Dri Ornellas 25/01/2020O livro O inferno somos nós: do ódio à cultura da paz é uma conversa entre o historiador Leandro Karnal e a Monja Coen, mas mais conduzida por ele. É um livro curto, seria facilmente um dos inúmeros vídeos no You Tube de um dos dois. Não pretende ser profundo em nenhum dos temas que fala, nem mesmo do tema que dá título ao livro, apenas passeia por algumas perspectivas que podem nos ajudar a iniciar algumas reflexões. O conceito que perpassa todo o livro como engrenagem central que alimenta a cultura de ódio e violência é o medo, em suas diversas formas e combatê-lo é a melhor maneira de progredirmos para uma sociedade com uma cultura de paz. O caminho ideal para isso séria o conhecimento, o conhecimento que vem da educação mas, principalmente, o conhecimento de si. Entretanto, esse conhecer a si mesmo deve ir além de se conhecer como indivíduo, mas se conhecer como alguém em contato com o outro e dentro de uma sociedade. Não é apenas um autoconhecimento, mas é um conhecimento que não ignora que somos todos um só interdependente (como diz o Budismo que advoga que todos somos codependentes). É um livro bom para uma tarde chuvosa como esse para ser lido numa sentada só.
"Para nós, no budismo, é causa, efeito e condição - é neutro. Não há uma deidade que nos julga, que seria uma outra forma de dizer da ética. Algumas pessoas pensam que só quem acredita em Deus é ético, por medo de ser punido ou de que aconteça algo em uma próxima vida. Ou, dentro do budismo, tem a ideia de que precisam ser boazinhas por conta da Lei da Causalidade. Nada disso, para mim, funciona como o princípio de uma pessoa que vive de forma coerente para o bem individual, que é o coletivo. Se há um bem individual que nos beneficia, mas que prejudica o coletivo, estamos prejudicando a nós mesmos. Porque nós somos essa vida. Se não cuidarmos do meio ambiente, do ar, da terra, do solo, não estaremos cuidando da nossa própria vida, que é o nosso corpo e a vida da Terra. Se não cuidarmos da nossa maneira de ser, de pensar e de nos relacionar com as outras pessoas e com o mundo, não estaremos cuidando de nós mesmos. Porque não podemos nos separar de nós mesmos. Somos todo esse manifesto." Monja Coen