Santuário dos Ventos

Santuário dos Ventos George R. R. Martin




Resenhas - Santuário dos Ventos


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Acervo do Leitor 07/05/2018

Santuário dos Ventos | Resenha | Acervo do Leitor
Há uma mudança a caminho. Uma transformação chegando como o vento, hora uma simples brisa, hora um furacão. Em uma sociedade engessada pelos costumes herdados pelos que navegavam as estrelas uma mulher ousou se levantar. Primeiro ergueu sua cabeça, depois começou a caminhar, passou a correr… até finalmente voar! No “Santuário dos Ventos” ela se tornou uma lenda, e essa é sua história.

“O fato de uma coisa sempre ter sido feita de um jeito não quer dizer que a mudança não seja possível, ou desejável.”

O “Santuário dos Ventos” é um grande arquipélago de ilhas independentes que se comunicam através de uma classe especial de mensageiros: os Voadores. Uma casta de cidadãos que possuem a habilidade, passada de pai para filhos, de singrar os ares usando asas metálicas feitas de um metal adquirido por seus antepassados. Há muito tempo atrás grandes navegações estelares acabaram “naufragando” neste planeta. Houve uma guerra por poder e liberdade. De suas poderosas velas metálicas foram extraídos o material para a construção das asas destes Voadores. Um material escasso e com número limitado. Dos viajantes interplanetários originais, que obtiveram a posse deste material, se originaram toda a classe de Voadores. Eles prometeram cruzar os ares conectando as ilhas, governadas por “Senhores da Terra”, de forma pacífica sem nunca pegar em armas. Privilegiados e arrogantes por saberem que a sobrevivência da sociedade depende de suas habilidades se consideravam intocáveis, assim como seus costumes. Mas uma órfã vai provar o contrário e seu nome é Maris.

“Ela tinha sim, um lar, e era ali, no céu, com o vento forte e frio, atrás dela e com suas asas nas costas.”

Maris sempre sonhou com o céu. A liberdade de conhecer qualquer lugar podendo voar sentindo o vento no rosto, a água em seus cabelos e o sol em seus olhos. Mas ela não é filha de um Voador, e seu destino é ser confinada a terra. Porem ela teve o privilégio de ser adotada por Russ, um Voador que lhe ensinou esta centenária arte e a deixou usar suas asas até que seu filho Coll chegasse a maioridade. Mas Coll não tem interesse no céu, ele quer apenas cantar, apesar de uma forte tradição obriga-lo a isso. Alguns afirmam que costumes são criados para serem quebrados, mas para isso é necessário uma pessoa tão apaixonada pelo que acredita que é capaz de morrer por sua causa. Maris e suas asas são inseparáveis e não há conselho ou tradição capaz de remove-las. Para ela a capacidade de voar deveria ser avaliada pela habilidade, não pelo sangue. Ela vai se opor a todo o sistema até coloca-lo de joelhos. Uma mulher contra a sociedade. Um sonho contra o destino. Talvez ela consiga, mas as consequências desta conquista podem fazê-la desejar o contrário.

“Talvez o mundo esteja pronto para outra mudança (…) Mas é desse jeito que devemos muda-lo?”

SENTENÇA
Esse livro único foi escrito em 1981 por George R.R. Martin, criador das “Crônicas de Gelo e Fogo” e Lisa Tuttle. Apesar de ser uma obra feita por dois escritores, em nenhum momento você identifica duas “vozes” tamanha harmonia e coerência entre eles. Uma linda história sobre a importância de se terem sonhos e lutar pelo que se acredita. A carismática protagonista Maris, uma mulher a frente de seu tempo, personifica toda a paixão, dedicação e desejo daqueles que ao longo da nossa história ousaram se opor a todo um sistema vigente. Mas essa história não é um drama, e sim uma excelente Fantasia como todo o toque de maestria que se espera de George Martin. Em poucas páginas ele (Martin) consegue uma excelente construção de mundo (Worldbuilding), personagens cativantes, incríveis reviravoltas na trama e uma história que te prende do começo ao fim através da sua elegante escrita. Só lamento que essa obra tenha demorado tanto para ser publicada no Brasil, talvez ela tenha se perdido voando pelo tempo, mas enfim ela chegou e você precisa conhece-la.



site: http://acervodoleitor.com.br/santuario-dos-ventos-resenha/
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Steffany 01/05/2020

Maris, uma voadora de corpo e alma
Esse livro era pra ter sido uma trilogia inesquecível. O livro é divido em três partes, me arrastei muito durante as duas primeiras partes, foram mal exploradas com diálogos não tão bons, os escritores tinham ouro nas mãos mas resolveram fazer um resumão de tudo no começo, aí você fica com aquelas perguntas na cabeça "como o relacionamento de fulana começou?" "Como ciclano morreu ?" E varias outras questões que vão surgindo durante a leitura. A nossa personagem me pareceu no começo como uma pessoa egoísta é mimada, simplesmente existiam só os ventos no céu e a Maris na terra ( Ela mesmo reconhece isso com o passar da história).
Finalmente na parte três eu me encontrei a leitura fluiu de uma forma incrível, fiquei triste é feliz, o final é satisfatório.


Uma voadora, uma-asa, amante dos ventos, heroína ou só Maris.
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Lílian 22/12/2018

Pensei que alçar esse voo seria uma delícia, mas...
Dando uma opinião apenas baseada na leitura como entretenimento e, óbvio, de acordo com o meu gosto: achei a história um saco. Não consegui desenvolver simpatia por absolutamente nenhum personagem, nem heróis (há heróis?), nem anti-heróis, o ambiente (cenário), que me despertou curiosidade na sinopse, também acabou não me atraindo enquanto ia lendo. Tive a impressão de que seria uma história bem mais empolgante. Tem alguma reviravolta, tem algum drama, tem algum romance, a personagem principal tem um ciclo completo (descobrir-se como alguma coisa, lutar por isso, viver o auge e o declínio do que se é e do que se escolheu, superar-se), passa uma mensagem. A sensação que eu tenho, entretanto, é de que nada foi trabalhado como poderia e ficou tudo ou muito raso, ou muito sem graça, o que é um problema para uma obra com mais de 400 páginas. Em suma, não me fisgou. Minha impressão é que poderia ser grandioso, mas foi apenas mais um livro.
Laiany Teixeira 05/03/2019minha estante
Dei 3 estrelas por ter gostado muito apenas da primeira parte, mas aí vou pra segunda parte e não sei como fui até o fim :/ Tinha tanto potencial


Thais.S 25/02/2020minha estante
vc esta absolutamente certa.... estou achando a leitura um saco....




naclaxvz 03/11/2021

"Em algum lugar bem acima da sua cabeça, imaginou que conseguia ouvir a tempestade começar, e o som da chuva batendo na rocha desgastada. A fortaleza era forte, muito forte, e ela sabia que não ia desabar. Mesmo assim, de algum modo sentia que aquela noite poderia ser a noite em que, finalmente, depois de todos aqueles anos, ela ia rever o pai."

Eu não me apeguei à história logo no começo, na verdade depois de umas cem páginas eu já não aguentava mais tanta enrolação, não acontecia nada, era sempre tudo muito parado e as movimentações era tão chatinhas...
Comecei então a pular algumas páginas e ir pegando as informações principais. Sinceramente, não considero isso uma leitura mas eu queria saber o final da história. Não recomendo pois é extremamente sem emoção ver novos personagens surgindo e não conseguir se identificar com eles já que não os conheceu direito.
Tiveram vários momentos em que quis voltar lá pra página cem e direito, mas eu sabia que iria ficar entendiada e cair em uma ressaca literária outra vez, então preferi seguir do jeito que estava mas só com a finalidade de matar minha curiosidade.

O final me surpreendeu positivamente, não o final tipo o final mesmo. Mas sim o fato de que mesmo sem conhecer muito bem a história, eu consegui absorver o sentimento depositado naquelas últimas palavras, e chorar.
Chorei muito com a música escrita pelo irmão dela, chorei demais com a lembrança da velha casa onde ela morava na infância e a certeza que encontraria o pai. Especificamente a menção ao pai dela me fez desabar em lágrimas, mesmo sem acompanhar boa parte da história, o começo foi marcado por muitas lembrança, aprendizados e citações da protagonista para com o pai pescador, e ter isso de volto no final foi muito especial, ao menos pra mim.
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Fernando Lafaiete 18/08/2018

Santuário dos Ventos: Ficção-científica de alto nível escrita por 4 mãos?
******************************NÃO possui spoiler******************************

Santuário dos Ventos me despertou sentimentos instáveis. Durante toda a leitura fiquei procurando algo que me confirmasse que este livro foi escrito por quatro mãos. Tentei e por mais que eu tentasse não encontrei características que me confirmasse que George Martin colaborou na escrita. Acredito sim que ele possa ter ajudado na concepção de algumas ideias, mas não acho que ele tenha colocado a mão na massa e escrito de fato o livro.

A trama é engenhosa e bem escrita, mas não possui toda a minuciosidade e brutalidade do aclamado escritor. A ficção-científica com pé na fantasia apresentada “pelos autores”, conta a história de um universo constituído por ilhas onde a comunicação só é possível com a ajuda dos voadores; seres humanos que se utilizam de asas de metais para sobrevoar estas ilhas e transmitir mensagens. Estes respeitados mensageiros passam suas asas de maneira hereditária e são pessoas bem tradicionais que temem possíveis mudanças neste sistema. É neste mundo que vive Maris, uma jovem que sonha em ser uma voadora e não aceita o fato de seu irmão ser o herdeiro das asas de metais de seu pai adotivo.

A jornada desta personagem ao longo dos anos e os conflitos civis e políticos são os focos de Santuário dos Ventos. A obra é dividida em 3 partes e cada parte foca em um período diferente da personagem onde longas passagens de anos são perceptíveis. As histórias são interessantes e possuem bons desenvolvimentos. Os diálogos são bem construídos e a leitura é fluída. Maris é uma boa protagonista e mostra de maneira palpável a força de uma personagem feminina bem construída. Mas mesmo tendo gostado deste livro, queria muito ter me deparado com aspectos pertencentes do Martin que conheço.

A primeira coisa que me incomodou foi o fato de que a sinopse do livro possui informações importantes, mas que constam somente na sinopse. Em nenhum momento ficou claro para mim como este mundo foi concebido. Fica claro para quem ler a contracapa, mas faltou tal informação ser inserida e desenvolvida na trama de maneira sólida. Outra coisa bastante incomoda para quem já leu George Martin, são os cortes abruptos bastantes presentes em Santuário do Ventos nas cenas de violência. Não temos vislumbres reais destes momentos e sabemos que Martin não poupa seus leitores deste tipo de cenas. As questões políticas são citadas, mas não temos um aprofundamento destas situações. É outro ponto que me saltou aos olhos de maneira “negativa”. Tais aspectos são citados, possuem importância para a narrativa, mas não são apresentados com detalhamentos.

Entretanto, as tramas são envolventes e possuem desfechos muito bons. Os personagens são bacanas e cada um possui personalidades diferentes, que geram bons diálogos e boas situações. Curti todos os personagens e gostei dos finais que me instigavam a continuar a leitura. Depois de um tempo, me desprendi e li Santuário dos ventos como uma obra escrita por Lisa Tuttle e no máximo supervisionada por George Martin. Foi assim que encarei este livro.

Li alguns artigos sobre esta elogiada parceria e vi que alguns críticos também questionaram a veracidade da participação de Martin e outros (incluindo o próprio autor) afirmam até hoje que ele participou sim como escritor efetivo e que a falta de elementos mais brutais e descrições mais palpáveis se dão pela “inexperiência” do autor na época em que a obra foi concebida. Inclusive, a quarta novela nunca passou de apenas uma ideia, pelo simples fato de que com o passar dos anos os autores foram desenvolvendo características narrativas próprias que impossibilitaram esta parceria de ocorrer novamente, já que suas escritas não combinavam mais. Pode ser que esta justificativa seja verdadeira, já que pra mim soa bastante verossímil.

Indico sim este livro, mas saiba que é uma obra de início de carreiras. É muito legal, mas nada no nível de Guerra dos Tronos, Sonho Febril etc. Curti a leitura, me entreteve e foi uma boa experiência; mas não passou disso.

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Informação pós-resenha:

Tempestades, a primeira novela de Santuário dos Ventos foi publicada pela primeira vez em 1975 e foi vencedora do Locus Award em 1976 de melhor Novela. Foi indicada no mesmo ano para o Hugo Award e para o prêmio Nebula. É até hoje uma história elogiada pelos fãs dos autores e aclamada pela crítica especializada.
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lavi.albuquerque 30/05/2021

a história é MUITO boa e promissora, mas eu achei a escrita muito pesada e arrastada, por isso não sei mais estrelas
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Mika Busch 28/10/2021

Fantasia única, linda e serem exageros
Um ótimo livro em três partes sobre a vida de uma personagem incrível, recomendo muito a leitura, se trata de uma fantasia sem complicações mas com discussões importantes e pertinentes, uma história bonita e triste que todos os amantes da fantasia precisam conhecer.
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Gabriel 18/05/2018

Quem define o que você vai ser?
Quando comecei a ler os livros que o G.R.R.Martin escreveu antes de As Crônicas de Gelo e Fogo eu admito que fiquei receoso de que o autor fosse mais um daqueles escritores que só tem uma obra boa na carreira, e até cheguei a flertar com essa ideia ao finalizar seu romance Sonho Febril, de 1982, que apesar de algumas metáforas entre os vampiros e a escravidão no século XIX muito bem elaboradas, não me cativou durante a maior parte do tempo, fazendo dessa leitura bastante maçante. Felizmente esse pensamento foi mudando ao desbravar outros trabalhos dele, e depois de Santuário dos Ventos, recém-lançado título da editora LeYa, estou mais convencido de que o Martin já era um escritor promissor lá pelos anos 70.

Não vou me ater apenas a um dos dois colaboradores dessa obra, e terei que destacar também o trabalho de Lisa Tuttle, premiada escritora e ativista do movimento feminista (além de ex-namorada do Martin!), que teve nesse livro, indicado como melhor Ficção Científica no Locus daquele ano, o resultado de uma parceira tão produtiva que fica até difícil dizer onde acaba a parte do Martin e inicia os trechos da Lisa no livro. Mas muito mais do que o pano de fundo da amizade entre dois escritores ou os prêmios para os quais Santuário dos Ventos foi nominado, essa é uma história que por si só já tem sua riqueza literária.

Num planeta que leva o nome do livro, onde a proporção entre água e terra é bem mais desigual do que no nosso balanceado planeta Terra, os humanos que habitam as esparsas e distantes ilhas construíram mecanismos de asas que permitem a alguns indivíduos voarem possibilitando a troca rápida de mensagens. Acontece que esse “privilégio” é recluso somente a famílias nobres que olham aqueles vivem no chão, grande maioria, com certo desprezo, passando suas asas de tempos em tempos para seus herdeiros, quer eles queiram torna-se voadores ou não. Eis que uma jovem comum, Maris, decidi mudar essa situação, ávida pelo seu sonho de também poder voar pelo Santuário dos Ventos.

Tenho de dizer que esse livro começou bastante inocente, com um tom um pouco mais juvenil e com aquele velho clichê da protagonista que diferente de todos ao seu redor, claro, consegue enxergar uma solução para as desigualdades sociais onde vive, propondo uma sociedade onde todos podem ser voadores e a possibilidade de ter asas é ganhada pelo mérito através da competitividade. É utópico? Sim. É o que todos gostariam que fosse? Talvez. Mas tudo bem, o livro ainda estaria acima da média se fosse apenas isso.

Mas o charme de Santuário dos Ventos começa pelo fato de que essa luta por igualdade que acarreta numa revolução no sistema ocorre logo nas primeiras cem páginas da história, e não no seu clímax, como seria em outras obras. O mais importante aqui é o que vem depois, dadas as sanções que permitem às classes menos favorecidas também obterem as asas. A discussão passa a ser se essa nova organização social é melhor, se essa igualdade de chances proposta anteriormente realmente existe no presente. Martin e Lisa querem dizer ao leitor que a luta por direitos é muito mais complicada do que se parece e deve ser ininterrupta, e que o catalisador dessas hierarquizações que tanto fazem mal ao progresso humano é algo muito mais profundo do que simplesmente homens cegos que não percebem uma alternativa melhor do que uma sociedade repleta de injustiças.

Aliás, a ideia de homens que voam acima dos outros é uma excelente figuração das divisões que existem em nossa sociedade, e mostra, mesmo que não goste de todos os livros do Martin, como o escritor gosta de entregar obras cuja construção do universo também é um meio para passar a mensagem que se quer entregar. E os conflitos frutos desse arranjo social vão se tornando cada vez mais sombrios, a discussão mais madura, os personagens ficam mais complexos, através da introdução de um lado mais extremista do lado dos subjugados com o personagem Val, que deixa a Maris, antes símbolo dos “inferiores”, bem indecisa sobre que partido tomar, se um lado mais conservador ou adentrar ainda mais em seu radicalismo na sociedade dos voadores. Em suma, essa é uma obra que ganha mais camadas com o passar do tempo.

A Maris por si só é uma protagonista muito bem elaborada. Criamos empatia por seus sonhos logo de cara, mas também nos surpreendemos de algumas atitudes que ela surpreendentemente toma ao longo de livro, fazendo-nos duvidar o que ela afinal quer. Um recurso que o Martin gosta de utilizar em suas obras, o de manipular-nos a ponto de passarmos a apreciar antagonistas, é pelo menos pra mim aplicado nesse livro no personagem Corm, que a princípio o leitor criará um desgosto enorme, mas com o tempo vai suavizará seus pensamentos em relação a ele.

Há uma subtrama envolvendo o meio-irmão da Maris, Coll, que também me agradou bastante. Forçado a se tornar um voador, o jovem garoto anseia em ser cantor, uma profissão menos digna aos olhos de seu pai, Russ. Esse arco expande a temática do livro, que passa a não ser somente a busca por igualdade de chances, mas também sobre a possibilidade de ser aquilo que você quiser, sem discriminação. E com o passar das páginas vemos que mesmo numa profissão sem o mesmo frissom que o cargo de voador, o Coll tem um papel importante de disseminar histórias, lendas, e construir uma cultura. Pena essa outra discussão não receber às vezes o mesmo desenvolvimento que o eixo principal da história, na minha opinião. Creio que ambas estão no mesmo patamar de importância no nosso mundo atual.

Santuário dos Ventos é um ótimo livro que só melhora a cada parte. Divertido, instigante, com um bom valor para entreter, mas também reflexivo. Lisa Tuttle e G.R.R.Martin entregaram uma excelente protagonista feminina nessa história meio fantasiosa meio ficção-científica. Em qual gênero a obra se encaixa melhor, no entanto, é o de menos. A mensagem dessa surpreendente história é consistente e precisa em ambos os casos!

site: https://leitoresvigaristas.wordpress.com/2018/05/18/resenha-santuario-dos-ventos-g-r-r-martin-lisa-tuttle/
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Ryllder 18/04/2018

Surpreendente
Até metade do livro tive a impressão de estar lendo um YA de fantasia, como muitos que são lançados mais recentemente.No entanto, do meio para o final a história se torna mais sombria, com foco em desenvolvimento de personagens,e o final melancólico me agradou bastante.Quando iniciei a leitura veio a tendência de comparar essa obra com As Crônicas de Gelo e Fogo,e é um erro.
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Dani 23/09/2020

Leitura leve que vale a pena
Lendo a sinopse, parece que é apenas uma historinha sobre essa menina que quer ter asas e não pode, porem ao longo da história você percebe que é muito mais, trata de várias questões sobre política e tradições desse mundo e de como a historia pode ser diferente dependendo de como e por quem ela é contada. Tudo isso pela perspectiva de uma garota que só quer fazer o que ama e não ter nada a ver com política ou conflitos, mas acaba sendo metida no meio mesmo assim. Te faz refletir que as escolhas, ainda que pequenas e bem intencionadas podem gerar consequências com dimensões maiores do que se pode controlar.

Enfim queria poder expressar que o livro não é apenas a respeito da história de Maris, mas de toda sociedade criada nesse universo.
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Orlando 12/09/2018

O LIVRO É | SANTUÁRIO DOS VENTOS, POR LISA TUTTLE E GEORGE R.R. MARTIN
Antes de haver o Santuário dos Ventos, séculos atrás a raça humana ganhou as estrelas, mas uma de suas grandes naves se avariou e fez pouso forçado num planeta com muitos mares revoltos e ilhas espaçadas entre si.

Houve guerra, houve morte, mas ali a humanidade assentou uma nova morada e com o passar dos anos e décadas a tecnologia dos viajantes do espaço se perdeu e os descendentes destes viajantes criaram uma nova sociedade, quase do zero, pautada no cultivo da terra e na pesca. Voltamos ao que éramos na era artesanal e de arados.

Do que sobrou da antiga espaçonave os remanescentes tiraram de sua grande vela de metal flexível o material para construir suas asas e atravessar as grandes distâncias entre as muitas ilhas do chamado Santuário dos Ventos (veja nossa chamada de lançamento AQUI). O material é leve, flexível, quase indestrutível, já que era utilizado para impulsionar as viagens estelares através da força e energia dos ventos solares, se tornou primordial para a construção das asas necessárias para capturar os poderosos ventos do planeta e alçar aos ares os voadores.

Em um mundo com muitos ventos e baixa gravidade, os viajantes trataram de transformar as asas em um meio de transporte e comunicação entre as muitas ilhas do Santuário dos Ventos; os voadores acabaram se tornando uma elite de privilegiados, seu ofício uma honra hereditária passada dos pais para seus filhos mais velhos. E foi assim que começou a história dos povos do santuário.

Mas um dia a história de um povo, de um mundo inteiro e de um modo de vida acabou por se confundir com a história de alguns indivíduos e esses indivíduos acabaram pondo em movimento as engrenagens necessárias à revolução que mudou o Santuário dos Ventos.
No centro dessas histórias individuais está a história de Maris, filha de um pescador e de uma catadora das praias. Maris olhou encantada para os voadores e sonhou com o dia que estaria entre eles, mesmo não tendo direito algum de receber uma asa e ganhar os céus.

A sorte sorriu para a pequena garota, a sorte, o acaso e a bondade de Russ, um voador sem filhos a quem deixar suas asas. Adotada pelo bom homem, Maris foi treinada, preparada e viveu a alegria de se tornar uma voadora e de vivenciar a liberdade dos ventos e de conhecer muitas das ilhas do Santuário dos Ventos.

Entretanto, essa alegria não duraria muito, pois Coll, o filho tão aguardado por Russ, veio anos depois e, aos 13 anos de idade, o garoto teria o direito de reclamar as asas de seu pai, uma vez que era filho legítimo do voador. E, desse ponto em diante, a história doSantuário dos Ventos se entrelaça, se mistura, se confunde e iguala com a história da vida de Maris, que defenderia ano após ano seu amor ao ato de voar…

O MUNDO DO SANTUÁRIO DOS VENTOS E SUA SOCIEDADE E HIERARQUIAS
O livro escrito a quatro mãos por Lisa Tuttle e George R.R. Martin nos leva para um mundo distante da Terra, similar em alguns aspectos, mas com características bem marcantes em sua ecologia: os mares rebeldes predominam sobre a superfície do planeta e estão cheios de criaturas perigosas, as ilhas são esparsas e metais são valiosíssimos, a baixa gravidade permite o voo com auxílio das asas construídas com metal das velas de vento solar de uma antiga espaçonave colonizadora, a sociedade humana do Santuário dos Ventos lembra muito uma sociedade de aspecto medieval.

Essa sociedade é dividida bem claramente entre três grupos: os senhores da terra, título dado aos governadores das ilhas-cidade do santuário; os aterrados, que são os cidadãos comuns das ilhas e os voadores, cujos privilégios e status se equiparam aos dos próprios senhores da terra.

Os voadores gozam de uma série de privilégios e benefícios por seus serviços prestados ao Santuário dos Ventos; através deles mensagens de comércio, política, diplomacia são trocadas entre os senhores da terra de todas as ilhas. Com um conjunto de regras e leis próprias, os voadores se autorregulam, tendo em seu Conselho uma importante força coletiva para formulação de leis, penalidades e tomada de decisões que envolvem a coletividade dos voadores.

Por seus serviços e privilégios nas terras e mares do Santuário dos Ventos os voadores são admirados, respeitados e idolatradas por muitos, e por vezes odiados por uns poucos.

MARIS CONTRA O SANTUÁRIO DOS VENTOS
Com as asas do pai adotivo, Maris se tornou conhecida em todo o Santuário, tanto por seu talento quanto por sua condição de não ser uma voadora de nascimento.

Mas o inesperado ocorreu e Russ, seu pai adotivo, acaba por ganhar a dádiva da paternidade biológica e Coll vem ao mundo com todos os direitos necessários para receber as asas do pai quando chegar aos treze anos e, mesmo amando seu irmão adotivo, Maris passou todos os anos desde o nascimento do garoto sob o fantasma de perder as asas que tanto desejou.
Em Santuário dos ventos o leitor acompanha Maris em três momentos distintos de sua vida sempre ligada às lutas envolvendo a condição dos voadores na sociedade como um todo e de forma individual também.

Tuttle e Martin criam um mundo e uma narrativa pautados no constante confronto entre o “eu” e o “nós”, entre o indivíduo e o coletivo, entre tradição e ruptura. Questões políticas, culturais e de interesse estritamente particulares trazem à tona na história do Santuário dos ventos o fato de que o indivíduo, mesmo defendendo seus interesses, é capaz de mover o mundo em prol de outros indivíduos ao seu redor.

É assim que acompanhamos Maris ao longo dos anos saindo de suas zonas de conforto para entrar em lutas ideológicas e mudanças que ora compreendemos como puro egoísmo da garota, ora como revolta social e desejo por mudanças que criem um mundo mais igualitário, onde competência, habilidade e aptidão são itens mais essenciais à sobrevivência da sociedade quanto seus costumes enraizados e cristalizados de forma imutável.

A narrativa a quatro mãos de Santuário dos ventos alterna momentos de descrição e contextualização do mundo criado pela dupla de autores com momentos de real condução narrativa, aqueles cujas ações, escolhes e motivações dos personagens fazem as engrenagens do mundo fictício da obra se moverem no sentido da mudança.

Claramente dividido em três capítulos distintos – sobre os quais prefiro não dar detalhes para não estragar certas surpresas da obra – nos quais desfilam um belo e instigante elenco de personagens, a começar pela protagonista Maris e seu constante embate entre tradição e mudança.

Ao lado da jovem voadora estão ótimos coadjuvantes como seus alunos, amigos voadores e até mesmo os “antagonistas” como Val Uma Asa, de longe um dos melhores e mais interessantes personagens da trama, cuja percepção e entendimento da sociedade dos voadores rendem comentários mordazes e irônicos que trazem em si uma série de reflexões sobre as atitudes de Maris e suas motivações.

A narrativa de Santuário dos Ventos é bem direta, sem nenhuma experimentação cronológica, idas ou vindas no tempo; não, aqui é tudo uma linha reta bem delineada em seus três segmentos da adolescência, idade adulta e maturidade de Maris.

Como tal, a obra constrói esses três momentos dando ao leitor a densidade dessas três fases: o primeiro capítulo tem muita energia, momentos de descoberta, impulsividade, alegria, dúvidas, desejos de mudança, atitudes imprudentes, tal qual é a adolescência real. Nesse primeiro capítulo temos a nítida sensação de que Santuário dos Ventos será um livro Young Adult cheio dos vícios desse tipo de narrativa. O que seria desastroso…

Mas felizmente a versatilidade dos autores nos livra dessa amargura no segundo capítulo, onde a obra ganha uma densidade enorme e seus temas se ampliam, bem como a reação dos personagens diante de situações mais difíceis e cheias de nuances, dando à narrativa tons de cinza diversos e um prisma multifacetado de percepções e ideias. Nesse capítulo nos pegamos constantemente transitando entre concordar e discordar do mesmo personagem em situações diferentes e conforme suas ideias são desenvolvidas ou afetadas pela presença de outros personagens na trama.

A própria narrativa se torna mais obscura nessa “idade adulta” da cronologia do livro, as rivalidades se adensam e a perspectiva dos voadores e sobre eles sofre mudanças severas no mundo do Santuário dos Ventos e, o melhor de tudo, na visão do leitor também.

E, felizmente mais uma vez, a narrativa segue nessa densidade no terceiro e último tomo da obra, com questões ainda mais delicadas e decisões ainda mais cheias de facetas e desdobramentos, o que deu ao livro um fechamento diametralmente oposto ao seu começo que dava entender a entrega de uma obra pautada pelos delírios juvenis de uma adolescente egoísta e inconsequente.

Meu único ponto negativo sobre a obra é a “lentidão” da narrativa de Tuttle e Martin emSantuário dos Ventos; não sou um grande fã da narrativa do criador das Crônicas de Gelo e Fogo justamente por este aspecto excessivamente arrastado de seu texto, o que me dá uma sensação de algo enfadonho demais e aqui nessa obra em parceria com Tuttle parece que Martin imprime muito essa sua característica à obra. Santuário dos Ventos, a despeito de um livro sobre asas e voo, acaba por ser extremamente arrastado em muitos pontos.

Claro, não tem como diluir o que é feito por Martin e o que é feito por Tuttle no livro, mas acredito que as partes onde Maris conduz tudo e sua personalidade é trabalhada e lapidada na obra, seja a mão de Tuttle que puxa as cordinhas para que a protagonista seja não só mais uma personagem feminina, mas uma personagem feminina construída por uma escritora, o que é muito, muito importante.

A despeito do mundo criado pelos autores, o Santuário dos Ventos me lembra demais o mundo de Terramar, criando pela mestra Ursula K. Le Guin; não só isso, a própria narrativa de Tuttle e Martin me lembraram demais a obra de Le Guin que tem na trajetória de Jed, O Gavião e grande mago de Terramar, uma narrativa de crescimento, de autodescoberta, aprendizado e, por que não, redenção.

Em muitos momentos de Santuário dos Ventos percebi situações semelhantes no sentido de construção e crescimento de Maris iguais aos que Le Guin fez para Jed em O Feiticeiro de Terramar, não tenho dúvida alguma de que a grande obra de Le Guin seja fonte de inspiração para Santuário dos Ventos. Outro fator que me reforça essa grande influência é a semelhança entre os dois mundos: grandes extensões de mares revoltos, arquipélagos formando “vilarejos” e “regiões”, a navegação como método principal de transporte e uma casta que tem prestígio enorme na sociedade (em Terramar os magos, no Santuário os voadores).

SCI-FI OU FANTASIA? SCI-FAN!
Santuário dos ventos ocupa uma área de interseção entre fantasia e ficção científica, mas não põe definitivamente os pés em nenhum dos dois gêneros: não há magia, não há espadas, mas também não há tecnologia capaz de tirar as sociedades do planeta de uma longa era similar ao que foi nossa idade média. No entanto toda a origem do mundo do Santuário é pautada na chegada de colonizadores espaciais, inclusive advindo das velas de vento solar o material das quais as asas dos voadores são feitos.

Santuário dos ventos me parece um híbrido competente de uma fantasia fictícia, ou seria de uma ficção fantástica? Acho que a bem da verdade isso pouco importa, pois o leitor tem aqui uma ótima leitura que flerta com desdobramentos da Fantasia e da Sci-Fi.

Longe de ser o livro que vai mudar os rumos de qualquer desses gêneros, Santuário dos Ventos é uma narrativa inteligente, agradável e cheia de reflexões e análises que podem ter muito de suas proposições transportas para o mundo real, realizando com isso a competente função da boa obra literária: refletir sobre a realidade através de um mundo ou de uma história fictícia e fantástica.

Para os que querem uma leitura inteligente e ao mesmo tempo direta e sem peripécias narrativas, Santuário dos ventos é a pedida e, soma-se a isso a completude da obra em si mesma: nada de uma extensa saga de 10 livros cujos próximos volumes o leitor nem sabe se chegarão aqui ou se o autor estará vivo para escrever as continuações; não, aqui é abrir, ler, fechar e encerrar a história de Maris no Santuário dos Ventos.

Faço aqui, nesse fechamento, a ressalva aos que, inadvertidamente venham aoSantuário dos ventos em busca de grandes batalhas aladas regadas com sangue, espadas, magias ou armas laser: Santuário dos ventos passa longe, muito longe disso.

SANTUÁRIO DOS VENTOS | SOBRE OS AUTORES
George R.R. Martin nasceu em 1948 em Nova Jersey e é formado em jornalismo pela Northwestern University, em Chicago. Publicou sua primeira história de ficção científica, “O herói”, em 1971, e logo se firmou como escritor de rara qualidade, ganhando três Hugo Awards, dois Nebula Awards e o prêmio Bram Stoker.

Passou dez anos em Hollywood como roteirista e editor de histórias nos seriados de TVAlém da Imaginação e A Bela e a Fera – neste último como roteirista e produtor. Depois, iniciou sua série fantástica “As Crônicas de Gelo e Fogo”, que deu origem ao sucesso da HBO – Game of Thrones.

A série conta até agora com os títulos A guerra dos tronos, A fúria dos reis, A tormenta de espadas, O festim dos corvos e A dança dos dragões, todos publicados pela LeYa.

Lisa Tuttle ganhou o John W. Campbell Award de melhor escritora em 1974 e desde então escreveu vários contos e novelas, incluindo Lost Futures, que foi indicado ao Arthur C. Clark Award, e The Pillow Friend. Além disso, escreveu diversos livros infantis.

Nascida no Texas, atualmente mora com o marido e a filha numa área remota na costa ocidental da Escócia.

SANTUÁRIO DOS VENTOS | FICHA TÉCNICA
• Tradução: Luis Reyes Gil
• Páginas: 416
• ISBN: 978-85-441-0617-4
• Formato: (altura, largura e lombada) 16 x 23 x 2,1 cm
• Gênero: Ficção | Fantasia
• Peso: 700g
• Preço: R$ 49,90
• ISBN Ebook: 978-85-441-0618-1
• Preço Ebook: R$ 33,99

PREMISSA: - 90%
DESENVOLVIMENTO - 85%
PERSONAGENS - 90%
CONTEXTUALIZAÇÃO - 100%
PROCESSO NARRATIVO/ NARRATIVIDADE - 90%
CONCLUSÃO/ DESFECHO - 85%

site: https://www.pontozero.net.br/2018/08/23/o-livro-e-santuario-dos-ventos/
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Erica 16/08/2021

Muito bom
Eu achei a historia de vida da Maris muito boa, porem os capitulos sao bem grandes o que dificulta um pouco a leitura, a narativa e boa e de fácil entendimento
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Gisele @abducaoliteraria 25/06/2018

A menina que queria tanto suas asas que acabou mudando o mundo
"Porque depois que você experimenta voar,
Passa a andar pela terra com os olhos postos no céu;
Pois terá estado lá,
E sentirá vontade de voltar".
? Leonardo da Vinci

Santuário dos Ventos, escrito por George R. R. Martin e Lisa Tuttle, é um dos lançamentos recentes da editora Leya. Quando se trata de George R. R. Martin, um dos responsáveis por eu gostar tanto de livros de fantasia, qualquer título que leva o seu nome naturalmente me chama atenção.

O Santuário dos Ventos é um mundo que apresenta um compilado de ilhas pequenas e espalhadas, com uma atmosfera tempestuosa. Por conta da distância que cada ilha tem entre si, do clima de ventos fortes e criaturas monstruosas marítimas, voar é o principal recurso para manter a comunicação entre a população. As asas de um voador são feitas de metal, construídas a partir dos destroços da espaçonave responsável por toda a vida no Santuário dos Ventos.

Com o tempo, os voadores começaram a ganhar fama e prestígio. Eles são apresentados como uma sociedade de elite e não respondem aos governantes. Grande parte da população se anima ao vislumbrar um deles planando sobre as praias, com suas asas metálicas reluzindo sob a luz do sol. Era assim que Maris, uma garotinha, se sentia sempre que via um voador deslizando diante dos seus olhos. A ansiedade e a empolgação tomavam conta dela, e tudo o que ela mais desejava era poder sentir a sensação de voar. De ser uma voadora.

Mas isso não seria possível. Entre Maris e o seu sonho de voar, havia também a antiga lei dos voadores, declarando que o direito de voar é hereditário; portanto as asas são passadas de pai para filho. A esperança de Maris se acende quando um voador afetuoso decide adotá-la, e com isso ensiná-la a voar. A garotinha decide agarrar a oportunidade e cresce ganhando os céus, conhecendo lugares diferentes e deslizando por correntes fortes de ventos, mas com a realidade amarga de que em algum momento, ela terá que passar as suas asas para Coll, o pequeno e legítimo filho de seu pai de criação.

Este é o conflito que incendeia e dá início à trama de Santuário dos Ventos. De um lado, temos a tradição, e do outro, um espírito rebelde, ávido por mudanças. A partir do momento que Coll não sente a mínima simpatia com a ideia de voar, Maris não pretende desistir fácil de suas asas. Ela decide confrontar a sociedade e suas leis, com a proposta de que voadores sejam escolhidos por mérito, não por herança.

Ao me deparar com este plot, automaticamente trilhei a jornada de Maris dentro da minha cabeça, e imaginei que todo o livro dependeria de sua busca. De certa forma, posso dizer que não estava completamente errada, mas o livro tem uma proposta diferente e apresenta rumos inesperados. Ele é dividido em três partes, todas com seus arcos fechados, mas que se conectam. A frente de cada arco, temos Maris como a personagem de destaque, e com ela os pontos de mudanças que prometem transformar para sempre o Santuário dos Ventos. O ponto alto da trama é o cenário político e social, e sua maior questão não é só apontar a necessidade da mudança, mas também as consequências de adaptação que vem com ela.

"Pelo tempo em que essa canção for cantada eles saberão de você, a menina que queria tanto suas asas que acabou mudando o mundo".

O desenvolvimento de Maris no decorrer da história é muito interessante. Ela é uma personagem com sonhos e força para correr atrás deles, mesmo que isso signifique abalar toda a sociedade. Você é capaz de sentir o que voar representa para ela, porque a cada voo ela se entrega aos ventos de coração. Acompanhamos a sua trajetória desde criança, vemos sua evolução e o que as mudanças provocadas pelo tempo faz com a sua personalidade quando ela amadurece. Ela passa de uma jovem sonhadora, rebelde e ao mesmo tempo inocente, para uma mulher forte, mais experiente e que sabe exatamente como agir. Com isso, também passamos a acreditar com muita facilidade em tudo o que sua imagem de revolução representa para as pessoas.

?Por um segundo, ou menos que isso, ela caiu, mas depois os ventos a pegaram, como se dedilhassem suas asas, fazendo-a subir, transformando seu mergulho num voo, um choque que a deixou ruborizada e sem fôlego e com a pele formigando. Naquele momento, o pequeno intervalo de menos de um segundo fez tudo aquilo valer a pena. Era melhor e mais emocionante do que qualquer sensação que Maris tivesse experimentado, melhor que o amor, melhor que tudo?.

Alguns outros personagens cativantes aparecem no decorrer da história. Um deles é Val Uma-Asa, o tipo de personagem que eu mais gosto, complexo e difícil de compreender. Em diversos momentos eu me vi dividida entre gostar ou odiar o personagem, enquanto quebrava a cabeça para entender as suas ações e motivações. Por consequência disso, e também por ser o plot mais intrigante e inesperado, a parte dois é a minha favorita do livro.

O Santuário dos Ventos não é uma história de fantasia propriamente dita, ela também apresenta muitos elementos de ficção científica dentro da sua construção de mundo. Desde o início da leitura, me senti muito curiosa sobre como o mundo realmente funcionava, e ansiei por descobrir mais. Os elementos históricos são apresentados aos poucos, apenas para compor o plano de fundo do enredo. Então me vi pescando as informações que eram dispostas de forma sutil, em alguma canção, ou durante uma conversa. Mas não foi o suficiente para mim, eu precisava mais desse mundo.

O epílogo é ótimo, tranquilo e ao mesmo tempo agridoce, como o final de uma incrível jornada deve ser. Você não quer se despedir dos personagens, nem daquele universo, então finaliza o livro com aquele gostinho de quero mais. Recomendo não só para fãs de Gerorge R. R. Martin, mas também a leitores que apreciam os gêneros citados e uma boa jornada atemporal. Ótimo leitura!
GrasieFink 19/07/2018minha estante
Comprei depois de ler tua resenha miga, doida para iniciar esta leitura




Thais.S 01/03/2020

Primeira experiencia com a escrita de George R.R. Martin
Santuário dos Ventos

Primeiro livro que leio do George e posso dizer que foi uma experiência de amor e ao mesmo tempo de ódio, digo isso pelo fato de ser muito frustrante você estar gostando do rumo da história e de uma hora para outra esse rumo se torna outro, ou seja, aquilo que estava sendo importante e necessário para o desenrolar da trama passa a ser deixado de lado, e além disso os autores não se aprofundam nas tramas trazidas por eles no decorrer da história, isso me deixou bem incomodada durante TODA a leitura. E isso não é algo que acontece apenas uma ou duas vezes durante a leitura, ela está ali presente a todo momento, principalmente quando temos a mudança de “capítulos”, entre aspas pois o livro é dividido em três partes, que na verdade se tornariam quatro, já que o epilogo é uma parte importante da vida de Maris, ou seja, é mais uma etapa da sua vida.

A história em si que estes autores criaram é maravilhosa, toda a trama, personagens e passagens de vida dos mesmos foi muito bem pensada, foi bem interessante acompanhar o crescimento e amadurecimento de Maris no decorrer das partes, mas realmente algumas pontas ficaram soltas e para mim algumas delas eram necessárias serem mais bem abordadas e desenvolvidas, principalmente na parte dois do livro, que aborda a aparição de Val uma – asa, e em algumas passagens da parte três. Essa falta de aprofundamento, e por ser um livro um pouco vago não foi uma boa primeira experiência com a escrita dos autores, mesmo assim futuramente pretendo dar mais uma chance ao George.
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Clécio 03/04/2020

Primeiro livro do autor e foi uma experiência incrível...
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