Bia 18/05/2020
Resenha - Graça E Fúria
Achei que fosse uma série, ou trilogia e nesse caso eu fiquei esperando igual uma boba o lançamento dos outros livros para assim começar a ler. Eu odeio esperar continuações, então costumo esperar a série já estar bem adiantada para começar a ler. Mas acabou que é apenas uma duologia, então assim que comprei o segundo livro eu comecei a ler o primeiro.
Nomi Tessaro é uma jovem rebelde, ela sabe ler quando não deveria já que é proibido ler no reino de Viridia. Mulheres precisão ser donas de casas bem casadas, que saibam costurar e cozinhar. Mas Nomi não gosta dessas leis, ela não quer se casar por obrigação. Ela apenas quer ler tranquilamente sem se importar se será pega.
Já Serina Tessaro, a irmã mais velha, a que segue as regras do reino a risca e cresceu sendo treinada para ser uma Graça. Uma Graça são moças candidatas a serem selecionadas para serem parceiras do Rei, ou de um futuro Rei – o Herdeiro. Elas têm como obrigação serem donzelas delicadas e pomposas, que saibam tocar algum instrumento, sejam portadoras de grande beleza e delicadeza, que saibam dançar e agradar, pois seu propósito principal é agradar e aceitar tudo o que o Rei lhes pedirem.
Quando Serina é escolhida para competir a ser uma das possíveis futuras Graças do Herdeiro, ela escolhe Nomi como sua aia, e assim ficarem juntas. Mas quando o Herdeiro Malachi escolhe uma de três Graças, ele acaba escolhendo Nomi ao invés de Serina. Assim Serina acaba se tornando a aia de sua irmã, e por um erro Serina acaba sendo pega com um livro na mão como se o estivesse lendo. Ela acaba sendo enviada para uma ilha isolada onde fica o Monte Ruína, uma prisão só para mulheres rebeldes. Um lugar onde a violência é a lei, onde as mulheres terão que lutar entre si para conseguirem sobreviver. Enquanto isso, Nomi tentará o impossível para salvar a sua irmã, e ainda terá de aguentar conviver com o príncipe.
Um livro com uma premissa muito legal, e com personagens bacanas. Uma leitura muito rápida e até gostosa. Mas eu esperava bem mais desse livro. Achei a política do livro muito fraca e mal trabalhada. O livro traz uma força feminina forte, cheio de mulheres guerreiras e com suas histórias, mas em certos momentos eu comecei a ver o livro de uma forma dramática, mas principalmente da parte de Nomi onde fiquei mais entediada. Achei que ela seria a personagem mais forte do livro por ser meio que uma rebelde que vai contra as leis do reino e é dona de si, não tem medo de enfrentar ou responder a autoridade, e nesse caso achei que a história dela seria mais interessante. Porém o mais interessante desse livro foi Serina.
Monte Ruína é um lugar bem agressivo onde as mulheres são obrigadas pelos guardas a terem uma espécie de luta como o MMA/UFC, elas são separadas em clãs, e cada clã vive em uma parte da ilha como se fossem selvagens, sem cama nem nada. Toda vez que um clã vence uma luta, eles recebem ração, e quando um clã perde, elas ficam sem ração e por causa disso são obrigados a caçarem na ilha ou morrerem de fome. É uma pessoa de cada clã que luta juntando elas no ringue, e só a apenas um vencedor e para vencer a pessoa precisa ser a única viva no ringue. Ou seja, elas são obrigadas a matarem.
Nomi é uma personagem forte e impulsiva, ela tem uma personalidade forte e é também uma pessoa que quer lutar pelo o que acredita, é leal aos seus sentimentos e vontades não se deixando intimidar, e quer ser livre e deixa sua opinião bem clara, mesmo sabendo que precisa tomar cuidado ou as coisas ficariam feias para ela. A partir do momento em que ela é escolhida como Graça eu achei que a história dela iria ser mais interessante, mas conforme o livro segue, eu comecei a perceber certo drama e muita impotência da parte dela. O romance também que segue do seu lado da história é muito fraco e bobinho, sem falar no tamanho da ingenuidade dela. Ela tenta lutar para saber da sua irmã, e então tentar recuperar ela, porém eu não a vi fazendo absolutamente nada... O que ela “fez” foi tão pouco e fraco que o livro inteiro ela ficou se perguntando sobre a irmã e alegando que a traria de volta, mas ela fez pouco para realmente colocar em ação tudo o que ela alegava e afirmava. Ela fala e fala, discute o que fazer, mas enquanto isso não faz nada. Eu achei que ela é muito: “cheia de fala, mas sem nenhuma ação”.
Serina é a perfeitinha, apesar de não ser mimada ou metida. Ela quer o melhor para sua família, e a possibilidade de ser escolhida como Graça traria mais conforto a sua família. Ela sempre seguiu a risca todas as regras do reino, e nunca desrespeitou a autoridade, sempre foi um exemplo de pessoa... Uma graça e cidadã perfeita. Porém quando ela é enviada para Monte Ruína, as coisas mudam. É muito legal vê a sua evolução, cada vez mais centrada e se dando conta de coisas que antes ela achava certas e agora ela vê o quão errada estava.
Malachi foi um personagem bem confuso para mim, pois em muitas vezes eu não sabia se gostava ou não dele. Havia momentos em que se portava como um vilão, ou parecia o mais próximo de um vilão onde você acabava suspeitando dele. E também havia momentos em que ele parecia bonzinho, só apenas perdido. Ele me lembrou muito o Maxon da série A Seleção, onde havia momentos em que o amava e outros em que o odiava.
Asa foi uma confusão também kkkkk. Eu não cai no romance dele com Nomi. Foi muito forçado e do nada, meio que vazio, sem nenhuma base boa... Totalmente sem química e sem lógica, totalmente nada a ver! Asa é um personagem muito sem graça, muito sem presença, muito pobre coitado kkkk. Gostei da reviravolta dele, não foi previsível para mim, mas eu já suspeitava de algo... Ele é muito estranho. Tanto Asa quanto Malachi foram personagem pouco trabalhados, pouco desenvolvidos. Como se a autora tivesse atirado eles pra cima da gente sem nenhuma explicação, ou melhor, sem muitas explicações.
Valentino (Val) é um personagem bem interessante, eu gostei bastante dele, e de todos os personagens desse livro, ele foi o que mais achei centrado e realístico. Eu to bem curiosa para ver como irá seguir sua história no segundo e último livro.
Adorei o foco do feminismo nesse livro. A força da mulher, sua luta e suas crenças em que todas devem se unir para jutas combater um inimigo em comum. É muito legal vê toda a trajetória da batalha delas, não só daquelas que estão lutando no ringue literalmente, mas também mulheres que são nominadas Graça, suas crenças e suas próprias vontades... Acompanhá-las presas a um rei ou um herdeiro, tendo que agradá-los sendo que no fundo elas podem querer ser alguém que jamais puderam ser por estarem onde estão, e pelo reino ter tantas regras que proíbe e limita tanto às mulheres de muitas coisas.
Eu queria que a política do livro tivesse sido bem mais trabalhada, bem mais desenvolvida. O que eu senti é que a autora apenas jogou informações sobre como as coisas funcionam, e não trabalhou detalhadamente em cima disso, ficando a meu ver algo muito escasso. É como se ela tivesse resumido tudo bem mastigadinho. Mas vamos ver como será o segundo livro, talvez ela trabalhe mais nisso no segundo volume.
É um livro muito bom, uma leitura muito fluida e envolvente, mas que pra mim faltou algo mais para ser melhor. Acho que uma construção melhor de Nomi e dos momentos dela no palácio que para mim foram as partes do livro mais chatas e cansativas e sem muito acontecimento. Tirando o final que foi muito interessante. Eu to ansiosa para o segundo volume, e com certeza será minha leitura para ainda esse ano.
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