Guilherme 24/07/2020
Sei lá, uma inveja e admiração da vida de Nelson Motta.
A gente sempre ouve falar de Nelson Motta, ou por ser compositor de algum (alguns vários rs) sucesso nacional do tipo: "Como Uma Onda", "Certas Coisas", "Coisas do Brasil", "Dancin' Days" etc ou na televisão, apresentando algum quadro no jornal. Eu havia gostado de ler "O Canto da Sereia" e isso foi fundamental para eu querer ler Noites Tropicais (mesmo os livros tendo gêneros distintos), foi o que me convenceu, mais até do que o meu amor por música, principalmente música nacional. Sua escrita e leitura são fáceis e fluídas.
Nelson Motta apesar de estar sempre ai na nossa cara, sempre me pareceu uma figura enevoada, nunca havia parado muito bem para pensar em quem era, e o que tinha feito além das composições.
Saio desse livro com a clara sensação de que ele é uma figura mitológica da nossa música.
Esse aproveitou bem seus privilégios e viveu os melhores períodos musicais que o Brasil já teve, e da melhor maneira que podia. Quando eu nasci tudo isso já havia passado mas que dá vontade de ter vivido, dá. Era um Rio no qual eu com certeza teria prazer de viver e aproveitar, assim como minha mãe aproveitou.
Sobre o livro, traça quase uma linha do tempo da memória de Nelson, desde 1956 até 1992, com o surgimento de João Gilberto e a Bossa Nova até o período da Redemocratização. O livro nos coloca próximos e dentro dos bastidores, das intimidades dos artistas, de memórias congeladas no tempo, toda lírica e magia da música brasileira e seus artistas. Ler esse livro é como descer a Augusta a 120 por hora, num carro em chamas abarrotado de gente.
Por ser carioca, talvez esse livro tenha um gostinho a mais. Confesso que demorou um pouquinho para cair a ficha de que essas eram suas memórias e empreendimentos.
E é por isso que, evidentemente, não há como abarcar todos os nossos personagens musicais, incriveis artistas, não dá para estar perto e citar todos, ainda mais se considerarmos contextos históricos e levar em conta artistas que apesar de serem amados sofreram os sortilégios da mídia.
Para quem gosta de música nacional, de nossa história essa é uma leitura indispensável. Para quem AMA música nacional como eu AMO, esse livro é leite e mel, imenso deleite.
Recomendo.