spoiler visualizarCamila.Julie 02/06/2024
Minha perspectiva
É irônico que o livro traz reflexões sobre perspectivas diferentes e, ao mesmo tempo, eu queira deixar a minha perspectiva por aqui. Vamos lá.
Achei a Merit egoísta durante 3/4 do livro. Para mim, a história realmente ficou interessante quando ela começou a enxergar as coisas de outra forma, com resquícios de humildade. É como se antes o mundo de todas as pessoas girasse em torno dela e como se todos dedicassem a vida a fazê-la se sentir inferior. Enquanto isso, cada um lidando individualmente com seus próprios demônios e ela nem fazendo ideia disso (porque, conscientemente, não quis).
Mas, parando para analisar, nós também somos egoístas a esse ponto. Alguns mais, outros menos, mas não deixamos de ser egoístas ao ponto de abrir mão de acreditar que as pessoas estão genuinamente preocupadas demais com a nossa vida e as nossas escolhas. E, no nosso julgamento, o olhar dos outros sempre está voltado para nós de maneira negativa.
Não gostei da forma como a autora introduziu o assunto depressão. A depressão é tão cheia de detalhes, ao mesmo tempo é tão complexa... Aí a gente atribui a depressão a uma adolescente rebelde que faz birra o livro todo. Ela não está imune à depressão, assim como ninguém está. Mas acho que faltou construir o assunto e interligar à personagem. Parece que tínhamos pontos soltos que precisavam desesperadamente se ligar.
Odiei Utah do começo ao fim. Um dia teríamos que seguir em frente com o ranço do que ele fez, mas acho que fomos forçados a seguir em frente cedo demais. A relação da Merit e da Honor foi desgastada por anos e o certo é que demore tempo para se reconstruir. O mesmo se dá com a relação da Merit com o pai. E a Victória. A sensação que tenho é que a autora precisava finalizar o livro com urgência, aí encaixou as peças o mais rápido possível.
É o melhor livro da Colleen? Com certeza não. Mas não deixa de ser uma história muito boa, que nos prende do começo ao fim.