Bia Sousa 19/03/2019Uma história tristeHannah Rosenthal é uma garota alemã. Hannah tem 11 anos e devido a situação da Alemanha em 1939 ela e sua família eram considerados privilegiados. Seu pai era seu porto seguro, sempre ali a sua disposição, um grande homem. Sua mãe sempre era uma mulher muito elegante, sempre linda, cheia de jóias maravilhosas, roupas finas e sempre bem perfumada, sua mãe era uma deusa de beleza.
“Tenho quase 12 anos e já decidi: vou matar meus pais.”
Tudo parecia maravilhoso para Hannah, mas aos poucos ela vê tudo se ruir, acompanhada de seu amigo Leo ela começa a ser maltratada pelas pessoas nas ruas, chamando-a de impura, suja e a hostilizando.
Quando sua família começa a perder seus bens e percebe que a situação para os judeus e para pessoas de famílias mistas (caso dos Rosenthal) não está nada boa, o pai de Hannah decide que é hora de sair da Alemanha. A única forma que encontram é embarcra no St. Louis, com mais de 900 refugiados, partindo para Cuba e fugindo de uma Alemanha Nazista que lhes davam muito medo. Além de sua família, Hannah teve a sorte de que Leo e seu pai conseguisse ir para Cuba também, e esse era o único motivo pelo qual ela ainda sentia-se um pouco confortada.
“Sou forte, mamãe. Você pode me contar qualquer coisa. Eu não gosto de segredos. E me parece que essa família está cheia deles.”
Anna Rosen também é uma garota alemã, na verdade de descendência alemã, uma vez que nasceu em Nova Iorque. Anna começa a nos contar sua história em 2014, também com seus 11 anos de idade. Ao receber um uma encomenda muito misteriosa vinda de Cuba e enviada pela sua tia avó, que ela nem sabia que tinha, e que também criou seu pai, Anna decide ir para Cuba com sua mãe para conhecer um pouco mais sobre as suas origens e a sua família.
Quando comecei a leitura do livro, não imaginei que a história pudesse ser tão rica. Além de ter sido baseada m fatos reais, a história por si só nos emociona do começo ao fim. Conheceremos o poder da amizade e do amor entre familiares e conhecidos, e é através desse amor que os Rosenthal conseguiram sobreviver, mesmo que em um mísero número.
“Eu não tenho medo da morte. Que chegue a hora final, que tudo se apague e eu fique no escuro. Eu não tenho medo de me ver entre as nuvens, contemplando os que aqui ainda caminham em liberdade pela cidade. Morrer é como se a luz se apagasse, e com ela, todas as ilusões.”
Hannah é uma mulher muito forte e que sofreu muito, ela viveu o Holocausto, a Segunda Guerra Mundial, a Revolução de Cuba e mesmo assim resistiu. A sina das mulheres da família Rosenthal era sofrer, enquanto dos homens era desaparecer/morrer. Não posso negar que a história é muito triste, mas ao mesmo tempo é inspiradora, que mesmo trazendo muito sofrimento é um livro que trás uma paz no coração quando concluímos a leitura.
Armando Lucas Corra arrasou em seu livro, com um trabalho de pesquisa de dar inveja, o livro conta com um teor histórico muito detalhado, o que atiçou muito a minha curiosidade. Outra coisa que chamou muito a minha atenção foi a mescla entre passado e presente, o que deixou a história ainda mais dinâmica.
“Há momentos que o melhor é aceitar que tudo está acabado, que não há mais nada a fazer. Desistir é perder as esperanças: render-se. É assim que me sinto hoje. Não acredito em milagres.”
Outra coisa que não posso deixar de destacar na edição, encontramos fotos e alguns textos de pesquisa do autor, deixando a obra ainda mais rica.
A Garota Alemã foi uma grande surpresa para mim, e com certeza entra na lista dos meus livros queridinhos que falam sobre o Nazismo, Holocausto e Segunda Guerra Mundial, e que deve ser lido por muitas pessoas, não tenho dúvidas de que irão amar.
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https://bercoliterario.wordpress.com/2018/11/16/resenha-a-garota-alema-armando-lucas-correa/