Ana Júlia Coelho 20/04/2024Dorian é um jovem gentil e bom que posou para seu amigo Basil, a fim de ser retratado em uma obra de arte. Tudo muda quando ele é apresentado a Harry, um homem com pensamentos polêmicos acerca de tudo. Assim que a obra é finalizada, tamanha perfeição retratada faz com que Dorian deseje permanecer para sempre da forma com que foi pintado, e que as marcas do tempo afetassem apenas o Dorian do retrato. Esse pensamento foi totalmente influenciado por Harry, que exaltou ao máximo a beleza do jovem, criando ideias mirabolantes na cabeça dele.
Acompanhamos Gray se tornando cada vez menos gentil e se importando cada dia mais com sua própria beleza e adorando ser admirado pelas pessoas com quem interage. Óbvio que um partido rico e belo vai chamar a atenção de muitas mulheres, e uma delas também atrai a atenção de Gray. Mas as coisas não se desenvolvem do jeito esperado.
Eu imaginei Gray um homem bem mais velho, e me surpreendi ao descobrir que ele era bem jovem e influenciável. Eu esperava muita coisa sobrenatural e um super protagonismo do retrato, mas recebi um romance de novela mexicana com personagens extremamente emocionados. Precisei dar uma olhada em outras resenhas para ver por que essa obra é tão aclamada, já que não vi tamanha grandiosidade nessas páginas. Gray passa a ter atitudes escrotas depois de um certo momento do livro, mas ainda tô esperando o impacto disso tudo, tô esperando a monstruosidade que não vi no livro – óbvio que foi horrível o que ele fez, mas vemos tantos livros com boys lixo que fazem pior e a mocinha ainda fica com o cara. Só quero dizer que não foi algo extraordinário ou fora da curva para impactar tanto.
Harry foi um personagem que me deixou interessada na narrativa, visto que discorria sobre vários temas com opiniões de fazer torcer o nariz. Mas gostei da forma com que ele colocou Gray para refletir sobre muitos aspectos da vida, mesmo o protagonista indo por um caminho não tão agradável. O livro tem vários diálogos e debates interessantes, mas em alguns momentos a graça ficou sufocada pelo tanto de descrição e chatice – quase morri no capítulo 11. Nas resenhas, percebi que a intenção é gerar um grande debate sobre a importância da beleza e blablabla, mas até o tema central senti um pouco apagado. Talvez, para a época, a importância que Gray deu para a própria imagem fosse exagerada, mas é isso que vejo na sociedade desde sempre (ainda mais em tempos de redes sociais), então não foi algo super inovador parar e pensar “ei, as pessoas valorizam muito a própria imagem. Vou escrever uma crítica sobre isso”. O início é interessante, o final foi legal, porém não surpreendente, e o meio deixou a desejar. Gosto de coisas bem explicadas, bem preto no branco, e preferia que tivesse deixado claro como rolou a história do retrato.
Para mais resenhas, me siga no instagram @livrodebolsa