Luciana - @minhaestantemagica 12/07/2020
Liberdade...
É impressionante como machismo e homofobia são práticas recorrentes em qualquer lugar do mundo. Seja em São Paulo, em Miami ou no interior da França, onde nasceu Eddy. Através desse relato autobiográfico, conhecemos toda a angústia de um menino que lutou bravamente contra seus instintos para tentar se encaixar. Em uma cidade pobre, com moradores ignorantes e miseráveis, onde os homens bebiam demais, arrumavam brigas, batiam em suas mulheres e faziam questão de dizer que eram caras durões, o pequeno Eddy já era chamado de "veado" muito antes de entender sua própria sexualidade. Sofreu bullying e violência física na escola durante anos. E em casa não era muito diferente: seu pai fazia questão de atormentá-lo e se divertia com seu sofrimento, apesar de, em alguns momentos, demonstrar que o amava. É o retrato de uma família, na verdade de uma vila inteira, amargurada por não ter tido um destino diferente do que seus antepassados tiveram. É como se eles estivessem presos àquele lugar e condenados a viver uma vida em looping por várias gerações. Mas Eddy, com muito custo, conseguiu sair desse círculo vicioso e sua salvação foi o teatro. Mas até isso acontecer, se obrigou a jogar futebol, beber, tirar notas baixas e namorar meninas, mesmo tendo asco ao corpo feminino, para tentar frear os boatos sobre ele. Foi violentado e se violentou para tentar ser igual a todo mundo da cidade. A história toda é muito real e muito triste. Eu realmente não consigo entender porque as pessoas se preocupam tanto com a sexualidade alheia e torturam os indivíduos que se desviam da heteronormatividade. A vida pessoal de cada um só diz respeito à própria pessoa. Ninguém tem nada a ver com isso! Recomendo bastante a leitura desse livro para aqueles que adoram xingar, fazer piadinhas ou bater em pessoas LGBTQI+! Quem sabe, através da literatura, vocês se sensibilizem com o sofrimento profundo e desnecessário que vocês causam a outros seres humanos...