A mulher desiludida

A mulher desiludida Simone de Beauvoir




Resenhas - A Mulher Desiludida


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Caroline Z. 14/10/2013

A mulher desiludida

A obra é excelente, o livro é composto de 3 contos que exprimem a condição feminina, seus conflitos, desejos, e relacionamentos sociais.

No primeiro conto "A idade da discrição" a personagem tenta conviver com a velhice, e com seus novos questionamentos; como reinventar-se no trabalho, como conviver com um marido que decai na senilidade; e principalmente como lidar com o filho, que decide seguir seu próprio caminho, buscando por escolhas que diferem das dela. É um ponto de vista de quem já viveu muito, é estranho aos olhos de um leitor jovem, mas interessante, mostra muito da superproteção das mães, quase incapazes de crer no sucesso dos filhos sem elas.

No segundo conto " Monólogo" a personagem divaga sozinha sobre a sua vida; fala principalmente da sua relação com a sua mãe, e é visível a maneira como isso afeta todas as escolhas na sua vida. O ciúme da mãe com o irmão faz com que ela construa uma imagem vulgar da desta, e consequentemente cria uma postura moralista para não igualar-se a ela. O vitimismo e a necessidade de um homem para julgar-se respeitada também são evidentes. O envolvimento com a personagem durante a leitura chega a causar aversão de tão expressiva a escrita, mas é bom, faz pensar sobre as influências sutis que sofremos e como lidamos com ela.

O terceiro conto, que leva o nome da obra "A mulher desiludida" é o melhor deles. A personagem está as voltas com o rompimento de um relacionamento de 20 anos, mas as suas atitudes dizem muito de mulheres em qualquer idade e que viveram casos mais curtos. A todo custo ela procura entender os motivos que a levaram a tal situação, sendo isso o menos importante. É impressionante como o relacionamento a anula, ao final ela tem que redescobrir a si mesma para continuar vivendo. Mostra como nos deixamos levar e a imensa influência das decisões masculinas sobre a vida de uma mulher. A obra trata do apego e do aprendizado de viver consigo mesmo, é de uma leitura imprescindível.

O livro como um todo trata da desilusão feminina, do choque com a realidade quando o mundo fantasiado; iludido, se vai, e a dificuldade de lidar com ele. Todos os contos demonstram o impacto das relações sociais no mundo feminino e a dificuldade em lidar com elas. É uma análise interessantíssima e profunda a que Simone de Beauvoir compartilha.

"Antigamente, eu me embalava com projetos, com promessas. Agora, a sombra dos dias mortos aveluda-me emoções e prazeres." - A idade da discrição

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Perotto 01/06/2013

A Mulher Desiludida
Se é pra sofrer com a vida que seja em grande estilo. Que seja com Simone de Beauvior. Terminei de ler esse livro ontem, ele é bem fininho e na verdade são três histórias, sendo a última A mulher desiludida, que é o melhor.

O livro conta a história de uma mulher com seus quarenta e poucos anos, filhas crescidas e vivendo sozinha com o marido, quando descobre que ele mantendo um casa com outra mulher há um bom tempo. Então pede conselhos pra sua amiga, que diz que é coisa passageira, seu marido está apenas vivendo uma aventura. Então a mulher resolve deixar ele viver a aventura, sem se interpôr, porém com o tempo vê que o que era pra ser uma paixão passageira permanece, e vai cedendo aos pedidos de seu marido, como dormir com Noellie (a outra), depois passar o final de semana, etc. Enfim, o livro fica todo nessa angústia da protagonista, que não quer dar um basta, mas também não quer mais essa situação.

O livro é bom pra refletir sobre a vida, sobre as desilusões que atormentam a vida de todos, mas é um livro bem deprimente, e eu quis dar uns tapas na cara da mulher que aceitava tudo muito calmamente.

https://sweetsandbooks.wordpress.com/
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 05/04/2013

Simone de Beauvoir - A Mulher Desiludida
Ao ler este clássico do movimento feminista, me ocorreu questionar por que ainda devemos ler "A Mulher Desiludida" de Simone de Beauvoir (1908 - 1986) mais de quarenta anos após o seu lançamento original. A resposta talvez passe pela constatação de que o feminismo ainda não atingiu o seu objetivo básico de libertação da mulher em muitas sociedades ou ainda simplesmente para conhecer o texto de uma das maiores pensadoras da filosofia existencialista e da política do século XX, mas acho que o livro deve ser lido mesmo pelo que ele tem de melhor e isto pode ser confirmado com o distanciamento crítico que só o tempo promove o fato de ser uma bela obra de literatura sobre a solidão.

A obra reúne três novelas curtas ou contos sobre mulheres maduras que enfrentam crises familiares, profissionais e de relacionamento, paralelamente ao processo de frustração pelo envelhecimento. A primeira narrativa, "A idade da discrição", é claramente autobiográfica e trata do cotidiano de um casal de intelectuais maduros, politicamente de esquerda (semelhantes à Simone de Beauvoir e Sartre) que se sentem traídos pela opção conservadora do filho, Filipe, que decide aceitar o convite do sogro para uma vantajosa posição no Ministério da Cultura em detrimento de sua tese e de uma carreira acadêmica. A sequência abaixo, destaca as reflexões da protagonista sobre a vida em casal e o envelhecimento.

"Sempre oháramos longe. Seria necessário aprender a viver o dia-a-dia? Estávamos sentados lado a lado sob as estrelas, tocados pelo aroma do cipreste, nossas mãos se encontravam; o tempo havia parado por um instante. Iria continuar a escorrer. E então? Sim ou não, poderia ainda trabalhar? Minha raiva contra Filipe se esfumaria? A angústia de envelhecer me retomaria? Não olhar muito longe. Longe seriam os horrores da morte e dos adeuses. Seria a dentadura, a ciática, as enfermidades, a esterilidade mental, a solidão em um mundo estranho que não compreenderíamos mais e que prosseguiria seu curso sem nós. Conseguiria não levantar os olhos para esses horizontes? Quando aprenderia a percebê-los sem pavor? Nós estamos juntos, é a nossa sorte. Nós nos auxiliaremos a viver essa derradeira aventura da qual não retornaremos. Isso no-la tornará tolerável? Não sei. Esperemos. Não temos escolha."

O segundo conto, "Monólogo", tem como matéria-prima o fluxo de consciência da protagonista, Murielle, e o seu sofrimento após duas separações e o suicídio da filha Sylvie. Trata-se de uma composição experimental, em estilo livre e sem pontuação que tenta representar o pensamento confuso e doloroso da personagem diante da solidão em que ela se encontra na noite de Ano Novo.

"Durante toda a minha vida serão sempre duas horas da tarde de uma terça-feira de junho. 'A senhorita dorme um sono profundo demais não consigo acordá-la.' Meu coração deu um pulo eu me precipitei gritando: 'Sylvie você está sentindo alguma coisa?' Ela parecia dormir ainda estava morna. Tinha morrido há algumas horas me disse o médico. Eu urrei rodei no quarto como uma louca. Sylvie Sylvie por que você fez isso comigo? Eu a a revejo serena tranquila e eu desnorteada e aquele bilhete para o pai não significava nada eu o rasguei ele fazia parte da encenação aquilo não passava de uma encenação eu estava certa eu estou certa uma mãe conhece sua filha de que ela não tinha querido morrer mas ela havia exagerado a dose ela estava morta que horror! É fácil demais com essas drogas que são conseguidas de todo jeito; essas garotas por um sim por um não elas brincam de suicídio; Sylvie seguiu a moda: não acordou mais."

No último conto, Monique, típica dona de casa, vive uma situação humilhante ao descobrir que o marido Maurice tem uma amante; abandonada e desprezada ela conta em seu diário a degradação progressiva do relacionamento que ela procura manter de todas as formas, mesmo sabendo que é traída. O apego ao casamento, mesmo com o consentimento da vida dupla do marido com Noelli, a "outra", passa a ser uma obsessão e o único sentido da vida de Monique. Certamente, todos já ouvimos falar de algum caso assim.

"E esta noite, imagino que Maurice pode estar contando nossa conversa a Noellie. Como não tinha ainda pensado? Eles falam deles, portanto também de mim. Entre eles existem conivências como entre Maurice e eu. Noelli não é somente um estorvo em nossa vida: no idílio deles, eu sou um problema, um obstáculo. Para ela não se trata de um passatempo. Pretende manter com Maurice uma ligação séria e é esperta. Meu primeiro impulso fora o certo. Deveria ter dado logo um basta na história, dizer a Maurice: ou ela ou eu. Ele ficaria de mal comigo um certo tempo mas depois sem dúvida me teria agradecido. Não fui capaz."

Sobre o feminismo, agora me ocorre uma ótima citação de Mary Shelley (1797 - 1851), autora de Frankenstein que, já no século XIX, afirmava o seguinte: "Não desejo que as mulheres tenham mais poder que os homens, mas sim que tenham mais poder sobre si mesmas."
isabellamolkoli 18/12/2021minha estante
O feminismo não "libertou" mulheres porque não é interessante pro capitalismo e muito menos aos homens.


Pedro murangu 14/03/2024minha estante
Muito pelo contrário, não libertará por completo, pois vivemos no capitalismo e é super interessante existir um ser dominante nas nossas relações sociais




Ingredhy 05/02/2013

Todos os contos são bons, mas o conto que da título ao livro A mulher desiludida, foi o que mais me tocou. A narrativa dese texto parece um labirinto, onde não se vê saída. Angustiante. Necessita preparo emocional para lê-lo.
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Silvana (@delivroemlivro) 24/11/2012

Quer ler um trecho desse livro (selecionado pelos leitores aqui do SKOOB) antes de decidir levá-lo ou não para casa?
Então acesse o Blog do Grupo Coleção de Frases & Trechos Inesquecíveis: Seleção dos Leitores: http://colecaofrasestrechoselecaodosleitores.blogspot.com.br/2012/10/a-mulher-desiludida-simone-de-beauvoir.html

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Tks!
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Li 13/05/2011

Resenha emocional
Não se passa incólume às histórias das três mulheres retratadas pela mulher de Jean-Paul Sartre. O cenário é desesperador. Ler as angústias que assolam o imaginário feminino desola; é como receber leves golpes à boca do estômago durante toda a leitura. Quando se é mulher e se é ciente da veracidade das narrativas a experiência se torna mais consistente e, por vezes, mais dolorosa.

A primeira história é a da mulher que se depara com o auge de sua velhice, chegada sorrateiramente nos últimos anos. Revê sua relação com o marido e com o filho recém-casado, o qual demonstra claramente não ter mais a incontestável influência materna. A segunda, um monólogo, é terrivelmente angustiante. O monólogo quando escrito é libertador, mas talvez seu criador não o releia tamanha a agonia que o açoitou durante o processo. No entanto é bem interessante acompanhar os pensamentos depreciativos de uma mulher à beira de um ataque de nervos após o suicídio de sua filha. Por fim, as memórias contadas num diário e que dão nome ao livro, trazem o cenário assolador de uma mulher que descobre mentiras por trás de verdades interpretadas pelas pessoas que julgava mais confiáveis. O que é interessante nesta última história é que o leitor se encontra na personagem de uma forma simbiótica e muito densa, o que esmaga-o. Eu particularmente precisei cessar a leitura por algumas horas, desolada, mas confesso que a digeri de um só golpe.

Todas são acompanhadas da beleza melancólica de Paris, aos olhos da depressão feminina. Só há uma ressalva: é importante ter preparo emocional.
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Gabriel 24/02/2011

Angustia
Através de três romances Simone de Beauvoir deixa evidente algumas angustias que teve ao longo de sua vida. Pelas historias tornam-se bastante claras as semelhanças entre suas personagens e ela e Sartre. eh visivel se desejo de ter tido filho, o qual ela realiza nos livros e sua possivel infelicidade de dividir seu esposo com outras mulheres.
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Sabrina 28/04/2010

Espetáculo de livro
A Mulher Desiludida é um livro da grandiosa autora Simone de Beauvoir. Conta a história de três mulheres e de seus amores. Como foi, como esta sendo e como poderia ter sido. Infelizmente ou felizmente( depende do leitor ),o que elas passam na vida, nesse problema pessoal de vida: se continuam ou não? porque não tentaram algo? porque é assim? , etc. Essas questões fazem com que nós leitoras(es), ou pelo menos eu, refletisse profundamente sobre a minha visão de mundo m determnados sentidos e o orquedaquio esta me fazendo sofrer ou não. É um livro que te faz sofrer junto com elas( as personagens), mas também que te mostra que é possivel mudar e que deve-se mudar.
Grande livro recomendo a todas(os), desculpe se dedico principlmente as mulheres,mas é porque é um livro NOSSO e que devemos sim lê-lo. Para os homens fica a dica: não sejam como aqueles lá.
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patriciaik 08/02/2010

esse livro me deixa tão cética quanto à humanidade!
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rosangela 20/11/2009

A mulher desiludida - Simone de Beauvoir



Simone de Beauvoir dividiu a obra: A mulher desiludida, ricamente, em três contos:

Primeiro conto:

A idade da discrição. Uma autobiografia, uma mãe, uma escritora existencialista e André um esposo intelectual e ético. Pais que educam Felipe para uma vida como a deles: íntegra, educada e ética, porém Felipe aparece, após algum tempo fora da vida depois de casado, como funcionário do Ministério da Cultura cargo indicado pelo sogro, situação expressamente inaceitável por seus pais, mas é a mãe que o enfrenta com mais rigidez, ao ponto de romper relações com o filho por um tempo. Entre muitas tentativas, mais tarde, Filipe amolece o coração da intelectual -mãe escritora-, afinal sua mãe é uma crítica, que estuda profundamente Rousseau e Montesquieu. Nela tudo é meticuloso, é destrinchado, descritivo e crítico, que aliás é o que mais enriquece o conto. Toda essa descrição e posicionamento nesse conflito de geração e de mudanças rápidas. Um filho conservador e os pais esquerdistas.

Sua mãe, uma existencialista, que não quer aceitar as mudanças do mundo e das pessoas, como se fosse possível viver como somos, sem ser afetado pelo que vem do mundo e de suas reais mudanças, sem muitos sentimentos, mas muito realismo e praticidade;

Segundo conto:

Um Monólogo sobre Murielle, uma mulher de 43 anos, que analisa e critica cada gesto alheio. Com a morte da filha, que aparenta ser suicídio, sentiu-se morrer junto à filha e jamais conseguiu recuperar esse tempo. Para aumentar, ainda mais, sua excessiva capacidade de julgar, teve que abrir mão de seu filho para o marido em troca de uma pensão e um lugar para morar.

Lugar esse desprezível e vazio e solitário. Uma marca interessante desse conto é a ausência de vírgulas, talvez para não interromper seu modo de vomitar tudo que pensa e julga sem interrupções durante toda a narrativa. Julga a preferência de sua família pelo marido, que a trocou por outra, julga as pessoas que só sabem parir, julga o excesso de pessoas no mundo, julga a filha que a abandonou, julga o mundo cheio de gente - ela detesta - gente que pari gente - sem pensar no futuro do mundo.

Uma mulher e um monólogo denso é o segundo conto desse livro, construído com tantos julgamentos, em sua maioria com procedência. Um deles, é quando fala, que a civilização é capaz de sujar a lua, mas não pode aquecer um apartamento - seu aquecedor - no quarto, estava quebrado. Era frio seu apartamento, como tantos outros malconstruídos;

Terceiro

Último conto - a mulher desiludida - também denso e detalhado, relata a vida de uma mulher, que vive cuidando do lar, e de repente perde o marido e é desprezada pelas filhas, sendo obrigada a conviver em um lar desfeito, na solidão de seus pensamentos e do seu pavoroso medo de encarar o futuro tão sozinha, mas todas portas que foram fechadas, irão se abrir.

Toda a obra de Simone de Beauvoir revela um feminismo disfarçado vivido de acordo com a época que a autora vivenciou. Os três contos destacam três mulheres, que ultrapassando seus limites e os que foram impostos pela classe dominante em tantos anos, abstraindo-lhes mais e mais espaços, lutam para sobreviverem em um mundo que as ignoram. Esta escritora brilhante denuncia como era o mundo das mulheres, que ainda não haviam conquistado sua liberdade.
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Dani 18/10/2009

Livro belíssimo, com algumas histórias bem tristes. Tive a oportunidade de assistir a uma peça sobre o livro há alguns anos, em São Paulo.
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Claire Scorzi 03/02/2009

Feminismo Responsável
Três novelas significativas. "Idade da discrição", onde, além do conflito com as escolhas do filho adulto, a protagonista narradora vê-se diante do temor de ter perdido a criatividade como escritora.
No segundo, "Monólogo", uma mulher irada extravaza seu ódio e revolta diante do suicídio da filha - suicídio pelo qual ela é parcialmente responsável, embora não o admita.
No terceiro ,"A mulher desiludida", uma esposa de meia-idade depara-se com o afastamento do marido, que escolheu ficar com a jovem amante.
Nos três, a escrita é um jogo de sutileza e camuflagem: o que não é dito, ou dito ao contrário. As personagens femininas - em especial na 2ª e 3ª novelas - enganam a si mesmas, mas o leitor atento não é enganado por elas.
Minha preferência é pelo 1ª, pois o tema da perda da criatividade no escritor me empolga: estaremos mesmo destinados a nos repetir após os 50 anos?
No mais, este livro exemplifica o que considero um feminismo responsável: Simone de Beauvoir não transforma suas protagonistas em vítimas, mas deixa claro que muitas vezes somos cúmplices de nossa própria sujeição.
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Carla Valle 25/01/2009

Toda mulher deveria ler esse livro! Uma leitura de doer na pele e na alma, reconhecemos nossas mães, tias e as vezes um pouco de nós mesmas. Maravilhoso! Mudou minha vida!
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