filipetv 09/01/2024
"Parque Industrial", o primeiro romance proletário brasileiro, foi publicado em 1933 Mara Lobo, pseudônimo de Patrícia Galvão, a Pagu. Escrito quando a autora tinha apenas 21 anos, o livro reúne todas as características que os modernistas pregavam, principalmente a linguagem objetiva, quase como se fosse um roteiro de cinema indicando cortes de câmera; e a crítica social.
Especificamente sobre esse segundo aspecto, Pagu foca na precária condição do proletariado paulista do início do século 20 e dá especial atenção à condição da mulher, narrando sem floreios todo tipo de violência, física e psicológica, sofrida por suas personagens, com destaque especial para Corina, que questiona "Será que Santa Maria Madalena passou fome quando era p*ta?" Um questionamento que poderia encerrar em si mesmo todo o teor da obra.
O ponto fraco do livro é seu tom panfletário, ao ponto de uma criança receber o nome de Carlo Marx. Mesmo sendo essa a intenção da autora, seguramente a narrativa se sustentaria e transmitiria sua mensagem sem algumas passagens didáticas demais em relação à exploração do homem pelo capital.
Mas podemos colocar esse aspecto na conta da sua inexperiência como escritora e na efervescência das ideias de esquerda que se proliferavam nas décadas de 1920 e 1930 no Brasil, principalmente em São Paulo, que recebia levas e levas de imigrantes que traziam esses ideais.