Ilana 21/05/2020
Enraizados podia ser... Mas não foi.
Enraizados conta a história de Agnieszka, uma jovem que é escolhida como oferenda para um mago chamado de Dragão e acaba se envolvendo em uma rede de magia, intrigas, traições e esperança de salvar o reino e a Floresta - que acaba sendo personagem principal desta história.
Enraizados é uma história que tinha tudo para dar certo, mas em alguns pontos falta alguma coisa e em outros sobra. Começando pelo enredo, a autora tem muita história para contar, já que o livro se baseia em contos de fadas eslavos. Mas ao invés de usar bastante suas ferramentas, ela deixa a desejar em alguns momentos focando em problemas que sequer deveriam existir na história.
E, mesmo quando a leitura ficava mais entediante, por assim dizer, eu conseguia ver o bom conteúdo. O problema inicial para mim é a narração muito contada e pouco mostrada. Achei que estivesse sendo chata, mas depois de ler outras resenhas, percebo que não.
No entanto, depois de páginas e mais páginas a curiosidade sobre o que vai acontecer com a Floresta - o lugar encantado que suga pessoas, corrompe animais e seres humanos e devora vilas - se sobrepõe à forma como a autora narra.
No entanto, ao longo do livro algumas situações me tiraram do sério. Um dos personagens masculinos acaba mostrando sua estupidez de diversas formas e ainda assim a autora acaba passando a mão na cabeça dele em muitos momentos.
Agnieszka é uma personagem controversa. Ela tem só 17 anos quando é capturada. Ao longo do livro ela acaba evoluindo de acordo com a magia, se torna uma bruxa capaz de descobrir como resolver problemas e sua evolução como feiticeira é louvável - embora todos estejam criticando como ela consegue pensar em algo que bruxos mais velhos não conseguiram, vamos combinar, ela é a protagonista, de certa forma ela é como uma "escolhida", óbvio que mesmo sendo mais nova e com menos experiência, no livro é dever dela conseguir certas façanhas e ouso dizer que poucos comentariam isso caso a personagem fosse na verdade um jovem rapaz dotado de magia. No entanto, no quesito personagem, a autora estagnou Agnieszka, que continuou imprudente e muitas vezes irritante ao longo do livro, porém lembremos que ao longo da história - mesmo com o passar do tempo - ela não deveria ainda ter vinte anos.
O par de Agnieszka embora seja um personagem que foi fácil para mim aceitar, tem mais uma ligação emocional através da magia com ela. O que não o torna menos aceitável. Gosto do fato da autora ter focado muito mais em sua personagem e em sua jornada do que em como ela se apaixona e vive esse amor. Para mim esse é o ponto principal do livro. Não temos uma protagonista nos moldes, ela está sempre desalinhada, é desaforada, cuida da melhor amiga e deixa para trás o cara de quem gosta para ir atrás do que ela considera justo.
O livro tem muitos problemas, mas a fantasia por si só é arrebatadora. A ideia de uma magia que vem da terra, da aceitação e respeito a outras espécies e do amor que podemos semear quando não estamos em guerra são outros diferenciais.
A Floresta poderia ser muito mais explorada. É o núcleo do livro. Ele não aconteceria sem ela. Acho que é uma das grandes mancadas da autora. Não é o melhor que a autora poderia oferecer, mas nós instiga a imaginar onde essa fantasia vai dar e em como tudo que aprendemos ali poderia ser.