Karen Silva 25/05/2018Falando em diversidadeTudo se inicia com um ladrão que decide se separar do grupo de bandoleiros ao qual estava unido por sobrevivência e sabotar seu plano de assaltar uma grande caravana que prometia muitas riquezas. Porém, seu caminho se cruza com o de um alforje, ao qual ele rouba acreditando ter conquistado uma grande riqueza, mas logo descobre que era um tipo completamente diferente de riqueza.
Quando os bandoleiros traídos armam uma armadilha para se vingar do ladrão, o alforje passa para as mãos de um novo dono. Por ação do destino, irá ser passado para viajantes cada vez mais inusitados - e, ainda que tenham origens, crenças e desejos muito diferentes, todos terão a vida transformada por seu conteúdo.
Um ladrão ambicioso, uma noiva que viaja para encontrar o futuro marido, um padre em peregrinação, um beduíno de alma livre, uma escrava falacha e mais quatro personagens terão suas trajetórias costuradas por um misterioso alforje.
Com uma narrativa quase inteiramente sem diálogos, O Alforje é uma leitura densa e por vezes cansativa. Esse é um livro para ser lido com calma e atenção aos fatos e, principalmente, à escrita da Bahiyyih Nakhjavani que é encantadora ao ponto de dar vida ao deserto e ao objeto inanimado em torno do qual sua história é desenvolvida.
O fato de ser narrado por diversos personagens com características completamente diferentes, traz um nível de realidade ao livro que me surpreendeu. A cada capítulo tinha a impressão de que estava lendo uma história diferente e chama a atenção para o quão distinta pode ser a perspectiva de cada pessoa diante das situações.
Sobretudo, diria que O Alforje é um verdadeiro exercício de empatia. Bahiyyih vem nos mostrar que não existe uma verdade absoluta e evidencia isso a medida que vai mudando o cenário, pessoas e objetos de acordo com o narrador. Esse é um livro que celebra a diversidade e nos incentiva a exercitar um olhar mais humano sobre o próximo.
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