Amanda 21/01/2020
Uma homenagem ao amor e à vida.
É fácil fazer uma resenha e dizer que gostei disso e daquilo, o que não funcionou e criticar o autor/a por certas escolhas, mas isso se torna fácil porque eu acabo me apropriando da história.
E quando essa apropriação não vem por completo?
Como resenhar um livro que eu tenho plena certeza que não absorvi tudo que poderia (ou deveria)? Talvez já deva colocá-lo na lista de releituras.
É como chegar num museu, ver uma obra de arte e olhar, olhar, olhar e não entender porra nenhuma. Nem sempre a gente vai entender tudo. Algumas coisas fazem sentido, outras parecem que não, outras vamos ter que acreditar no artista e aceitar que o que ele faz e diz é verdade.
"ele precisava aceitar a natureza paradoxal do pensamento do filósofo, não simplesmente explicá-lo."
Elio tem a alma de um artista (acho que precisa ser artista para criar um artista), eles são diferentes. Sei que são. Mas eu mesma não sou uma artista, então não poderia dizer como é ter essa alma, interpretá-la, compreendê-la e falar com certeza sobre todas as mensagens do livro. A impressão e reação ao ler é mais emocional do que racional, eu tentei por vezes expressar em palavras e falhei, então após muito esforço, este é o melhor resultado final para a resenha que consegui.
É uma narração diferente. Muito introspectiva, sem pudores ao invadir os pensamentos do personagem principal. É uma narração ao mesmo tempo pura, ao mesmo tempo densa, ao mesmo tempo "opa, cancela a cena do pêssego", ao mesmo tempo mil outras coisas. Traz uma abordagem honesta e madura sobre os sentimentos humanos, uma mensagem linda sobre a auto aceitação e mostra como é preciso ter coragem para admitir a verdade para si mesmo e para os outros.
"O que eu não percebia era que essa vontade de testar o desejo nada mais é do que um ardil para conseguir o que se quer sem admitir o desejo."
Lida com os sentimentos e suas contradições mais íntimas, vergonhas, desejos, sonhos, medos. Podemos ser os dois lados da mesma moeda. O ser humano é complexo e ler sobre um personagem e conseguir sentir todas essas emoções ao mesmo tempo dá um mérito incrível para o autor, e essa mistura e veracidade de tantas emoções intensifica a experiência do leitor. É sentir e compreender um sentimento 'apesar de' e também 'por causa de' outro.
Depois de muito pensar, acho que a mensagem principal do livro é:
Liberte-se
Permita-se
Sinta
Viva
"alguns, por medo de fazer qualquer desvio, acabam levando uma vida errada até morrer."
Mas posso ter entendido tudo errado.
Sou uma fraude literária e metade do que acho que sei é pura pose. Mas como evoluir, se não por um desafio?
Entendo quem não gostou do livro, realmente, ele pode ser complicado. Ainda mais se você considerar o texto literal, mas acho que não é sobre isso que ele se trata. Tem muita coisa escondida nas entre linhas e nas metáforas e na interpretação de metáforas que não parecem metáforas.
E no final, para não terminar o livro de forma tradicional, voltamos ao início. Onde tudo começou. Mas sem saber como terminou. Porque a moral da história não depende do seu desfecho.
"Fique quieto, não diga nada, e se não puder dizer "sim", não diga "não", diga "depois"."