa se “desenvolver” no meio da tempestade, sua construção ficou extremamente comprometida.
“Às vezes parecia que tudo que ele tinha por dentro era medo. De perder seu lugar. De ficar sozinho. Das coisas que havia feito. Das coisas que poderia fazer.”
Pra salvar a trama, no entanto, e dar ao livro o peso que ele merece, temos Yarvi, como sempre muito astuto e com muitas tramoias no bolso e Thorn, nossa temível Escudo Escolhido. Também voltamos a ver a rainha Laithlin, Brand e Avó Wexen. Além de novos personagens, com um destaque especial para Raith, que ajudou a salvar toda a narrativa.
Ele é, de longe, o melhor personagem desse volume em termos de crescimento do começo ao fim do livro. Daquele que carrega a espada de Grom-Gil-Gorm a alguém que passa tanto ou mais sentimento e o peso que carrega nas costas do que já havíamos visto em Thorn, em Meio Mundo. Aliás, personagem essa que poderia ter tido um pouco mais de destaque, mas que também apareceu bem quando lhe dado espaço. Há uma cena de despedida muito divertida e sua última parte no livro também vale a leitura.
Com relação à trama e ao fato de ter curtido mais esse livro do que os outros, se deve totalmente à reviravolta final. Quem diria que fôssemos ser tão trouxas. Eu, pelo menos, me senti assim. Tanta coisa que não era bem o que imaginávamos, que não víamos como o todo. Personagens que representavam algo, mas interpretavam um papel completamente diferente. Não que fosse completamente inesperado, eu apenas me senti bem enganada quando tive certos nomes em alta estima e os vi sendo atirado ao chão por serem na verdade cobras traiçoeiras. Então, já vai o aviso, adentre a leitura de olhos bem abertos para não ser picado.
“Como acontece frequentemente com os homens, mostram-se mais ferozes falando do que lutando.”
E, claro, a proposta é realmente encerrar o ciclo com um final digno para todos. Por um segundo eu achei que iríamos ter algo muito aberto, mas isso logo foi resolvido. O que, de certa forma, também soou levemente abrupto. Mas mesmo que pareça que o livro tem vários problemas, a jornada foi tão instigante que consigo deixar tudo isso de lado e apenas ficar feliz com todo o fechamento.
Foi, certamente, o livro que li mais rápido dentre os três, mesmo não gostando de quem estava me contando a história e isso por si só já é estranho. Mas, novamente, acho que todo o meu fascínio com Meia Guerra é pela descoberta final e os muitos picos que temos aqui. Há pequenas e grandes batalhas pra todo lado e não apenas um confronto final. Isso ajuda a distribuir o peso do livro e também sair da fórmula tradicional.
Meia Guerra me entregou o que eu precisava pra adicionar o nome de Joe Abercrombie a lista de autores de fantasia que eu fico de olho e despertou a vontade de ler a outra trilogia do autor que já havia sido previamente publicada pela Arqueiro, mas nunca me chamou a atenção por suas capas.
Sendo assim, se você só precisa ler Meia Guerra pra encerrar essa trilogia, vá em frente. Agora, caso você esteja procurando uma dica de fantasia para se aventurar, Mar Despedaçado é uma boa pedida. Os três livros tem narradores diferentes em uma história linear, que possui um tom e um foco bem diferente em cada um deles, tornando a descoberta de juntar todas as peças ainda mais surpreendente.
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