Thalita.Almeida 27/04/2024
Assim como Basil, Wilde colocou muito de si em sua obra.
Idolatrado pela própria beleza, Dorian Gray teve sua alma corrompida por ela e seus pecados marcaram seu rosto, mas não o físico que continuava jovem e belo, mas o rosto em seu retrato, cujo a cada dia ficava mais velho e demoníaco.
Sobre a narrativa, achei rasa. Dorian poderia ter sido melhor explorado, já que onde ia seduzia quem quer que seja pela sua beleza angelical e quase Divina, tímido e sem grandes ambições, mas viu sua alma se tornar transgressora a ponto de cometer os piores crimes.
Senti aqui a falta de um desenvolvimento gradativo e profundo, onde poderíamos acompanhar as minuciosas transformações de Dorian, até o clímax da narrativa. Não me senti muito envolvida pela trama, muito menos pelos personagens e havia certos capítulos que foram tediosos. Talvez eu não tenha entendido as questões levantadas, mas não vi aqui nada que realmente ficasse martelando na minha cabeça, como outras grandes obras me trouxeram.
Mas não é de todo ruim, acredito que esse livro seja uma grande obra avante ao seu tempo. Onde foi usada para apedrejar seu autor, um tanto ousado para seu século.
As transgressões de Dorian não foram nada menos que a tradução da aristocracia conservadora, mas hipócrita da época de Wilde. Por mostrar o que muitos consideravam lascivo e anti-moralista, Wilde foi condenado por homossexualismo, onde as acusações foram descabidas e sem nexo. Mas ele foi um bom mártir, defendeu sua ideia e não recuou diante de acusações tão injustas, usando sua obra para julgar sua vida pessoal.
Apesar de não ter me apaixonado por Dorian Gray e não me sentir muito atraída pela narrativa, as críticas (e as réplicas de Wilde) colocadas nessa edição trouxe um novo olhar para a obra e me trouxe até um sentimento de revolta diante delas. O que me fez gostar um pouco mais e admirar o trabalho de seu autor