Cari 30/03/2024
Impressionante!
Narrado por Ofrred, tendo a primeira pessoa como perspectiva, "O conto da Aia" retrata, através do gênero distópico, uma sociedade, a de Gilead, a qual organiza-se em uma sistema semelhante ao de castas, que tem as mulheres como grupo de maior vulnerabilidade, sendo desumanizadas e tiradas de sua consciência e criticismo, destituídas da condição de pessoas, vistas apenas como instrumento de cuidados voltados ao lar, as Marthas, subserviência aos maridos, as Esposas dos Comandnates e no caso das Aias, situação da protagonista e narradora personagem, de reprodução.
Construída a partir de um regime teocrático, baseado na distorcida ideia de moralidade e "bons constumes", Gilead em seu estabelecimento, se encarregou de assim, como na Segunda Guerra Mundial, a Inquisição e diversos outros momentos ao longo da história, queimar livros considerados uma ameaça ao sistema vigente, além de distanciar a população do contato com os últimos, a fim de que o conhecimento fosse restrito apenas aos membros do alto escalão do governo, o qual não se mostra algo palpável, mas um mito, uma lenda a ser temida. Ainda, é possível citar a determinação do uso de uniformes destinados a cada casta, similar ao holocausto alemão. Assim como destacam-se as chamadas cerimônias de Salvamento, nas quais aquelas que subvertissem as imposições comportamentais, enforcadas diante de todo o povo e em seguida, tinham seus cadáveres expostos como exemplo, como na Idade Média e as execuções em praça pública.
De modo geral, o enredo aborda as estratégias de manipulação utilização como mecanismo de imposição, associadas a grupos que despontam como resistências ao Estado, associado ao sentimento de impotência e angústia vivenciados por aqueles que forçados a separerem-se de sua família ou não viam perspectiva de mudança em meio a um cenário de tamanha opressão, a mulheres até mesmo o direito de existir é negado. Uma história que de fato refere-se muito mais ao presente do que trata de um possível futuro.