Isis.Borges 29/10/2021
Nós nunca aprendemos
Em Black Spring todos guardam um segredo municipal, uma bruxa morta na fogueira a séculos atrás continua perambulando pela cidade e sussurrando maldições por entre seus lábios costurados. Não importa o quanto tentem se livrar dela, a bruxa reaparece e quando a irritam alguém da cidade aparece morto. As pessoas que lá vivem estão sobre sua influência, não podem se afastar por muitos dias da cidade ou sentem um desejo irreprimível de suicídio. Para para conviverem com isso da melhor forma possível, criaram o HEX um app de monitoramento, onde os moradores compartilham a localização da bruxa em tempo real. Isso deu certo por muito tempo, mas diante de inúmeras regras de sigilo e restrições, alguns adolescentes se rebelaram, atacaram a bruxa.
A bruxa e sua imprevisibilidade são assustadoras, mas num contexto geral ela era estável, não atacava ninguém, era só deixar ela quieta, o que mais assusta em HEX são as pessoas, o como o povo se transformou rápido em verdadeiros inquisidores ao condenar esses jovens que mereciam um julgamento conforme as leis atuais certo?? Vamos votar! E sob o disfarce da democracia colocaram nas mãos de um povo amedrontado o julgamento dessas crianças estúpidas e cruéis. De repente, os cidadãos de bem, pessoas normais do séc XXI, eram como porcos selvagens e eu não estava mais lendo um terror e sim uma distopia aterrorizante.
A bruxa ganhou força durante a história, quanto mais o povo a temia e se sentia acuado mais poder ela ganhava, como se ela esperasse mesmo que as pessoas virassem sua pior versão, cheios de crueldade. Nesse sentido me lembrou bastante a Revolução dos Bichos.
O fim ficou em aberto, mas é uma história de terror, é presumível que nada ficou bem.
"Isto é o quanto basta para as pessoas mergulharem na insanidade: uma noite a sós consigo mesmas e o que mais temem."