Arla.Campos 11/03/2024
O brejo e Kya, Kya e o brejo.
Quando coloquei "Um lugar bem longe daqui" na minha lista de leitura tinha uma noção muito superficial do que me esperava. Esse gênero thriller/mistério é minha zona de conforto, ou pelo menos tem sido, mas Delia Owens me fez embarcar e navegar por águas desconhecidas com a história de Kya e o brejo, Kya e a solidão, Kya e todo o resto.
Owens traz um retrato riquíssimo do brejo, não como um simples cenário ou pano de fundo, mas como um personagem tão importante quanto a própria protagonista. Em seu isolamento na maior parte do tempo o brejo é tão protagonista quanto Kya, testemunha, direciona e promove todo o desenrolar da trama como qualquer outro personagem. Esse deve ser o ponto mais alto da obra, sem dúvidas.
Esse foi um livro mais lento. Acompanhamos o crescimento de uma figura enigmática e cheia de vida, acompanhamos o desenrolar dessa trama numa muito bem feita alternância entre passando e presente. Pouco a pouco as eles se encontram e se entrelaçam até o grande final. Mas, preciso avisar... Assim como seu desenvolvimento, o clímax do livro tanto se desenrola de maneira lenta, sem grande estardalhaço, sem grande euforia.
"Um lugar bem longe daqui" tem como ponto alto, ao meu ver, não necessariamente o que o gênero costuma oferecer (o suspense, a construção, o ritmo, a ansiedade), mas algo que flerta com outros gêneros literários. Vale a leitura, sem dúvidas. Mas sem grande expectativas de uma experiência arrebatadora. Não é uma leitura que te deixa vidrado, é mais delicada e degustada em pequenas doses. Entrega mais do que propõe, mas totalmente fora do que se espera.