Alexandre | @estantedoale 25/01/2023
UM BLOG DE PAPEL?
A leitura de “Especial” é divertida. Mas é um erro procurar o livro achando que ele será igual à série que você viu na Netflix. Ou procurar a série achando que será igual aos escritos de Ryan O’Connell.
A divertida biografia da vida comum de um millennial gay com paralisia cerebral: esta é a melhor descrição para este livro. O autor tem uma maneira ácida de falar dessas questões, contribuindo para o humor dos relatos.
Não é só risos. Quando narra sua vida, Ryan foge da linearidade biográfica. Ok, ele começa falando da infância, adolescência e independência dos pais e como eles contribuíram para quem é hoje. Mas consegue sair e voltar para esse eixo nos capítulos seguintes.
“Especial” é sobre sua deficiência, sexualidade, educação, trabalho, amizades, drogas e descobertas. É isso que divide o livro, não o tempo. Talvez, sem esses tópicos, fosse mais difícil para ele narrar ou para nós lermos.
Os capítulos são intitulados de uma forma que parecem ter saído de um blog – o que não surpreenderia, já que um dos diversos passos da carreira do autor foi o trabalho em plataformas assim. Porém, não são nada curtos. Para facilitar a leitura, temos a irreverência do texto e a diagramação espaçada já conhecida da Galera Record.
Há quem diga que o livro muda seu olhar sobre a série. De fato: essa leitura me pareceu muito mais aprofundada, apesar de entender que a proposta da produção inspirada é ser rápida, fluida e mais sarcástica do que cômica.
Ler “Especial” me fez ter um olhar diferente sobre a vida a adulta, as relações amorosas, amistosas e familiares e mostrou uma perspectiva sobre a vida que, muitas vezes, deixamos de lado: precisamos ser responsáveis por nós mesmos.
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