Leo Biasotto 01/09/2023
O signo mais agridoce é a pressa?
O Assassino do Zodíaco apresenta o mesmo problema que muitos livros de suspense policial também enfrentam: o final. Não pela resolução do mistério em si. Normalmente existe uma construção para a revelação e toda a história é pensada para levar àquele final. O problema está em como, ao abordar tantos temas, nada além do crime em si é resolvido. Tudo fica em aberto, e apesar desse ser um recurso narrativo interessante, pois dá liberdade ao leitor, se não for bem feito torna-se frustrante.
O universo criado por Sam Wilson é um releituras do nosso, onde mais um tipo de segregação social é adicionado à vasta paleta já existente, e está embasada em uma pseudociência que, apesar da maioria das pessoas felizmente não levar a sério, ainda assim já deixa algumas marcar na nossa sociedade real. O autor explora muito bem essa temática, rimando-a com o racismo e mostrando sua dimensão em diversas partes da sociedade.
Melhor ainda, o livro não generaliza a vilania. Ele mostra que há vilões e há mocinhos em todos os lugares, e que cada um deles tem suas motivações, por mais amorais ou dissonantes que sejam.
A narrativa dividida em duas cronologias diferentes instiga o leitor, e também serve como um respiro quando a história de uma delas ficava chata.
Talvez, com a experiência do autor com a televisão, o livro funcionasse melhor como série, ou então como uma trilogia de livros, de modo que o universo fosse melhor explorado, e os personagens aprofundados.
No final, a última coisa que passa a importar é o mistério em si. Sua resolução não se dá de maneira tradicional, e as consequências de todo o resto que é posto na história se desenvolve muito rápido, não deixando espaço para muitas explicações. Agridoce.