Claudia - @segunda.opiniao 18/11/2022Refleti por alguns dias após a leitura, para tentar entender a “moral da história” deixada pelo autor. Venho hoje dizer o que achei da obra.
A trama se passa numa sociedade distópica, onde a data de nascimento (o signo astral) determina a personalidade do individuo, lugar em que deve morar, pessoas com quem deve se relacionar, profissões em que podem atuar (dentro de suas vocações) e até sua posição dentro da escala social.
Geralmente o signo de touro segue a carreira policial, os capricornianos são empresários e políticos, liderando a elite da sociedade e os arianos são os criminosos, os desordeiros...
Os policiais estão acostumados a deter e enquadrar arianos, por isso foi montado um esquadrão da polícia chamada Aríete, que atua em Ariesville, local de maior afluência dos nascidos em Áries.
Não é de se estranhar que um porta voz dos arianos ascenda dentre a população para acusar o governo e a polícia de corrupção e perseguição contra um signo do zodíaco.
Paralela a essa situação, um chefe de polícia é brutalmente assassinado e obviamente as suspeitas recaem sobre o Ascendente Áries, organização que protesta contra a opressão e tirania das autoridades, mas o desenrolar da trama vai tornar tudo mais profundo e complexo.
O livro é narrado em terceira pessoa, contando duas histórias distintas: a investigação da polícia, sob o comando do Detetive Jerome Burton (com a ajuda de uma consultora: a Astróloga Lindi Chields) e a história de vida de um rico herdeiro capricorniano.
A trama é intrigante e a cada página nos vemos mais envolvidos com o enredo. A narração só não é mais fluída por conta do excesso de descrições. É um pouco irritante também a sensação de estar num labirinto sem fim. A todo instante as pistas são desacreditadas, os suspeitos trocados e os personagens centrais sofrem todo o tipo de adversidade, sem qualquer êxito. É bem frustrante!
A parte positiva é que fiquei surpresa com o rumo dos acontecimentos. Mais de uma vez imaginei saber quem era o assassino, mas dava com os burros n'água.
Os capítulos finais são eletrizantes. Minhas mãos até transpiraram de ansiedade. Fazia um bom tempo que eu não lia um suspense policial e foi bem legal relembrar como eles dão aquele friozinho na barriga e colocam a cabeça para funcionar.
Infelizmente os personagens deixaram a desejar. Não consegui me conectar com nenhum deles. Achei tudo distante e impessoal, talvez pela narração em terceira pessoa.
Por incrível que pareça, Daniel Lepton, o herdeiro capricorniano, foi o que mais despertou minha simpatia.
Depois de refletir sobre a obra chego à conclusão de que o autor fez uma crítica a estereotipação por algo que não foi escolha da pessoa, no caso dessa ficção a data de nascimento, mas na nossa sociedade podemos traçar um paralelo com alguém que nasceu pobre, num lugar pouco privilegiado, numa família disfuncional... Nada disso define quem essa pessoa é. O escritor quis mostrar que somos nós que rotulamos e depois vendemos esses rótulos como verdade, isso torna a sociedade preconceituosa, injusta e intolerante.
Recomendo a obra pra todo mundo. É um bom livro.
Embora eu não acredite em astrologia, confesso que não gostei de ver a galera do meu signo tão mal vista pela sociedade. Rá-rá!! Somos tão bonzinhos.
Se você também leu esse livro e tirou outra lição dele, não deixe de compartilhar.
Um beijo cósmico!
Câmbio. Desligo!
~ Cau
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