spoiler visualizarJoseane12 11/02/2024
Não brinque com o mal
Não brinque com o mal, pois o ser humano não ter a força suficiente para vencê-lo.
Eu amo a escrita do Amaurício Lopes e amo sua forma de contar histórias, mas este livro definitivamente não funcionou para mim. Depois de ler "O galinheiro", do mesmo autor, fiquei com vontade de ler mais escritos deles e por isso li "Nova Jaguaruara". Esse é um livro de terror voltado para o gênero sobrenatural, ambientado numa cidadezinha apagada do mapa do Estado do Ceará e atormentada por demônios. Um grupo de cinco pessoas vai à essa cidade para estudar o terreno e ver a possibilidade de instalação de uma usina eólica no local, já que nessa cidade ocorre um evento específico na qual todas as luzes das cidade se apagam à meia-noite, durante um minuto, evento que acontece diariamente ha mais de um século. A narrativa é interessante, mas a forma como o autor organizou o desenvolvimento da história não funcionou para mim porque são três linhas do tempo cujas histórias vão se intercambiando ao longo dos capítulos, então quando terminava um capítulo com um acontecimento muito interessante você só iria ler a continuação daqueles acontecimentos pelo menos uns três capítulos depois. Isso é um balde de água fria no leitores! Sem contar que são muitos personagens e muitas histórias paralelas, chega um momento que todas essas histórias se unem e você entende porque as coisas aconteceram daquela forma e isso é o que mais amo no Amaurício, ele não fica dando informações "mastigadas" para o leitor, nós que temos que ir juntando as peças para montar esse quebra-cabeças. Quanto as linhas do tempo, temos o presente com a história dos cinco pesquisadores e da Professora Raquel e seu aluno Bruno (que sofre de negligência e maus tratos por parte da mãe). Bruno é filho de Vicente (um dos cinco pesquisadores do grupo). A segunda linha do tempo é um passado recente, de vinte anos atrás, com a história que nos é apresentada no primeiro capítulo. E, por fim, a última linha do tempo é o passado mais antigo, o único de tudo, contado através da história de José Bonifácio (que se passa na época de um Brasil colonial, no qual as carruagens eram o principal meio de transporte) e do padre fake Honório. Bonifácio nasceu com um dom de curar as pessoas e desde o seu nascimento nunca mais a cidade de Jaguaruara soube o que era ser castigada pela fome, seca e pela morte e isso acabou alterando a ordem natural das coisas. Junta a essa desordem um falso padre que usa a batina apenas como uma forma de conseguir dinheiro e viver confortavelmente. É nesse cenário que o caos se instaura. Tudo ia bem em Jaguaruara até que chegou o primeiro caso de possessão demoníaca. Bonifácio tem o poder de curar as pessoas, mas por mais que ele consiga tirar o demônio do corpo, o que ele faz não é um exorcismo, o demônio saí do corpo, mas continua escondido na escuridão da cidade. Devido a ganância do Padre esses casos foram ficando cada vez mais recorrentes e o dinheiro vindo deles ia ficando cada vez maior, até o ponto de construírem uma igreja luxuosa com o dinheiro demoníaco e assim ter um passagem ligando nosso mundo ao inferno. É o que Shakespeare disse, o inferno está vazio e os demônios estão entre nós. Isso literalmente aconteceu em Jaguaruara, uma cidade que virou domínio do Diabo e de sua orla de demônios, sendo que toda vez que escurecia os demônios devoravam um primogênito daquela terra e para marcar o poder do capiroto sobre a cidade, as luzes se apagam por um minuto, à meia-noite. Muito tempo se passou e para salvar seus filhos, o povo de Jaguaruara deixou aquela terra esquecida por Deus, apenas com a roupa do corpo e construíram uma outra cidade (Nova Jaguaruara), mas o medo daquela igreja e as terras ao seu redor foi passado de geração em geração, pessoas desapareciam ali, quando escurecia. O final do livro é legal, mas foi meu corrido, como um clássico filme de terror, um grupo dr pessoas vão, mas apenas poucas voltam. Confesso que fiquei mal com a leitura desse livro, mal no sentido físico mesmo, meio febril, dor de cabeça e insônia, o livro me impressionou bastante e essa primogênita aqui nunca mais vai encarar o escuro e viajar pelo interior do Ceará da mesma forma. O trauma veio, obrigada Amaurício!