Jessé 23/05/2018
Algumas editoras estão apostando todas as suas fichas em alguns autores nacionais e, com Ordem Vermelha, do autor Felipe Castilho, a Intrínseca mostrou que também está nessa nova jornada de dar uma chance à literatura fantástica nacional. E fez isso com maestria.
O livro foi publicado na CCXP 2017, e um marketing gigantesco, digno de filmes blockbusters, foi realizado para divulgar a obra. Bom, no mínimo, conseguiram atingir vários leitores, que ficaram extremamente curiosos com a obra. Felizmente, não era só marketing, e o livro revelou-se muito mais do que nós esperávamos.
No começo de tudo, não havia nada além dos Seis Deuses, que criaram o céu e tudo o que há abaixo dele. Criaram também regiões, e protetores para cada uma delas. Gigantes, gnolls, anões, sinfos, kaorshs e humanos. Porém, um sempre tem o olho maior do que o outro, e isso acabou resultando em uma punição severa dos deuses. Cada raça foi amaldiçoada de uma forma. Porém, fazendo isso, os deuses se acharam tão baixos quanto aqueles que amaldiçoaram, então uniram-se num só. Surgia assim Una, a deusa de seis faces, criada com o intuito de ser a deusa perfeita.
E é assim que começa nossa história. Agora, todos vivem em Untherak, última região habitada do mundo. Untherak era rodeada por muros, e o lugar além do muro era conhecido como Degradação. Todos, ao menos em teoria, serviam à deusa Una, pois não queriam ser punidos e jogados para sobreviver na Degradação, porque ninguém sabia ao certo o que havia lá. É melhor ficar num lugar ruim que você conhece do que num lugar ruim que você não conhece.
Aelian, um humano, não se dava muito bem com os Autoridades e os Únicos (responsável por acompanhar o trabalho dos servos / guarde de Untherak) e, sempre que podia, dava um jeito de escapar e fazer o que dava na telha; o Festival da Morte se aproximava, e Raazi e Yanisha se candidataram para lutar, pois queriam, a qualquer custo, adquirir sua semiliberdade. Afinal, ninguém em Untherak é totalmente livre. E foi a partir desse dia, meus amigos, que tudo começou a dar errado.
Nem todo mundo serve fielmente à deusa, pois sabem ou ao menos desconfiam que, nos últimos mil anos, Untherak não passou de uma região de mentiras, que Una encobre com suas falsas verdades. Conspirações rondam as cabeças dos personagens, e uma aliança inesperada é formada, com o único intuito de descobrir a verdade sobre o local onde moram e lutar pela liberdade de seu povo. A escrita de Felipe é simplesmente fenomenal. Ele nos mostra que, mesmo pessoas diferentes, com ideais diferentes, podem unir forças para lutar por um objetivo em comum. Os personagens são profundos, e muito bem trabalhados. Cada um com seu próprio motivo para estar ali, seja por uma promessa ou por curiosidade sobre o próprio passado.
Numa época em que a literatura nacional ainda não é tão bem aceita pelos leitores, Felipe Castilho chega chutando o balde, mostrando que, não importa sua nacionalidade, mas como você conta uma história. e Felipe fez isso com maestria. O autor não deixa pontas soltas, e não é difícil se perder na história. Batalhas épicas, revelações lacradoras e uma diagramação que MEU DEUS! Sério, dessa vez, a Intrínseca se superou. A diagramação do livro está simplesmente fenomenal. Tem um mapa no meio do livro!
Ordem Vermelha é, no mínimo, o melhor livro de fantasia nacional dos últimos anos, se não for o melhor já lançado. Se você gosta de literatura fantástica, esse livro é pra você. Se você quer apoiar a literatura nacional, esse livro é pra você. Se você quer ler um livro simplesmente inesquecível... Bom, já sabe, né?
Obs: aquele epílogo, meus amigos, não é um gancho, é todo o arsenal de golpes do Mike Tyson.
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