Joi | @estantediagonal 25/04/2018Finalmente a história de Clara!Não foram os tropeços do passado que tiraram Clara do centro das atenções, extremamente linda, ela é o melhor partido da temporada e por este motivo, mesmo ao final dela, continua recebendo propostas de casamento, apaixonadas e atrapalhadas, de seus pretendentes. Fato que não agrada nem um pouco a jovem de 22 anos. Os acontecimentos passados parecem ter moldado Clara e agora ela exige que não seja mais considerada como apenas um objeto, algo que na época era um grande obstáculo para as mulheres. Mesmo dentro as limitações Clara decide dedicar-se a caridade e apadrinhar um casal de irmãos desafortunados que se encontram separados. Para isso, ela solicita a ajuda de um familiar, porém, desconhecido advogado.
Oliver Radford, conheceu a família de Fairfax quando criança, quando sofria os piores tipos de bullying por não pertencer a nobreza, mas sim a classe trabalhadora, coisa que de fato, nunca o incomodou, mas um episódio em especial ao lado de Clara, fizera que ele nunca se esquecesse da pequena loirinha de dente lascado. Anos depois a mesma menina o reconhecera no seu escritório de advocacia, envolvida em planos que não condiziam para damas da idade dela, muito menos da nobreza. Trabalhando juntos, o envolvimento diário e as doces lembranças da infância, podem fazer do encontro de Clara e Radford algo a mais e despertar em ambos sentimentos confusos, porém verdadeiros. O que esperar da união da garota mais desejada de toda Londres e do solteiro mais improvável?
Neste volume é possível perceber, finalmente, a verdadeira essência de Clara, o quanto é inteligente, voraz, sensível e mais do que corajosa. Uma mulher que não se vê conformada pelo conforto de sua classe social, mas sim aprisionada pelas amarras que a sociedade a veste. Nos outros volumes sempre tivemos uma visão muito superficial de Clara, o que sugere que tiremos conclusões precipitadas sobre sua real personalidade. Sem dúvidas, todos os acontecimentos que ocorreram nos volumes passados contribuíram para o desenvolvimento da Clara de Romances Entre Rendas.
Com um lugar cativo desde seu nascimento, as cenas em que Clara explode em relação sua condição como mulher e expõem todas as suas frustrações, sem dúvidas rendem ao leitor os melhores trechos, que justificam não só suas atitudes, mas como nos inspira a refletir sobre a verdade por trás do glamour da aristocracia. Clara não pode demonstrar muita inteligência, não pode ler livros demais, não pode resolver seus próprios problemas, não pode andar sozinha na rua, não pode, não pode... Acompanhar todo este misto de sentimentos na personagem, desenvolveu em mim uma admiração e entender do porquê, ela buscar sua libertação, mesmo em pequenos atos rebeldes.
Por outro lado, mais vez Loretta Chase trabalha com um par romântico de classes sociais diferentes e isso é o que mais me encanta na série da autora. Trabalhadores, por mais dignos e sofisticados que fossem viviam em outro mundo e conviver entre a nobreza para alguns era uma grande exceção ou até um impedimento. Oliver é um homem extremamente focado e dedicado a sua profissão e família. Diferentemente dos mocinhos dos outros livros, aqui não temos um libertino, que gasta rios de dinheiro com bebidas ou mulheres. Oliver vive pelo trabalho e pelos direitos da população mais pobre, o que esperar quando um advogado passa a apoiar e admirar as aventuras de uma jovem em busca de justiça?
A autora encontrou um tom próprio para cada volume desta série. Abordou questões mais políticas, falou sobre a relação da burguesia com a nobreza e trouxe personagens marcantes e com personalidades únicas.
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