larissasoares 21/05/2024
É um livro bom, mas não é tão bom como os outros da CoHo.
No decorrer das páginas vamos conhecendo a estória dessa personagem que se fecha em seu próprio mundo devido os conflitos em sua família. Colleen Hoover nos apresenta um daqueles típicos dramas numa casa em que convivem os pais separados e a esposa atual, os três filhos do primeiro casamento, além de filho de 4 anos, fruto da relação extraconjugal, enquanto a esposa estava fazendo tratamento para câncer. E mais ainda: a nova esposa era a ex-enfermeira que cuidava da doente.
Sob o ponto de vista de Merit, acompanhamos o desenrolar de todas essas tretas e a revolta por sua família sequer mencionar os segredos/problemas. A protagonista é daquelas pessoas que a gente percebe que há algo de errado, mas que não sabe lidar muito bem com as circunstâncias familiares à sua volta. E o pior: parece que ninguém enxerga o que está acontecendo com ela, cada vez que ela se afunda ainda mais em suas angústias.
Merit não é nem de perto uma personagem perfeita, e como estamos somente com a sua perspectiva fica difícil julgar a situação sem saber a opinião dos demais envolvidos. Cheguei inclusive a me irritar em diversos momentos com algumas atitudes da garota que julgava o tempo todo a atitude de todos, mas acaba cometendo tantos erros quanto eles. Mesmo sabendo as possíveis consequências de seus atos, e digo isso principalmente pelo fato dela tentar fingir sua irmã gêmea idêntica.
Mas ao mesmo tempo foi interessante ver a maneira como a autora desenvolveu uma personagem cheia de erros e que vai amadurecendo com as suas escolhas. Para isso ela precisa rever suas duras críticas, e até justificáveis, sobre aqueles com que ela divide os laços sanguíneos e o teto, com bases tão frágeis. Notamos que por mais cruéis que as coisas são, cada personagem tem os seus motivos e somente quando aos segredos são revelados as feridas podem finalmente começar a cicatrizar.
Acho que este foi o livro que conseguiu falar de forma cuidadosa sobre transtornos mentais: depressão, ansiedade e agorafobia. Ressalta a importância de se reconhecer os sinais, da força do diálogo, do perdão e principalmente a necessidade de se buscar ajuda, independente da idade. Por mais que o livro ao final traga um quentinho no coração e um sentimento de esperança algumas cenas podem servir de gatilho