Lina DC 21/01/2018"Sonhos de Avalon" é o primeiro livro da nova série da autora Bianca Briones e traz uma fantasia medieval com personagens que já conhecemos visto de uma forma completamente inovadora. É importante ressaltar que a autora reescreveu a história de Camelot, ou seja, não adianta tentar comparar os personagens que ela criou com os personagens clássicos e já conhecidos, pois são completamente diferentes.
A história é narrada em terceira pessoa e se passa em dois tempos e lugares diferentes: a conhecida Camelot, onde teremos a bruxa Morgana, seu irmão o rei Arthur e seu amigo fiel Lancelot e uma cidade pequena conhecida como Quatro estações, onde teremos Melissa, seu pai e seus melhores amigos Marcos e Paula.
A história se inicia em Camelot, com Morgana, uma jovem bruxa de 20 anos de idade e irmã do Rei Arthur. Morgana não está tendo controle dos seus poderes e ela começa a ter visões de um mundo desconhecido. Os seus poderes estão crescendo tanto que a jovem está com medo de não conseguir controlá-los e de por conta disso, possa prejudicar seu irmão e aqueles que ama.
Melissa é uma jovem de 22 anos que está praticamente sozinha no mundo. Depois de um acidente gravíssimo, que levou a vida de seu irmão Gabriel e deixou seu pai em coma desde então, ela sente-se solitária e triste, mas tudo começa a piorar quando ela começa a ter sonhos vívidos com uma jovem que ama intensamente seu irmão e vive em algum lugar medieval. Os sonhos são tão intensos que os sentimentos são esmagadores.
Nenhuma das duas jovens tem ideia de que seus destinos foram alterados graças à Merlin, que é capaz de qualquer coisa para mudar o destino da Britânia.
Morgana é jovem, impetuosa e temperamental. Em alguns momentos age e fala sem pensar, o que é um grande problema para alguém em sua posição social.
O rei Arthur é retratado como um jovem de 24 anos, bom, honrado e preocupado com o seu povo e sua irmã. Porém, ele também tem uma personalidade um pouco arrogante e autoritário, ignorando o que as pessoas ao seu redor pensam.
Apesar da fábula ser do Rei Arthur, quem se destaca como mocinho nesse primeiro livro é Sir Lancelot. Ele não se prende as convenções sociais, não tem medo de expor seus pensamentos e ideologias e ama intensamente o Rei Arthur e Morgana como se fossem seus próprios irmãos. Porém, chegará um momento em que a profecia definirá o seu caminho e por conta disso, Lancelot terá uma grande decisão a tomar.
"Não penso que a vida possa ser tão previsível assim. Creio que seja possível mudar e nos tornar senhores do nosso próprio destino. Conformar-se com algo que não queremos só porque nos foi dito que aquilo aconteceria de qualquer forma é uma desistência muito grande." (p. 42)
Merlin é um perfeito antagonista. Sua obsessão em mudar o destino da Britânia é tanta que ele é capaz de atos cruéis em nome do "bem maior". Para Merlin, tudo é válido desde que ele conquiste os seus objetivos.
No núcleo medieval existem vários outros personagens que vão compondo esse universo e tendo um papel de destaque, como os primos de Arthur; sua tia Viviane; Galahad, um jovem cavaleiro misterioso; Lilibeth, a última princesa das fadas; a própria Avalon, com seus poderes e magia e a mãe de Lancelot.
O núcleo moderno é bem menor, sendo composto por Melissa, seus dois melhores amigos e seu pai. Como seu pai está em coma, não é possível falar sobre esse personagem. Marcos é o melhor amigo leal e apaixonado, capaz de fazer tudo para manter Melissa feliz; Paula é a amiga doidinha, que fala besteiras e tenta amenizar o clima quando a situação fica pesada. Melissa é uma protagonista legal, mas até o momento, nada espetacular. É um bom chata em alguns momentos e passa mais tempo reclamando do que vivendo.
O enredo foi muito bem construído, envolvendo magia, cavaleiros, profecias e com cenários fantásticos, como Camelot e Avalon.
Em relação à revisão, diagramação e layout a Bertrand arrasou! O livro tem algumas folhas escuras, lista de personagens, lista de lugares, mapa e outros detalhes que enriquecem ainda mais a história.
"Uns serviam à antiga religião que cultuava a Deusa e demais deuses menores, e outros se tornavam adeptos do cristianismo. Outros ainda, como seu primeiro cavaleiro e melhor amigo, não seguiam nenhuma das duas doutrinas. Arthur era conhecido justamente por ser um rei que não impunha crenças." (p. 24)