Mariana Destacio 27/11/2020MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS"Dessa terra e desse estrume, nasceu essa flor."
Um personagem mimado que mostra uma falha de caráter desde criança, que acabou por ser incentivada e quando tentou ser refreada, já era tarde. Um orgulho apenas por ter nascido e ter posses. Nada do que possui foi construído por ele, apesar de ter recebido educação para tal. Educação escolar, mas nunca moral.
Todos os capítulos possuem uma maestria, e são recheados de reflexões. Como o que mostra o defunto viajando entre as eras, ou aquele em que ele faz uma reflexão por ter matado uma borboleta preta e chega a conclusão de que ele não a mataria se fosse azul. Quando ele nos diz: "Deus o livre leitor de ter uma idéia fixa". Ou ainda quando um pobre diabo salva sua vida, e Cubas pensa de início em retribuir-lhe com todas as suas riquezas, sendo generoso no momento com uma moeda de ouro, mas assim que passa o susto, ele pensa ter feito demais, e que o pobre homem não fez mais do que sua obrigação.
Assim vamos, acompanhamos sua morte, depois sua infância, sua adolescência, a vida adulta, até os ultimos dias. E de volta ao início.
Pra fechar, ganhamos um: "achei que estaria devendo, mas tenho saldo positivo, pois nunca tive filhos, nunca passei minha miséria pra ninguém". Esse fim me chocou e me agradou. Um pensamento ousado até para os dias de hoje, imagina na época?
Esse livro é um calhamaço, com a linguagem dos clássicos. Adoro essa escrita antiga (tipo ler "cousas" em vez de "coisas"). Pode ser cansativo pra quem não gosta, mas pra quem curte, tens aqui um prato cheio.