Resenhas - Circe

Milena.Wanderley 16/02/2020

O enredo de Madeline Miller traz um novo e sensível olhar à famosa feiticeira. Sua história de vida é ricamente trabalhada para mostrar aos leitores como Circe ganhou essa fama perversa. Para isso, mergulhamos no universo da imortalidade e percorremos velozmente milhares de gerações... O que se configura na passagem de tempo literária mais longa e assustadora que eu já li (Amigos, ser imortal pode deixar vocês um pouco loucos).
Circe é uma das protagonistas mais fortes que eu já vi e estou profundamente apaixonada por ela. Convenhamos, morar isolada numa ilha durante centenas de anos, exige muita paciência e autoconfiança. Circe realmente se funde à ilha e a toma como seu pequeno reino, em que controla os animais e protege as plantas com a cautela de uma habilidosa bruxa. Uma passagem que eu amei (sem contar spoilers) é quando um deus vem "visitá-la" e pede que ela não fale, pois sua voz é muito "humana e, portanto, horríel aos ouvidos"; e Circe se enfurece (sem medo de ser castigada) e fala algo como "se você vem na minha ilha, você não vai ficar me dando ordens.". E eu lendo estava como? Vai Circe! #GirlPower!

site: http://eraumavezeoutras.blogspot.com/2019/09/resenha-circe-madeline-miller.html

JessYoshioka 02/09/2020

Um novo olhar sobre um mito
Com uma narrativa fluida, a obra reconta a história de Circe. A personagem adquire uma feição mais humana e simpática aos olhos do leitor, afastando a ideia estereotipada que existe sobre o ser feminino. Para aqueles que gostam de mitologia e buscam uma narrativa leve eu recomendo esse livro

tha_rbrandao 19/04/2024

?A resistência sempre foi minha virtude, então continuei.?
Circe não é apenas um reconto da famosa bruxa mitológica, mas é também um mergulho no cerne feminino. Pôde-se entender como uma revolução feminista: ?A mulher que reivindica a si mesma? ou uma narrativa de auto deferência - escolha como quer encarar.

Fato é que nossa heroína é uma mulher humilhada e, desde a nascença, obliterada por sua própria família de deuses e titãs. Encontra na magia, no esforço laborioso de cada dia, sua própria fonte de poder. Sua voz. Sua impavidez. E naqueles séculos em Eana, forja com suas mãos e força de vontade sua própria mitologia, construindo o imaginário da poderosa deusa que causa temor e fascínio em aparições como em Odisseia, de Homero.

A Circe que eu conheço é a grande feiticeira nas pinturas de John William Waterhouse, isolada em uma ilha que se dobra a sua vontade, e dela extrai tudo aquilo que deseja, transformando em poder. Uma mulher impetuosa, cruel, vivendo entre leões, lobos e leoas de estimação. Devorando homens transmutados à porcos devido a sua própria ganância e vaidade para com ela. Mas aqui vamos além do mito, pois encontramos a familiar natureza crua que nos constitui, como medo, rejeição, insegurança e ira.

A escrita em primeira pessoa é extremamente imersiva e poética mesmo em sua agilidade, expressando em palavras toda a magia que flutua e tinge os dedos de Circe. Gosto de textos como esse que exploram o ambiente com lirismo e reverência. É como se, enquanto leio, também pudesse inspirar esse ar carregado de encanto, enchendo meus pulmões.

Mas por, talvez, duas ou três vezes senti que a Madeline Miller se perde, e as palavras se tornam vagas, livres de coerência, se confundindo entre algo que está no passado, um possível futuro ou um presente verdadeiro. Isso, ou então eu simplesmente não estive atenta o suficiente nesses momentos - considerando que li tudo em média de 20 horas corridas posso ter sim me perdido no ritmo da narração, ao invés da própria autora.

O que mais me agradou também foi a nítida progressão de Circe através dos milênios, caminhando passo ante passo por arquétipos e explorando suas sombras: a conhecemos primeiro enquanto donzela, então, na descoberta de seu poder, se transforma em mística; Na sua isolada ilha floresce a caçadora, e em resposta à ingratidão dos homens, nasce a anima, e depois, na paixão, vem a amante, seguidas pela mãe, a soberana e por último a sábia, completando assim sua jornada de maneira perfeita, sem destoar em momento algum ao mostrar-se ingênua demais em sua infância ou soberba demais quando já trás consigo a experiência de mais de uma dúzia de vidas.

Em resumo, Circe é um livro que vale muito a pena, principalmente se você for mulher e/ou gostar de mitologia grega. Eu amei todo o tempo que estive imersa nessa história e com certeza se tornou um dos meus favoritos do ano.

Recomendação | Ouça: King - Florence + The Machine.

Erika Rufo 23/05/2020

Adorei!
Livro perfeito pra quem curte mitologia grega. É um pouco parado no começo, mas ligo a história engrena e não dá pra parar de ler.

bobbie 16/04/2023

Vale pelo peso do ponto de vista.
Quantas vezes você leu uma história em torno dos clássicos deuses gregos da antiguidade focada em uma deusa, uma mulher? Seus protagonistas são, se não sempre, quase sempre, corajosos, musculosos e heroicos homens? Aqui é diferente. O livro inteirinho é contato sob a ótica de Circe, bruxa filha do deus Hélio condenada por Zeus ao exílio em uma ilha. Uma ótica que privilegia a coragem e as transgressões da deusa, mulher, bruxa, amante e mãe, dente inúmeras outras alcunhas. Leitura inofensiva, que a mim não chegou a envolver (ele aqui assumo a culpa: sempre pegava pra ler tarde da noite, quando o sono já estava quase me vencendo).

sloth1 19/02/2023

Circe como mito sempre me fascinou, o livro exprime muito bem a leitura da história sobre uma figura feminina. Encanto, paixão, medo, tudo é sobre a bruxa.

Giu 24/11/2020

Circe, filha de Hélio e Perseis. Ninfa, sem poderes notáveis. A mais opaca entre seus irmãos, o motivo de piada para todos seus primos e primas que habitam o salão do Palácio de Oceano.

Seu primeiro amor por um mortal torna-se mais um motivo de vergonha para a família, porém traz à tona seu poder para a feitiçaria, que dividia com todos os irmãos. Mas, sendo a única que confessou descobrir seu poder por revolta e malícia, é mandada ao exílio na ilha de Eana, vivendo completamente isolada.

"Circe" aborda várias histórias em uma só. Usando a deusa como foco da narrativa, seus encontros com outros deuses e mortais a deixavam a par dos acontecimentos no mundo: a própria trajetória de Odisseu, como seria registrado por Homero, e todos as histórias que também se emaranhavam no conflito entre gregos e troianos. Para amantes e leigos em mitologia grega, os livros de Madeline Miller sempre serão um prato cheio.

Acompanhar o desenvolvimento de Circe desde uma jovem deusa, sua primeira paixão, seu primeiro coração partido, a maternidade e a busca pelo autoconhecimento é maravilhoso. A autora traz personagens cativantes e temas próximos ao séc. XXI sem perder a característica dos mitos originais.

Não dei 5 estrelas pois esperava um final com um clímax maior. Não conhecia os mitos sobre Circe, e muito do final de sua história se desenrolou somente nas últimas 40 páginas. Ainda assim, foi uma leitura ótima, assim como "A Canção de Aquiles", e sigo no aguardo de mais livros da autora.

voandocomlivros 27/01/2022

🦁"QUANTOS DE NÓS RECEBERIAM PERDÃO SE A VERDADE DE NOSSOS CORAÇÕES FOSSE CONHECIDA?"


Depois de me encantar com "A Canção de Aquiles", fui conferir "Circe" e meu deslumbramento com a escrita da Madeline Miller só aumentou.


A voz que nos guia nessa história é da própria Circe, mas a autora também passeia entre mitos e deslinda diversas figuras famosas da mitologia grega. Todas cerzidas em uma colcha bela e, ao mesmo tempo, lacrimosa. Dédalo e Ícaro, Medeia, Atena, Artemis, Hermes, Zeus, Minotauro, Cila, Odisseu, Telêmaco e Penélope são apenas algumas das personalidades que saltam aos olhos enquanto Circe pinta sua trajetória.


🦁"EM UMA VIDA SOLITÁRIA, HÁ RAROS MOMENTOS EM QUE OUTRA ALMA MERGULHA PERTO DA SUA, COMO ESTRELAS ROÇANDO A TERRA UMA VEZ POR ANO."


Filha do titã, Hélio, Circe surge a primeira vez na epopeia homérica, "Odisseia", onde é apresentada como uma ninfa fenticeira que transforma homens em porcos. Ao se aprofundar nas aventuras de Odisseu, é possível perceber que Circe é peça fundamental em sua jornada. Eu gosto muito de sua força e poder no clássico de Homero.


No livro de Madeline, conhecemos Circe desde sua infância, revivemos sua importância para Ulisses, de mil ardis, também conhecido como Odisseu, até sua vida madura.


🦁"CORAGEM NÃO É UMA QUESTÃO DE IDADE, MAS DE ESPÍRITOS BEM FORMADOS."


Quando li a "Ilíada" e a "Odisseia", peguei-me muitas vezes pensando em como os Deuses são erráticos. A cada página que lia de "Circe" esse sentimento se enraizava e deixava claro que a mortalidade é a principal e, até me arrisco em dizer que seja, a única diferença para com os humanos.



Eu adorei como a maternidade foi desconstruída nessa obra. Mesmo sendo uma deusa, os problemas e dores de Circe ao criar seu filho eram latentes, assim como o relacionamento complicado com seus familiares. A vida das mulheres não são nada fáceis, e nem sendo uma deusa é possível escapar de tamanha crueldade que os homens oferecem.


Apesar de encontrar uma Circe mais fraca e indecisa nesse livro, eu vibrei com várias de suas escolhas, principalmente a final.


E meu deleite maior foi me deparar com a ampliação da "Odisseia". Em "Circe", a história continua, confirmo e acompanho o estresse pós-guerra do Odisseu e ainda reencontro a minha personagem favorita das epopeias: Penélope. Como amo!🧡



site: https://www.voandocomlivros.com/post/circe-resenha

gabz 20/03/2023

tinha tudo pra ser bom, mas depois de algumas partes fica cansativo e chato.
pelo menos ela saiu da ilha e foi ser livre

Carol 02/08/2023

Me viciou e frustrou
Como boa apaixonada por mitologia grega que sou, fui fisgada logo nas primeiras páginas por este livro. Fluído como uma correnteza, o livro vai te levando a cada capítulo, despertando sentimentos de indignação, fascínio, pesar, e por aí vai. É uma delícia ver Circe se descobrindo, se rebelando, errando e acertando. Os paralelos traçados com situações que mulheres vivem no mundo real com as que Circe vive durante o livro são brilhantemente escritos. A maneira que a autora aborda até mesmo questões de feminismo é fantástica. No entanto, quando vemos Circe em seu auge, dominando completamente seus poderes, capaz até mesmo de desafiar e vencer deuses, a história dela sofre um declínio, fazendo-a até mesmo abdicar de sua imortalidade e viver uma vida ?pacata? ao lado de Telêmaco, até o fim de seus dias. Terminei o livro indignada com a maneira que a grande bruxa de Eana é reduzida e toda sua glória apagada. Um ótimo livro, porém, o final desaponta.

Emy 16/08/2023

Surpresa boa
O livro tem uma linguagem muito boa e personagens muito marcantes, amei como foram introduzidos vários paralelos e curiosidades, eu amei a Circe, amei ver o crescimento e evolução dela.

Jackie! 04/05/2022

O Feitiço Foi Lançado!!!
Madeline Miller me encantou mais uma vez com a sua escrita, sério, essa mulher faz magia com as palavras.
Apesar da narrativa as vezes parecer se arrastar um pouco, devido a persistência da Circe nos mesmos "erros", a história flui bem e é capaz de mante o leitor entretido.
Eu amei o desenvolvimento dela ao decorrer do livro, sua evolução, tanto pessoal como de poder, é incrível. Eu também gostei das referências a outras histórias de "heróis gregos" e toda a mitologia por trás dos deuses do olimpo.

"Humilhar mulheres parece ser um dos passatempos preferidos dos poetas. Como se não pudesse haver uma história se não rastejarmos e choramingarmos?.

A Circe sofre muito no decorrer das suas histórias e aventuras, mas fica mais forte com o passar de cada uma delas.

PS: vale ressaltar que o livro possue alguns gatilhos.

itsthamy 27/05/2020

Gostei desse livro por poder saber um pouco mais sobre Circe. No início o livro é um pouco parado, temos uma Circe sempre lamentando tudo que acontece com ela e com razão em alguns momentos e ao longo dos capítulos vamos vendo ela crescendo e percebendo todo o poder que ela achou que não tinha. Um bom livro pra quem gosta de mitologia.

Rah 29/11/2023

Amo mitologia, não conhecia nada sobre Circe, me apaixonei por sua história.
Me lembrou bastante no coração da bruxa, que por sinal tb amei.
Circe é filha de Hélio divindade do sol, é a filha mais velha de 3 irmãos. Circe é inocente no começo, ela não gosta dos Deuses, não gosta das artimanhas, não gosta de ser temida e tem uma certa afinidade por mortais, essa ?fraqueza? leva todos a sua volta a menospreza-la.
Quando ela se apaixona por um humano, faz de tudo para que ele pudesse ser um imortal igual a ela, e por acaso descobre que seus poderes vem da bruxaria, seus poderes e de seus irmão, porém ela foi a última a descobri-los. Zeus faz com ela seja exilada por causa desses poderes, e assim ela passa sua vida presa em uma ilha, onde ela tem leões, lobos, aperfeiçoa sua magia, só que é solitária.
Circe passou por muita coisa, tinha horas que ficava com muita dó dela kkk?mas a mulher é forte, passou por tudo oq tinha que passar e ainda achou alguém que a amasse.

Fabianne 13/06/2022

Por onde andavam as deusas?
Passei a minha vida lendo, assistindo filmes e escutando sobre as incríveis aventuras do universo mitológico, grego e romano, com seus deuses e filhos que herdaram deles os poderes e a beleza . Eles enfrentavam guerras, monstros e mares. Algumas vezes uma deusa aparecia para ajudar ou atrapalhar, e se fosse mortal tinha como único destaque, a beleza, e o papel feminino se resumia a isso.
Circe é uma semi-deusa que apaixona e comete um crime. Por esse crime ela é condena a viver sozinha em uma ilha. A família a abandona nessa ilha. Nunca ninguém vai vê-la ou visita-la por séculos. O mesmo acontece com a população feminina em condição de encarceramento. Enquanto homens recebem visitas com frequência, de esposas e familiares, muitas mulheres em condição de encarceramento passam a vida sem receber uma única visita. São condenadas pela sociedade e pela família. Este é apenas um ponto de reflexão do livro. Se for comentar cada um deles irei escrever outro livro.

Não sei se homens irão apreciar este livro como uma mulher. Eu simplesmente não consegui parar de ler. O livro fala de tantas coisas que enfrentamos, com uma sensibilidade única. A escritora usa a figura mitológica de Circe para desenvolver representação da figura feminina na mitologia. Então este livro é sobre nossas lutas, sobre maternidade, sobre abusos físicos e psicológicos, sobre solidão, sobre sororidade, e acima de tudo sobre vitorias. Maravilhoso, profundo, divertido e necessário.