Sâmella Raissa 18/10/2014Resenha original para o blog SammySacional
Julie Kremman sempre teve uma relação muito forte com o pai - mais até do que com a mãe, com quem admitia não saber conversar por tanto tempo como fazia com o pai. Juntos, eles não são apenas pai e filha, mas amigos, irmãos, e Julie tinha a segurança de que sempre poderia contar com ele para tudo. No entanto, a morte inesperada dele, sem direito à maiores despedidas, arrasou a pequena família da garota, e fora então obrigada a mudar-se com a mãe de Nova York para Monterey, na Califórnia, na então companhia de uma avó que só agora viria a conhecer. E como se tudo já não fosse suficientemente estressante e, ainda, angustiante, a garota tem de se deparar com uma nova escola, com novos colegas, e, em geral, um novo mundo, no qual o comando está sob os adolescentes ricos do lugar. Fazendo amizades aos poucos, com uma carga extra de inimigos e um romance totalmente inesperado, ela só não esperava que a avó guardasse um segredo que, ah, sim, faria sua vida, recém-estabilizada, virar-se do avesso novamente.
No livro de Clara Savelli, embarcamos no universo adolescente sob a perspectiva de uma garota que ainda luta para superar a perda do pai, a quem tanto amava, a aturar a contínua ausência da mãe, o conhecimento de uma avó que ela até então desconhecia, e, principalmente, a adaptação a uma vida e pessoas completamente novas. No fundo, tudo o que Julie Kreeman mais queria no momento era poder recostar-se em sua bolha particular, distante do mundo, mas não é isso que seus novos amigos querem que ela faça, e em uma narrativa leve e divertida, que flui com a maior facilidade, acompanhamos o desenrolar da nova vida de Julie e todo o seu processo de aceitação da perda e da chegada da hora de, enfim, seguir em frente com sua vida.
"- Como assim não tem certeza se quer saber o que é? Nós temos que descobrir o que é.
- E se não for uma coisa boa?
- Acho que é bastante óbvio que não é uma coisa boa.
- Então por que você quer descobrir o que é?
- Eu prefiro descobrir antes que essa coisa nos descubra."
Conheci o livro, felizmente, graças aos compartilhamentos e elogios tecidos pela Larissa Siriani no Facebook, pois, para quem não sabe, Mocassins & All Stars foi parte dos tempos do já extinto Orkut, em publicação continua em uma comunidade. E, muitos anos depois, a história lida e adorada por diversos leitores da rede social veio a ter sua versão impressa, esse ano. E depois de ter me deliciado com essa história tão meiga e dinâmica do universo adolescente, nem sei direito por onde começar a falar nessa resenha, pois a verdade é que, quando somos surpreendidos além da conta com um livro, nem todas as palavras do mundo conseguem expressar realmente a experiência da leitura, e esse é totalmente o caso de Mocassins & All Stars.
Acontece que, nesse livro, nos deparamos não apenas com uma história muito bem formulada e desenvolvida, mas com personagens realmente marcantes. Fugindo aos poucos dos estereótipos de alguns livros nos quais o enfoque é o universo adolescente, aqui temos personagens cuja identificação é quase que imediatada, com vidas rotineiras ou simplesmente comuns, com defeitos e qualidades sempre presentes no livro, e com erros e acertos pela frente, na vida. Nossa protagonista, em especial, é uma garota quase adulta que, meses após a morte do pai, ainda encontra-se abalada pela perda daquele que era o seu companheiro constante, e a iminente adaptação em uma vida totalmente nova em uma cidade nova deixam seu humor instável logo no início. Lutando para aceitar a nova residência, enfrenta um primeiro dia de aula conturbado e ainda mais catastrófico do que ela poderia esperar, embora novas amizades comecem a despontar desde o primeiro momento. A primeira, claro, é Arthur Torrez, popular do colégio e então capitão do time de basquete, que ao elogiar os all stars da garota em um primeiro momento, acaba por ser mal interpretado e logo mais se segue uma relação confusa e cheia de idas e vindas por parte de ambos.
"- Você venceu todos os momentos difíceis. ele apoiou uma mão no meu ombro. Só que você criou uma casca em volta de você. Você não quer baixar sua guarda de jeito nenhum. Sei lá, às vezes eu acho que você não quer ser feliz de novo. Parece que você precisa de um pouco de drama na sua vida para conseguir seguir em frente."
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