Lina DC 18/06/2018O livro é apresentado ao leitor sob três perspectivas diferentes: em terceira pessoa pela desmemoriada Alice; em primeira pessoa através de cartas para o seu terapeuta por Elisabeth, a irmã mais velha da protagonista e em primeira pessoa em forma de blog por Frannie, a avó das duas personagens.
Tudo começa quando Alice encontra-se estendida no chão em meio a uma aula na academia. Alice caí durante a execução de um exercício, fica inconsciente por um tempo e ao acordar, acredita que está com 29 anos novamente, grávida do primeiro filho. Mas a verdade, quando ela abre os olhos é que dez anos se passaram e ela está prestes a completar 40 anos. Alice tem certeza de que assim que falar com seu marido Nick ou com sua irmã mais velha, tudo será resolvido e ela irá descobrir que foi uma piada sem graça de um grupo de estranhos.
"Esse foi o dia em que Alice Mary Love foi à academia e, num descuido, perdeu uma década de vida."
Elizabeth começou o seu próprio negócio e ministra palestras sobre criação de campanhas de marketing. É casada com Ben, um gigante silencioso e ambos tem o sonho de se tornarem pais. Mas isso não aconteceu. Uma sucessão de fertilização in vitro, abortos espontâneos e olhares de pena a tornaram um pouco cínica e amarga. Como parte da sua terapia, o médico pediu que ela escreve um cartas para ele, falando do cotidiano, seus sentimentos e as pessoas de sua vida. E é o que ela começa a fazer e é quando o leitor percebe que Alice e Elizabeth, que eram irmãs inseparáveis, começaram a se distanciar.
"Na verdade, meio que foi bom ouvir Alice chorar. Foi verdadeiro. Faz muito, muito tempo que ela não precisa de mim e isso costumava ser uma parte bastante importante da minha identidade: ser a irmã mais velha que protegia Alice do mundo."
Quando Elizabeth vai até o hospital para verificar a irmã, é como se ela ficasse sem fôlego. Alice, a dona de casa que estava sempre ocupada, cuidando do corpo, das atividades das crianças e se inscrevendo em mil e uma atividades foi embora e em seu lugar está aquela Alice que sempre fazia brincadeiras, perguntava como Elisabeth estava se sentindo e não era tão cheia de frescura.
Alice não consegue compreender o que está acontecendo, muito menos quando seu marido Nick não aparece no hospital. É então que ela se dá conta que seu "futuro" não é nada como ela imaginou: ela tem três filhos (Madison, Tom e Olivia) e Nick e ela estão separados, prestes a se divorciar legalmente (e aparentemente eles se odeiam!). Mas como isso aconteceu? Ela e Nick se amam tanto! Conversam sobre o futuro, sobre o bebê em sua barriga, sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. O que será que aconteceu nesses últimos dez anos?
A terceira narradora é Frannie, que voluntariamente foi morar em um asilo de idosos, mas que está sempre causando confusões. Frannie conta constantemente sobre a vida de sua filha, netas e bisnetos e sobre um misterioso senhor X, com quem tem algumas discussões e momentos hilários.
A perda de memória de Alice acaba aproximando essas mulheres, assim como a mãe de Alice e Elisabeth, a Barb. E juntas, Alice começará a analisar suas escolhas da última década e a perceber que talvez, ter amnésia não seja a pior coisa do mundo, pois a pessoa que ela se tornou não é exatamente quem ela imaginava. Como que um amor tão intenso tornou-se ódio? Por que todos ao seu redor ficam estranhos quando o nome de uma mulher misteriosa surge? O que aconteceu em seu relacionamento com Madison, sua filha mais velha? E como Alice se tornou essa mulher quase que superficial, preocupada com a opinião de estranhos?
"Alice detestava a pessoa que tinha se tornado. A única parte boa eram as roupas."
"O que Alice esqueceu" é uma história sobre uma família repleta de mulheres fortes, que estão enfrentando diversos problemas em suas vidas e que estão tentando fazer o melhor possível para chegar ao dia seguinte. A autora discute inúmeros assuntos, como o luto, a infertilidade, adoção, divórcio, o casamento, filhos e a família.
"Estou com saudade do velho Nick e da velha Alice. Quando penso neles de pé naquela cozinha, colocando velas no bolo, tenho a impressão de que estou me lembrando de pessoas que conheci e se mudara para outro país, mas não mantiveram contato."
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