Vagner46
27/10/2012Desbravando O HeregeDepois de sobreviver ao cerco de La Roche Derrien, Thomas viaja para o norte até Calais, onde tenta ajudar o exército inglês a invadir a cidade. Mas o seu destino não é esse e a busca pelo Graal ainda não foi concluída, fazendo com que o nosso personagem principal viaje até Astarac para descobrir mais a respeito do misterioso objeto e também sobre a sua família.
Na maior parte da narrativa, o terceiro e último livro da trilogia não mantém o mesmo ritmo do anterior, mas isso não é necessariamente um problema, pelo menos na minha opinião. É que eu estava tão empolgado com o desenrolar da história em “O Andarilho” que acabei não sentindo a mesma coisa com esse livro.
“Ele atirava sem pensar. Sem mirar. Aquilo era a sua vida, sua perícia e seu orgulho. Pegar um arco, mais alto do que um homem, feito de teixo, e usá-lo para disparar flechas de freixo, com penas de ganso na extremidade e armadas com ponta de estilete. Como o grande arco era puxado até a orelha, de nada adiantava tentar mirar com o olho. Eram anos de prática que permitiam saber aonde iriam suas flechas, e Thomas as disparava em ritmo alucinado, uma flecha a cada três ou quatro segundos, e as penas brancas cortavam o ar em direção ao outro lado do pântano, e as compridas pontas de aço atravessavam cotas de malha e couro e penetravam em barrigas, peitos e coxas franceses. Elas atingiam o alvo com o som de um machado de açougueiro caindo sobre carne, e faziam com que os cavalarianos parassem.”
A maior parte deste livro é focada em fugas que Thomas foi obrigado a realizar para conseguir sobreviver, ainda mais depois de ter salvo uma jovem considerada herege da fogueira. Mesmo assim, apesar de não termos tantas batalhas como nos livros anteriores, quando estas acontecem, só Deus sabe o que vai acontecer, pois as reviravoltas acontecem quando menos se espera.
Um dos pontos que eu praticamente tenho a obrigação de mencionar é o seguinte: quando alguém quer MUITO alguma coisa, essa pessoa fará de tudo para consegui-la. Esse desejo está tão explícito no livro do Cornwell que eu também gostaria de destacar um trecho do mesmo:
“Planchard apanhou a lanterna. - Não posso dizer mais nada, excelência, porque não ouvi nada que me diga que o Graal está em Astarac. Mas de uma coisa eu sei, e sei como sei que meus ossos em breve irão descansar com os meus irmãos neste ossário. A busca pelo Graal, excelência, leva os homens à loucura. Ela os ofusca, ela os confunde, e deixa-os choramingando. É uma coisa perigosa, excelência, que é melhor deixar por conta dos trovadores. Que eles cantem sobre ele e façam poemas a seu respeito, mas pelo amor de Deus não arrisque a sua alma indo à procura dele.”
E só para finalizar: o livro fecha com chave de ouro essa excelente trilogia! Gostei bastante dos três livros e achei a narrativa um pouco diferente dos livros das Crônicas Saxônicas, o que é importante para justificar o incrível trabalho do autor, que dedicou-se bastante às pesquisas sobre a Guerra dos Cem Anos e nos brindou com essa ótima coleção.
Pontos fortes: o desfecho da história é digno de um autor como Bernard Cornwell. Você vai se surpreender!
Pontos fracos: não há um mapa para ajudar o leitor a localizar-se melhor e a narrativa não é tão empolgante quanto a do segundo livro.
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http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2012/10/resenha-o-herege-bernard-cornwell.html