prblyafuturemilf 23/05/2022
"A morte é a mãe da beleza"
Que Donna Tartt tem um cérebro fascinante, não me é novidade, mas o que há nesse livro (embora não supere "O Pintassilgo"), é surreal de bom, e afirmo sem medo.
O protagonista, Richard Papen entra na faculdade e logo se fascina por um grupo de estudantes peculiares, que estão sempre juntos e são, de certa forma, separados da instituição, como se não fizessem parte do todo. A sensação de intriga o leva à uma certa obsessão por eles e o que eles fazem, até descobrir que se trata de uma turma de clássicos voltada ao grego, com um professor carismático e fora do comum. Depois de algum tempo, ele consegue entrar nessa turma e se vê colega desse grupo seleto de alunos que além de excêntricos, carregam mesmo na jovialidade, uma espécie de astúcia atrativa. E não demora tanto, até que Richard esteja não só apegado ao professor, quanto aos novos amigos, ou a profundidade das discussões em aula, e como se não bastasse, metido em uma confusão enorme que se revela uma bola de neve que não para de acumular-se em si mesma e crescer.
Para além disso, vejo muita gente que vê a escrita arrastada de Donna como algo ruim (e eu entendo), mas eu pessoalmente, gosto muito porque constrói uma ambientação e uma performance de personagens impecáveis ? gosto da imersão, de saber cada detalhe, sentimento, sensação. Como pelo visto é o costume, todos os personagens são psicologicamente instáveis, porém peculiarmente atraentes no que se diz respeito a personalidade, inteligência e afins; são todos cheios de camadas e você quer desesperadamente desfrutar de cada uma delas como se fossem pessoas reais, como se estivesse num campus em Hampden, como se fosse Richard.
obs: Henry Winter, eu te amo.