Ley 07/05/2020Não gostei da trilogia, mas me apaixonei pelo Spin offDance of Thieves é o primeiro livro de uma duologia e também é um spin off da trilogia As Crônicas e Ódio, publicado também pela DarksideBooks. A história de Dance of Thieves se passa anos após os acontecimentos da trilogia e seguem um rumo diferente, com personagens também diferentes. Na trilogia acompanhamos a história de uma princesa, e aqui acompanhamos a história de uma ex ladra e agora uma soldada chamada Kazi, enviada pela rainha de Venda, para verificar algumas ocorrências na Boca do Inferno.
O lugar não é considerado um reino, mesmo que se pareça com um. Ele é comandado por uma pessoa denominada Patrei, que recebe o título assim que ascende ao poder. O mais novo Patrei se chama Jase, tem apenas 19 anos e perdeu o pai recentemente. Uma pequena confusão acontece logo quando Kazi, e outras soldadas que estão com ela chegam ao lugar. Por conta desse breve desentendimento, Kazi e Jase são acidentalmente sequestrados por caçadores de mão de obra que estão à espreita da cidade.
É esse acaso que irá fazer com que Jase e Kazi se aproximem. Ambos tentam escapar e precisam trabalhar juntos para serem bem sucedidos. Mas há um pequeno detalhe. Eles não se suportam. As primeiras impressões que tiveram um do outro foram péssimas e o terrível sequestro também não ajudou na relação deles. Os personagens acabam trabalhando juntos para sobreviverem enquanto seus destinos estão comprometidos. Eles decidem que já que estão na pior, precisam tirar o melhor proveito da situação.
Dias de convivência aproximam os personagens, e eles estarem presos por uma corrente nos pés, faz com que essa convivência seja o mais próxima possível. O leitor começa a notar um romance brotar ali logo que os personagens dizem que vão "tirar o melhor proveito da situação". O romance é rápido, porém não falta desenvolvimento. Desde os primeiros momentos, notamos uma química incrível entre eles, e é claro que ficamos derretidos por essa possível relação. Mas claro que não vai ser assim tão fácil.
O objetivo deles é voltar para suas respectivas vidas, o que significa que ainda são de mundos diferentes. Conhecemos um pouco de cada um e ambos possuem traumas que precisam ser reparados. A responsável por me deixar ainda mais tocada, foi Kazi, por sua bravura. Ela não se adequa de modo algum como uma protagonista rasa. A evolução dela como personagem é ótima, e os motivos para ser quem é são totalmente plausíveis. Ela me impressionou e, junto com Jase, fiquei caidinha por ela. Kazi carrega profundas feridas da infância, mas mesmo assim continua uma personagem cheia de garra e formidável, talvez justamente por ter um passado tão sombrio.
O início do livro é bem descritivo, e me pareceu com a trilogia da autora, onde tinha muitas descrições e poucos diálogos. Dessa vez, a autora avança a história um pouco mais rápido e com maestria. Onde antes eu tinha receio de ler novamente obras da autora, esse medo foi totalmente extinto ao ler Dance of Thieves e me deparar com uma obra cheia de diálogos e uma evolução de acontecimentos fascinante. O romance bem escrito talvez seja um dos motivos para essa progressão acontecer. Ficamos tão inebriados por Jase e Kazi, que as páginas voam.
Há menções aos personagens da trilogia As Crônicas de Amor e Ódio, porém as mesmas são escassas. A duologia pode ser lida independente por ser uma história distinta. Contudo é bom ter cuidado com os spoilers. Os personagens acabam citando algumas acontecimentos dos livros passados mas sem entrar em detalhes. Se você não tiver a intenção de ler a trilogia, esses detalhes lhe serão irrelevantes.
No decorrer da trama, descobrimos que há bem mais a ser revelado quanto aos motivos de Kazi e outros soldados visitarem a Boca do Inferno. Assim como há mistérios que Jase esconde sobre sua cidade, e nem todos são bons. Esse contingente de segredos são a base de toda a história e a cada nova revelação, o livro toma um rumo mais sério.
Posso garantir que a história mexeu comigo e há grandes chances de amantes de fantasia e romance também ficarem viciados nela. Apesar de parecer pura enrolação para o romance acontecer, os personagens precisam focar em outros assuntos. Eles se veem mais como rivais que amantes, mas é maravilhoso acompanhar no que vai dar. Eu sempre aprecio um bom romance sem brigas bobas e dilemas toscos, então pude encontrar uma boa dose de tudo que gosto aqui.
A autora me surpreendeu mais uma vez ao concluir o livro com um final bem fechado e com ganchos para a continuação que me deixaram curiosa. Foram reviravoltas que acompanhei com o coração na mão e fiquei feliz com o resultado. Não posso esquecer de mencionar que até mesmo os personagens secundários são cativantes e ganharam meu afeto. Como sempre, Mary E Pearson constrói um universo com elementos únicos. Esse continua sendo o mesmo universo que conhecemos em sua trilogia anterior, mas as peculiaridades e costumes que aprendemos quando conhecemos a Boca do Inferno também são uma viagem que vale a pena conhecer.
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https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/02/resenha-dinastia-de-ladroes-dance-of.html