Abril despedaçado

Abril despedaçado Ismail Kadaré




Resenhas - Abril Despedaçado


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Maria Ferreira / @impressoesdemaria 27/05/2015

A poesia de um mês inacabado
O livro é composto por duas histórias que se entrecruzam. A primeira é sobre Gjorg Berisha, que segundo a tradição do Kanun, que é o código que rege as leis daquela região, tinha que vingar a morte de seu irmão, matando a pessoa que o tinha matado. E após isso, ele que seria morto por alguém da família da pessoa que ele matou. Após a morte, a família do matador tinha direito a pedir a bessa, que é uma trégua. Há a bessa pequena, de vinte quatro horas e há a bessa grande, de trinta dias.
Gjorg conseguiu a bessa de trinta dias e a partir de então começou a pensar em sua vida dividida em duas partes: a que ele tinha vivido até o momento com seus vinte e seis anos e os trinta dias de vida que lhe restavam, que começou no dia 17 de março e iria até 17 de abril.

"Com o canto do olho Gjorg mirou o fragmento de paisagem além da janela estreita. Lá fora corria março, meio risonho, meio gelado, com aquela perigosa luminosidade alpina que só esse mês possuía. Mais tarde viria abril, ou melhor, apenas sua primeira metade. Gjorg sentiu um vazio do lado esquerdo do peito. Abril desde já se revestia de uma dor azulada. A, sim, abril sempre lhe causara essa impressão, de um mês um tanto incompleto. Abril dos amores, como diziam as canções. O seu abril despedaçado..."

Após matar, a pessoa que matou tinha que pagar o tributo do sangue. Para fazer isso, Gjorg foi para a kullë de Orosh (kullë é o que seria para nós as casas). Andou por um dia inteiro para chegar e ficou surpreso ao saber que poderia ficar até dois dias esperando para pagar.

A outra parte da história é sobre um casal, Bessian Vorps e Diana, que vão passar a lua-de-mel no Rrafsh do Norte, local dominado pelas regras do Kanun. Viajam em uma carruagem com bancos forrados de veludo preto. Bessian é uma escritor e intelectual que sabe muito sobre o kanun e ao longo da viagem vai explicando para Diana tudo que ele julgava importante, como as normas de hospitalidade, o modo de funcionamento e explica principalmente sobre a figura do "amigo", que é um semideus dentro desse contexto do kanun.

Em um determinado momento, quando Gjorg está retornando para casa, o caminho dessas três personagens se cruzam e a partir de então, Diana e Gjorg nunca mais serão os mesmos. Diana com o fascínio de ter conhecido alguém marcado para morrer e Gjorg na busca de uma motivação para seguir seus dias sabendo que a morte se aproxima.

Este livro de Ismail Kadaré foi o meu primeiro contato com a literatura albanesa e me surpreendeu de um jeito positivo. O livro é repleto de notas de rodapé, o que auxilia no entedimento das muitas expressões albanesas que aparecem.


site: http://minhassimpressoes.blogspot.com.br/
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Aline 13/12/2013

Dureza, hein?
Sem dúvida, Ismail Kadaré é um ótimo escritor. Também devo reconhecer seu mérito pela pesquisa tão detalhada e pela riqueza do contexto.
O início e o fim do livro são realmente interessantes e marcantes, mas considerei o livro muito monótono. A leitura empaca na chatice do "o Kanun isso", "a vendeta aquilo", "o sangue de não sei quem" e blábláblá. Além disso, foi difícil aguentar o casal mais sem graça do mundo enfiado dentro de uma carruagem e conjecturando se beija, se pega na mão ou se avalia a tonalidade da tez.
Dureza, hein?
Eilex 20/05/2018minha estante
Concordo. Li inteiro. Foi extremamente maçante. Não gostei. Emprestei ele para um amigo e ele também não gostou.


Pri 16/01/2020minha estante
Concordo. Foi muito bem pesquisado, mas que livro chato!


Rebecca Karamazov 14/09/2020minha estante
Eu concordo tanto com sua resenha. Esse livro tinha um potencial muito maior do que foi desenvolvido.




Hudson 28/10/2013

Acho que é um grande livro e com grandes questionamentos, a história é conduzida de uma forma simples entretanto que chama bastante atenção de fato Kadaré é um um excelente escritor traz à lume, algo que ainda sim vive até hoje! a "constituição da morte".

De fato é um livro diferenciado que mostra valores diferenciados, ou seja, algo que é estranho a nós, mas que ainda sim fascina há aqui reflexões sobre a vida o destino as paixões que não temos enfim um séquito de emoções e questões que realmente fazem pensar e que estão bem posicionadas.

Difícil falar do livro pois a estrutura que o cerca é realmente única, e talvez se mantenha intacta até hoje assim, poucos sabem ou poucos se atrevem a ir até os "montes malditos"

O que se sabe é que o kanun ainda se encontra mais forte que nunca, ninguém na verdade sabe o porquê mas como diz o autor o kanun se estende até ao céu.(pag 27)

há aqui questões profundas e mitológicas, de um pedaço do mundo ao qual talvez sempre foi relegado e por isso mesmo, resolveu fazer as suas próprias regras, que talvez por isso durem até tempos imemoriáveis.

Será que há alguma memória antes? até aonde o hábito pode corroborar para isso, o que são os nossos valores, o que pensamos ser justiça, o que é a vida entre outras questões são abordadas neste pequeno livro.

Onde a vida muitas vezes se despedaça, não devemos olhar com preconceito e sim ficarmos orgulhosos de poder saber sobre isso, conhecer mais.

Entre fadas montanhas seres mitológicos, e muitas vezes uma vida que nem desabrocha, não germina ou não acontece, muitas coisas assim acontecem e que levam a isso acontecer!

Sem dúvida alguma mais do que recomendada a leitura.



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PriBalves 28/08/2009

Eu simplesmente devorei este livro! A história é muito interessante e pensar que as vendetas ainda existem na Albânia é algo assustador. Super recomendado.
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