Larissa.Manucci 28/12/2021No Seu Pescoço é o primeiro livro de contos de Chimamanda, ela que é uma escritora incrível Nigeriana, ganhadora de vários prêmios literários e autora de diversos livros extremamente necessários.
A minha experiência com livros de contos não é muito grande, fazia um bom tempo que eu não me aventurava em um. Confesso que no início fiquei um pouco desanimada de começar a ler e deixei o livro parado por um bom tempo na minha estante. Por um lado foi bom, acredito que eu peguei o livro pra começar a ler na hora certa.
No Seu Pescoço me surpreendeu demais, que livro incrível!!! Ele é dividido em 12 contos, cada um deles totalmente independentes um do outro. Porém todos contam com o estilo de escrita incrível de Chimamanda, que, através de diversos contrastes, nos mostra um pouco da cultura nigeriana, dos costumes e também da influência americana, dos preconceitos e transformações.
Nos deparamos com uma realidade chocante da violência do governo nigerianos, conflitos religiosos, preconceito racial, a vida como estrangeira e a total ignorância americana, que trata todo o continente africano como se fosse um único País.
Chimamanda nos mostra o contraste entre pobreza extrema e a riqueza, entre o velho e o novo, entre a religião e ciência e muitos outros assuntos que se mostram cenários perfeitos pros seus contos.
O meu conto favorito foi Jumping Monkey Hill, no qual temos Ujunwa, uma escritora nigeriana que é convidada para um workshop para escritores africanos que aconteceria na Africa do Sul, num resort muito turístico. Nesse conto somos apresentados a escritores de varios paises africanos e conhecemos um pouco sobre suas caracteristicas e alguns estereótipos. Edward Campbell, um europeu, é o organizador do evento.
A autora nos mostra todo o desenrolar do workshop paralelamente a um conto que ela escreve para ser apresentado aos participantes, os quais deveriam avalia-lo. O conto é sobre a própria vida de Ujunwa, sobre os desafios encontrados em uma sociedade extremanete machista e como ela enfrentou a situação recusando um emprego no qual ela teria que usar o corpo pra conquistar clientes. É no momento em que Ujunwa lê seu conto ao grupo que temos o ápice do conto, sua história não é considerada africana suficiente (por um europeu), nem realista suficiente, afinal de contas, que tipo de pessoa se imporia daquela forma?
Esse é meu primeiro livro da Chimamanda, mas eu já quero ler muitos e muitos outros. É impressionante o quanto eu pude aprender e compreender o quanto é importante ler algo escrito sob o ponto de vista de alguém que está realmente no seu lugar de fala, uma mulher negra africana!