Simone 25/01/2020
Uma verdadeira obra de arte!
Já faz algum tempo que não leio um livro tão bem escrito como esse, com uma trama muito bem delineada, personagens que grudam na pele, e poesia entremeada em um contexto. O autor é formado em fotografia, história do cinema e história da arte... E soube como ninguém contar uma belíssima história.
Trata-se de um mundo distópico, onde os livros são proibidos, e quem ousar tê-los, é punido severamente. Entre passado e presente o leitor é presenteado com um enredo excepcionalmente escrito, contado ora aos olhos de uma garotinha; ora aos olhos de um homem desdito. A primeira parte é narrada aos olhos de Alice (em Portugal), uma garotinha que ama histórias e que acaba por conhecer Santiago (seu novo vizinho), um homem misterioso e também amante de boas histórias e literatura. A segunda parte é contado aos olhos de Hilário (no Brasil), um homem que cometera um desatino e, por isso, ficara preso por vinte e cinco anos. A terceira e última parte volta a ser contada em Portugal (aos olhos de Alice), interligando todas as partes, mimoseando o leitor com uma narrativa de encher os olhos e o coração. Os personagens secundários são de suma importância, dando ao contexto ainda mais beleza e instigando o leitor. Abaixo segue alguns quotes:
"Nem sempre havia sido assim: a menina ouvira sobre uma época, remota e mágica, na qual era permitido ler histórias em livros – o que, sendo uma coisa boa, tinha agora o rosto de um mito." (Livro: O SILÊNCIO DOS LIVROS, de Fausto Luciano Panicacci)
"Quando de algo se tem pouco, agarra-se com afinco a esse pouco; mas quando esse pouco é menos que pouco, esvai-se e perde-se em pó." (Livro: O SILÊNCIO DOS LIVROS, de Fausto Luciano Panicacci)
"Enquanto o mundo decretava a morte dos livros, tentando silenciá-los, eles resistiam: longe do burburinho quotidiano, do barulho das cidades, das buzinas dos carros, do ruído dos aparelhos, do falatório vazio, o silêncio dos livros não era de morte, como se buscava impor-lhes, mas de música. O silêncio tinha sons, e os livros iam conclamando, em cochichos, à leitura, e celebrando, aos gritos, a vida. O silêncio dos livros cantava. O silêncio dos livros era a própria música." (Livro: O SILÊNCIO DOS LIVROS, de Fausto Luciano Panicacci)
"Pensou em monstros, lembrando-se que os monstros das histórias pelo menos tinham lá uma lógica, ainda que mera lógica de monstros; mas os humanos que estava a conhecer descortinavam uma falta de lógica que, não podendo ser tributada à sua monstruosidade, só podia advir de sua humanidade." (Livro: O SILÊNCIO DOS LIVROS, de Fausto Luciano Panicacci)
Pois bem, para um bom amante da literatura este é um prato cheio, com profundidade, poesia e magníficas mensagens. Eu fiquei presa ao contexto do início ao fim, sentindo os sabores e dissabores que a trama induziu-me. E olha que estou falando de um enredo permeado de narrativa, muitas vezes detalhada (algo que não sou muito fã), mas que com essa obra foi tão bem galgada que, em verdade, não fez diferença alguma para mim... Digo até mais, tornei-me fã do autor e sua exímia sensibilidade para se contar uma incrível história. Este livro tornou-se um dos meus favoritos, cheguei ao final com o coração apertado e, agora, estou numa baita ressaca literária. EU. MEGA. INDICO. o/ E não por menos, o avaliei no Skoob com cinco estrelas e, claro, o favoritei. P.S.: Vocês precisam conhecer essa obra.
A trama é narrada em terceira pessoa, com narrativa e diálogos rebuscados, porém compreensíveis; a diagramação está perfeita, no formato digital; e a capa estampa ninguém menos que Alice e Santiago, caminhando em plena Vila Nova de Gaia.
P.S.: Confira a resenha completa no link abaixo.
site: https://simonepesci.blogspot.com/2020/01/falando-em-o-silencio-dos-livros-de.html